presidente da CM Gaia - processo não chegou
a ir a julgamento.
O Presidente da CM Gaia considerou que algumas afirmações e comentários que fiz acerca da sua actuação e da CM Gaia constituíam dois crimes de publicidade e calúnia agravada e dois crimes de ofensa a organismo, ou pessoa colectiva.
O Ministério Público abriu
inquérito e entendeu que eu tinha cometido esses crimes e deduziu a acusação.
Eu não concordei e com os meus
advogados exerci o meu direito de requerer a abertura da instrução, cuja
finalidade é um juiz poder analisar os meus argumentos, bem como aquilo que o
MP defende na acusação e decidir se o processo deve ou não ser submetido a um julgamento.
O tribunal de instrução criminal
do Porto foi sensível à minha defesa e concordou que não tinha praticado os
crimes que me imputaram, tendo decidido que o processo não deveria continuar
tendo proferido despacho de não pronúncia.
Em conformidade, com os meus
advogados, voltei a manter o que já tinha dito em termos de defesa, e o
Tribunal da Relação do Porto, entendeu, igualmente, que o processo não deveria
ser levado a julgamento, uma vez que também achou que aquilo que disse não era
ofensivo e cabia dentro da esfera da liberdade de expressão.
A liberdade de expressão é um valor inalienável da democracia. Este
epílogo é uma boa noticia para quem perfilha a verdadeira liberdade de
expressão.
Informei, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa do
desfecho deste acontecimento, como garante do cumprimento da Constituição
Portuguesa –o direito à liberdade de expressão- .
Artigo 37.º
Liberdade de expressão e informação
1. Todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento
pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro meio, bem como o direito de
informar, de se informar e de ser informados, sem impedimentos nem
discriminações.
2. O exercício destes direitos não pode ser impedido ou limitado por
qualquer tipo ou forma de censura.
4. A todas as pessoas, singulares ou coletivas, é assegurado, em condições
de igualdade e eficácia, o direito de resposta e de retificação, bem como o
direito a indemnização pelos danos sofridos.
Um agradecimento à Paula Teixeira da Cruz, ex-Ministra da Justiça
que se prontificou a ser minha testemunha, assim como Paulo Morais,
ex-candidato a Presidente da República e das cidadãs Cláudia Bernardo e Alcina
Silva.
Lamento que tenha sido gasto dinheiro dos contribuintes em todo
este processo, poderia ser utilizado em algo mais importante e necessário.
Os autarcas beneficiam de apoio nos processos judiciais que tenham como causa o exercício das
respectivas funções.
Por
fim, estranho que toda a oposição em Gaia, desde o CDS, PSD, PCP e BE, não
tivessem tomado uma posição em defesa da liberdade de expressão em todo este
processo.
Joaquim Jorge
Biólogo, fundador do Clube dos Pensadores
Biólogo, fundador do Clube dos Pensadores
Processo em retrospectiva:
Enquanto cidadão e fundador do Clube dos Pensadores, fui convocado
para comparecer no dia 21 de Junho de 2016, no Tribunal de Gaia, na qualidade
de denunciado.
Fui alvo de uma denúncia crime por alegada difamação, apresentada
pelo presidente da CM VN Gaia, em virtude de um texto postado no blogue do
Clube dos Pensadores no dia 2/09/2015 ( http://clubedospensadores.blogspot.pt/2015/09/joaquim-jorge-perseguido-por-expressar.html ),outro no meu FB pessoal. (https://www.facebook.com/joaquim.jorge.CdP/posts/10207612857620115), e
outro ainda, postado no blogue clube dos Pensadores, no dia 4/11/2015 http://clubedospensadores.blogspot.pt/2015/11/liberdade-de-expressao-em-gaia.html.
Os factos aí referidos foram-me transmitidos por uma pessoa que,
até prova em contrário, reputo de idónea, credível e merecedora da minha
confiança.
O que me foi transmitido feriu a minha dignidade pessoal e
profissional e, foi nessas circunstâncias, de boa-fé e crente na veracidade
daquilo que me tinha sido transmitido que tomei a resolução de escrever os
textos em causa.
Fi-lo, em defesa da minha honra, bem como, no exercício de um
direito: preservar a minha liberdade de expressão.
Sem embargo de, há muito tempo haver indícios que o presidente da
CM Gaia tem dificuldades em conviver salutarmente com os seus críticos, não
esperava que tais escritos, tivessem merecido a sua atenção e preocupação.
Com o devido
respeito, por melhor opinião, entendo que o dever de um presidente de Câmara, é
resolver os problemas dos cidadãos do município que governa, não valorizando
minudências e querelas estéreis.
Sem ironia, esperava
que o presidente da CM Gaia, entendesse as críticas que lhe foram endereçadas,
como algo com o qual quem está no exercício de cargos públicos, tem de
conviver, as tivesse encarado como uma manifestação de liberdade de expressão,
e as escutasse sem ressentimentos.
Aquilo que sempre motivou o meu percurso de vida e
intervenção cívica, foi a defesa do livre pensamento, do debate de ideias, do
interesse público, mesmo à revelia das amarras instituídas pelos areópagos dos
aparelhos partidários, de que muitos necessitam para se alcandorarem a cargos e
honrarias efémeras.
Exemplo paradigmático do que afirmo,
radica no facto de ter sido fundador do Clube dos Pensadores. Fruto da minha intervenção cívica, no tempo do antecessor presidente da CM Gaia, Luís Filipe Menezes,
fui agraciado com uma medalha de mérito cívico pelo desempenho do Clube dos
Pensadores, nos 25 anos do Município de Gaia, pela acção de cidadania e livre
debates de ideias
Agora, quis crer que
por coincidência, o presidente da CM Gaia, entendeu galardoar-me com um processo-crime
por alegada difamação!
Porventura ao
contrário de outros, confio e respeito os Tribunais, e como não acredito no
delito de opinião, jamais os utilizarei como arma de arremesso político, com o
intuito de silenciar vozes incómodas.
Ao longo da minha
vida sempre pautei os meus actos de intervenção cívica pela frontalidade e
defesa dos ideais que pugno. Mas isso nunca me impediu de conviver, sadiamente,
com todos aqueles que têm outra visão da política, da cidadania e até da
liberdade.
Por isso, não posso
aceitar que, quem quer que seja, por maior respeito que me mereça, possa
querer, de alguma forma, cercear a liberdade de exprimir as minhas ideias e
convicções.