17/08/2018

Eles ainda comem tudo, no presente (parte 1)




António Fernandes 
Os saudosistas do passado no presente, não tendo vivido nenhum dos períodos críticos da História passada, presumem que tudo eram facilidades tal e qual como o foram para si num estádio em que os seus progenitores lhes quiseram proporcionar tudo aquilo que não tiveram. E por isso, dentro do possível, num contexto político favorável de crescimento económico e de inovação tecnológica que os libertou para um maior e melhor acompanhamento da sua família, foi possível aos progenitores protegeram e apoiaram em tudo aquilo que lhes foi possível, os seus descendentes, mas também, os seus ascendentes, de forma cuidada demonstrando estar à altura da vertiginosa mudança que se operou nos seus hábitos, usos e costumes, ajustando-se aos tempos. Tempos de maior exigência e de aprendizagem, para suprir o atraso geral, em que o escolar era o mais relevante por ser a base de suporte, relativo à Europa, e fazerem as mudanças estruturais de que no tempo o País necessitou para acompanhar essa mesma Europa. A Europa do Conhecimento; da expansão económica; do desenvolvimento tecnológico; da investigação científica; da liberdade, da democracia e da justiça social.
Para isso criaram as condições necessárias à formação intelectual e cultural dos seus descendentes de forma a os capacitar para uma realidade que desconheciam, mas que sabiam ser a melhor.
Tarefa para a qual sabiam não estar suficientemente preparados ao nível da literacia mas que, e por o saberem, a enfrentaram e levaram de vencida, num curto espaço de tempo em que deram um passo gigantesco abrindo as portas da sua História enquanto Nação, criando as condições politicas para que as mudanças em curso não tivessem atropelos e seguissem o seu caminho no sentido da inovação dos hábitos, usos e costumes das populações, desde o Litoral ao interior mais profundo, e a revolução cientifica e tecnológica ocorrida proporcionasse as condições técnicas e Humanas necessárias, ao ponto de hoje, o País, ser possuidor de uma geração de jovens altamente capacitados para o exercício profissional em qualquer domínio e, em qualquer parte do globo.
A geração de setenta foi uma geração de transição, mas também, transitória, que soube fazer face a uma mudança de paradigmas e de valores. E, acima de tudo, soube ser sensata.
Foi uma geração que cruzou experiências de guerra; de fome; de pobreza extrema e baixos rendimentos; de baixo tempo medio de vida; de taxa de mortalidade infantil elevada; de condições de vida e de salubridade primitivas; de iliteracia; de analfabetismo; de dependência exclusiva da terra e de uma agricultura de subsistência; entre outros, em contexto político de ditadura e de todas as consequências que uma ditadura alicerçada num regime nazi acarreta para a qualidade de vida dos povos e, de perseguição e tortura para com todos aqueles que se lhe opunham.
Com o alvorecer da democracia no Ocidente após a segunda grade guerra, meados dos anos quarenta, Portugal que tácita e politicamente foi aliado dos Alemães, manteve o regime de que só se libertou em meados dos anos setenta, mais concretamente em 1974, sendo o penúltimo País a implantar um sistema politico democrático, influenciando a Espanha de Francisco Franco que se lhe seguiria sendo o ultimo País da Europa Ocidental a libertar-se dos grilhões da ditadura de pessoas doentes porque a saúde mental não compreende como é que é possível haver Homens capazes de tão maltratar outros Homens.
Volvidos todos estes anos, constatamos que a geração de setenta, falhou rotundamente na tramitação do seu legado escondendo-o por debaixo da democracia, envolvendo-o numa áurea de facilitismos de que não dispôs, mas que, aparentemente, a geração seguinte absorveu e fez transição.
Por isso, o atual contexto, em que a esquerda avança por necessidade conjuntural de sobrevivência dos povos em liberdade, mas enfrenta a incompetência que gera incapacidade gritante nos atuais dirigentes políticos em saber gerir as atuais circunstancias com que as civilizações se confrontam, completamente despolitizados naquilo que é a essência da vida em comunidade; os requisitos e os valores; abre caminho politico ao retrocesso civilizacional como forma de equilíbrio social, convictos de que esse equilíbrio só é possível com regras de vida assentes em carências geradoras de submissão a que se seguirá, impreterivelmente, um sistema totalitário.