04/07/2018

TEMOS DE SER FELIZES ?




António Fernandes 
A Carta Internacional dos Direitos Humanos é conclusiva nesta ideia. A de que o Ser Humano tem o direito a ser feliz.
Uma linha demasiado linear em matéria com demasiados contornos de influência direta num mundo demasiado confuso como convém à diversidade que é um pilar estrutural da biodiversidade.
Porque uma carta de intenções é sempre uma carta de ideias genéricas sobre essências que contem em si a exclusiva essência da matriz para que foi formatada.
No caso, o da carta de intenções, a premissa é sempre a do direito. A conclusão é de que dificilmente esse direito está ao alcance de todos.
No plano filosófico há a teoria de que a felicidade plena é algo de inatingível.
Assim sendo, o ponto de partida de toda e qualquer espécie é o ato de nascer. E o seu ponto de chegada, no domínio das hipóteses, uma vez que não há certezas absolutas, será o ato de morrer.
Dentro deste enquadramento que se cinge a um único e exclusivo ato, a vida, o conceito associado em torno da felicidade tem patamares diversos: o acasalamento; o meio; a família; a realização pessoal; entre um leque diversificado de pontos de vista sobre aquilo que para cada um é, de facto, a felicidade.
Porque a felicidade não é um estado d’alma em permanência.
A felicidade resulta de fragmentos da vida que vão acontecendo em função de fatores em que o acaso é a sua pedra angular.
Não é algo que se consiga programar só porque se quer sabido que é o querer estar ao alcance, mas o acontecimento não. E… pode acontecer… que volvidos segundo sejamos atropelados em cima de um passeio e lá se foram todos os programas e projetos de felicidade. A não ser que nessa previsão o atropelamento e outros azares sejam tidos em linha de conta como fazendo parte, também, da felicidade.
Extirpando circunstâncias especificas teremos momentos de felicidade suprema em gestos simples como:
- Um abraço cúmplice; um beijo de paixão; um orgasmo conseguido; um ou mais filhos a quem a vida corre de feição, etc. Isto no domínio do acasalamento;
- Estar no local ideal para construir a vida, no que toca ao meio;
- Ter a família exemplar, no que concerne à família;
- Ser uma pessoa de sucesso, no domínio da realização pessoal;
Em suma; nascer rico e morrer em beleza!

No entanto, há neste texto, e neste título, uma afirmação que se confina a uma única realidade em que os valores incutidos são os das sociedades tidas por desenvolvidas e de consumo.
Se exercitarmos a mente deslocando-a para locais mais recônditos aonde a vida tem outros valores e outras referencias teremos uma outra perspetiva daquilo que é, para essas pessoas, a felicidade.

Porque, meus caros, a felicidade não existe.
A não ser que o padrão de exigência seja pura e simplesmente nulo.
Passem bem e sejam felizes, se o conseguirem.
Pensem nisso.