25/02/2018

Rio de Janeiro a ferro e fogo: a importância do voto





Mário Russo
O Rio de Janeiro continua lindo, diz uma canção muito famosa, e é verdade. Se não houvesse violência, seria o paraíso na Terra. Mas infelizmente não é assim. Mas esta violência no Rio ultrapassa tudo o que se possa imaginar. Quem comanda os destinos da cidade do Rio de Janeiro e cidades vizinhas é o crime organizado, que contrasta com o poder público podre e, literalmente, desorganizado no que toca às políticas públicas e sociais, porque estão apenas organizados para pilhar e saquear o erário público.
De facto, não só a cidade, como o Estado do Rio de Janeiro, têm sido governados por marginais organizados que assaltaram o poder para exaurir de forma cruel as finanças públicas, aproveitando-se da falta de escrúpulos de empresários corruptos apenas focados no seu lucro e que não tiveram pudor algum em comprar a maioria dos Governadores dos últimos 40 anos, designadamente os últimos titulares António Garotinho, Rosinha Garotinho e Sérgio Cabral.
Mas o problema começou muito antes destes governantes. Leonel Brizola, um gaúcho, foi Governador do Estado após a Ditadura Militar Brasileira, na época das “Diretas Já”. Homem de esquerda, comunista convicto, esperança de milhares de cariocas. No entanto foi um fracasso completo e até criminoso, ao fazer uma aliança com os líderes do crime organizado, pois estes perceberam que tinham poder e exerceram-no. Foi o início da morte do Rio de Janeiro. Os Governadores que se seguiram, não conseguiram livrar-se das amarras e da teia armada pelos interesses que entretanto minaram toda a administração a nível municipal e Estadual. Praticamente não se salva ninguém. De técnicos superiores do topo da hierarquia técnica aos políticos, deputados, governadores, secretários de estado, quase todos estão a contas com a Justiça.
A falta de segurança e controle político e governamental não tem paralelo.  Os hospitais estão sucateados, tal como a educação. A polícia está mais que sucateada e desmoralizada porque não tem meios para combater os bandidos, que governam a cidade e região, cobrando impostos a comerciantes, taxistas, empresas de transporte público, mototaxis, sem que a polícia faça seja o que for por manifesta falta de meios, expondo-se ao arsenal dos bandidos os policias são brutalmente assassinados na sua generosa missão.
Os bandidos saqueiam camiões de mercadorias e mantêm um comércio paralelo onde encontram comerciantes receptadores das mercadorias roubadas e abastecem as contas destes criminosos que se pavoneiam pela cidade com potentes fuzis nas barbas da impotente polícia. Matam sem dó nem piedade. Centenas de polícias foram assassinados nos últimos anos como se fosse uma guerra. Aliás, morre mais gente de forma violenta no Rio de Janiero que na Síria.
O caos atingiu o apogeu no Carnaval com saques, arrastões e mortes em pleno dia e em qualquer lugar, como se fossem forças regulares. Enquanto o caos tomava conta do Rio, o Governador e o Prefeito da cidade estavam de férias. A desordem atingiu tal grau que o Governo Central de Michel Temer, foi obrigado a decretar uma intervenção federal no Estado, passando toda a atividade governativa ligada à segurança a ser comandada pelo General Braga Netto, um militar com muita reputação e experiência política internacional, em embaixadas do Brasil na Polónia, Estados Unidos e Canadá. Braga Netto foi o responsável pela segurança dos Jogos Olímpicos de 2016, antes de ser nomeado para assumir o Comando Militar do Leste. Toda a cadeia de comando das forças de segurança do Estado do Rio de Janeiro passa a responder a Braga Netto, atual líder do Comando Militar do Leste (CML).
O interventor passa a controlar a Polícia Civil, a Polícia Militar, os bombeiros e administração penitenciária. O incrível é que diante do atestado de incompetência ao Governador e ao Prefeito, estes não tenham um pingo de brio e se tenham demitido, assim como o Presidente da Republica, também ele suspeito de corrupção e da grossa, não tenha sido exigente com o momento e demitido o seu correligionário sem vergonha. O mesmo se passou com o Prefeito, Marcelo Crivela, um homem da Igreja Universal Reino de Deus, que tem um plano de Poder para o Brasil, que engana toda a gente.
A intervenção tem aprovação da grande maioria dos Brasileiros, no entanto, há algumas organizações como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), mas sobretudo  organizações de esquerda ligadas ao PT e PCdo B, que refutam, porque preferem o caos para as suas estratégias políticas. A intervenção não vai resolver por si só o problema, dada a génese ser mais profunda, mas não era possível manter-se a situação de absoluto caos na segurança da cidade e do Estado sem fazer nada.
Sem paz não é possível implementar políticas sociais sérias que dificultem o crime organizado recrutar com facilidade jovens que se tornam tropas sem escrúpulos e assassinos frios e cruéis, porque foram abandonados e criados sem valores. O Estado falhado criou uma horda de marginalizados que geraram marginais.
Estes marginais ao verem a roubalheira perpetrada pelos políticos que os governam, sentem que o que fazem é gorjeta diante das centenas de milhões desviadas pelos políticos canalhas, sem escrúpulos e reinam livremente num território sem lei, ou melhor, em que a lei é ditada por essa marginalidade criada pelos políticos.
Mas afinal porque é que o Rio de Janeiro tem tantos políticos corruptos e marginais? Porque é que desde Brizola o cardápio de Governadores do Rio é um cartaz de horrores? Eles foram eleitos pelo povo do Rio de Janeiro (Estado) e não foi por golpes de estado que alcandoraram o poder.
A culpa do estado de sítio a que chegou o “maravilhoso Rio de Janeiro” é dos “cariocas” bons que os elegeram porque preferem ficar na praia a serem exigentes na política e, como dizia Platão,  “o castigo dos bons que não fazem política e não agem, é ser governados pelos Maus”.
Daí a importância do voto e a responsabilidade política de todos os cidadãos. Não podemos reclamar se ficarmos comodamente no sofá e permitir que outros tomem as decisões por nós.