António Fernandes |
A
Carta Internacional dos Direitos Humanos é conclusiva nesta ideia. A de que o
Ser Humano tem o direito a ser feliz.
Uma
linha demasiado linear em matéria com demasiados contornos de influência direta
num mundo demasiado confuso como convém à diversidade que é um pilar estrutural
da biodiversidade.
Porque
uma carta de intenções é sempre uma carta de ideias genéricas sobre essências
que contem em si a exclusiva essência da matriz para que foi formatada.
No
caso, o da carta de intenções, a premissa é sempre a do direito. A conclusão é
de que dificilmente esse direito está ao alcance de todos.
No
plano filosófico há a teoria de que a felicidade plena é algo de inatingível.
Assim
sendo, o ponto de partida de toda e qualquer espécie é o ato de nascer. E o seu
ponto de chegada, no domínio das hipóteses, uma vez que não há certezas
absolutas, será o ato de morrer.
Dentro
deste enquadramento que se cinge a um único e exclusivo ato, a vida, o conceito
associado em torno da felicidade tem patamares diversos: o acasalamento; o
meio; a família; a realização pessoal; entre um leque diversificado de pontos
de vista sobre aquilo que para cada um é, de facto, a felicidade.
Porque
a felicidade não é um estado d’alma em permanência.
A
felicidade resulta de fragmentos da vida que vão acontecendo em função de
fatores em que o acaso é a sua pedra angular.
Não é
algo que se consiga programar só porque se quer sabido que é o querer estar ao
alcance, mas o acontecimento não. E… pode acontecer… que volvidos segundo
sejamos atropelados em cima de um passeio e lá se foram todos os programas e
projetos de felicidade. A não ser que nessa previsão o atropelamento e outros
azares sejam tidos em linha de conta como fazendo parte, também, da felicidade.
Extirpando
circunstâncias especificas teremos momentos de felicidade suprema em gestos
simples como:
- Um
abraço cúmplice; um beijo de paixão; um orgasmo conseguido; um ou mais filhos a
quem a vida corre de feição, etc. Isto no domínio do acasalamento;
-
Estar no local ideal para construir a vida, no que toca ao meio;
- Ter
a família exemplar, no que concerne à família;
- Ser
uma pessoa de sucesso, no domínio da realização pessoal;
Em
suma; nascer rico e morrer em beleza!
No
entanto, há neste texto, e neste título, uma afirmação que se confina a uma
única realidade em que os valores incutidos são os das sociedades tidas por
desenvolvidas e de consumo.
Se
exercitarmos a mente deslocando-a para locais mais recônditos aonde a vida tem
outros valores e outras referencias teremos uma outra perspetiva daquilo que é,
para essas pessoas, a felicidade.
Porque,
meus caros, a felicidade não existe.
A não
ser que o padrão de exigência seja pura e simplesmente nulo.
Passem
bem e sejam felizes, se o conseguirem.
Pensem
nisso.