Valdemar F. Ribeiro |
É
com desilusão que assistimos aos responsáveis políticos de nossos países a não
facilitarem o seu desenvolvimento sustentado.
Os novos
países dos PALOP tiveram imensas dificuldades para chegarem ao século XXI e continuam
a ter entraves de vária ordem no seu desenvolvimento.
Em
2018, os PALOP precisam é de ajuda política que os ajudem a resolver suas dificuldades
políticas, sociais e ambientais neste mundo global muito desequilibrado.
Portugal tem beneficiado
desde a independência dos PALOP não só com a ida de empresários de sucesso que
viviam antes de 1975 nestes países e também com a ida de cidadãos dos PALOP
sejam eles quem forem, empresários, turistas, estudantes, técnicos, políticos,
etc., nestes anos pós independência e com os negócios na reconstrução
estrutural dos PALOP, principalmente Angola e Moçambique.
Não
foram os PALOP que se beneficiarem nestes anos pós independência pois os ganhos
financeiros com os projetos estruturantes nestes novos países foram e continuam
a ser de sentido único ou seja, em direção a Portugal apenas.
Quando
um cidadão ou uma Instituição privada ou pública destes países dos PALOP envia valores
financeiros lícitos ou ilícitos para Portugal, o maior beneficiado é Portugal e
seus cidadãos que vão beneficiar-se direta ou indiretamente destes valores ali
guardados.
Não
são poucos os cidadãos e Instituições dos PALOP que enviaram valores
financeiros ilícitos e lícitos para Portugal, valores esses no conjunto muito elevados.
Não estamos
a analisar aqui se os capitais e os negócios eram lícitos ou ilícitos, se os
empresários eram e são mais ou menos honestos mas em todos os países há pessoas
de diversa índole.
É
importante que o movimento de capitais seja licito mas compete aos países de
onde saiam os capitais a responsabilidade maior pelo seu controle.
No
mundo globalizado e canibalizado de hoje as manobras ilícitas no movimento dos
capitais são cada vez maiores e difíceis de controlar, gostemos ou não, pois a
moral no mundo atual navega por águas cada vez menos cristalinas.
Portugal
e seus cidadãos mais conscientes sabem que houve e há ainda muita
responsabilidade lusitana nos desequilíbrios das novas nações dos PALOP.
Os
países dos PALOP agradecem se Portugal, nação bem inserida hoje na Europa, puder
cada vez mais ajudar no seu desenvolvimento sustentado.
Portugal
colaborar seria ter mais coragem e dar exemplos de iniciativas que criem mais
incentivos ao desenvolvimento sustentado, não apenas crescimento económico, dos
PALOP.
Por
exemplo, hoje em dia e desde sempre, a maioria dos angolanos que vão para
Portugal regressam à origem, outros vão para estudar, outros para negócios,
outros para turismo, outros para visitarem suas famílias que moram e trabalham
em Portugal, etc..
Se houvesse
nestes anos passados e passar a ter neste tempo presente mais facilidade legal
para entrar em PORTUGAL, vistos facilitados ou eliminação da necessidade de
vistos, Portugal beneficiaria muito mais em todos os sentidos inclusive o
económico.
A Maior
parte dos cidadãos angolanos que vão a Portugal regressam a Angola e na grande
maioria são cidadãos de respeito.
É um
vexame e gera descontentamento, quando assistimos a milhares de cidadãos
angolanos, todos os dias, em frente aos consulados e embaixadas portuguesas a mendigarem um visto de turismo para entrarem em Portugal e poderem visitar suas
famílias ou fazer turismo ou estudar ou fazerem simples negócios.
Porquê
então Portugal pequenino mas corajoso, numa decisão unilateral , não avança
para a facilitação de vistos ou acaba com a necessidade de vistos, entre Angola
e Portugal, incentivando mais as relações culturais e económicas entre estas
duas nações irmãs?
Portugal
está à espera de quê para inovar diplomaticamente? Está à espera que seja Angola
a dar os primeiros passos?
Portugal
deve avançar neste sentido e com urgência pois de outro modo os mais
prejudicados continuam a ser os simples cidadãos angolanos, os cidadãos portugueses
ou de origem portuguesa que vivem em Angola e seus descendentes, as famílias
que vivem nestes dois países, a amizade entre estes dois povos que está a
deteriorar-se e a perder vez em prol de outros povos menos irmãos que buscam
Angola apenas para ganhos fáceis mas sem raízes profundas.
As
pessoas que não tem nenhuma relação com os PALOP não estão muito interessadas
no desenvolvimento mais profundo destas relações afetivas e económicas entre os
povos da CPLP.
Portugal
perdeu a vez na sociedade mundial quando em 1950 não soube liderar o movimento
em prol da independência das antigas colónias.
Se
tivesse liderado esse movimento certamente que muitas situações menos boas não
teriam acontecido e os PALOP teriam tempo para preparar convenientemente sua
independência e hoje haveria com certeza uma união mais forte na CPLP e esta organização
seria um exemplo equilibrado no mundo atual que tanto precisa de bons exemplos.
Não
foi por falta de alertas de alguns cidadãos lusitanos e africanos mas a falta
de visão dos políticos à época que rodeavam Salazar e beneficiavam do sistema, não
permitiu que Portugal tivesse construído talvez um Quinto Império , império da
cultura , da irmandade e da união política.
Queremos
que o Portugal político, neste 2018, assuma um papel mais sapiente e corajoso e
seja o primeiro a dar exemplos necessários e urgentes pois talvez assim Angola
e os PALOP possam estar interessados em se unirem mais a esta pequena grande
nação lusitana, à volta de uma fogueira de mil cânticos, ao pôr do sol
incandescente e nas noites africanas ao som dos batuques vibrados por mãos
calejadas e cânticos espiritualizados.