Mário Russo |
De facto, não só a cidade, como o Estado do Rio de Janeiro,
têm sido governados por marginais organizados que assaltaram o poder para exaurir
de forma cruel as finanças públicas, aproveitando-se da falta de escrúpulos de
empresários corruptos apenas focados no seu lucro e que não tiveram pudor algum
em comprar a maioria dos Governadores dos últimos 40 anos, designadamente os
últimos titulares António Garotinho, Rosinha Garotinho e Sérgio Cabral.
Mas o problema começou muito antes destes governantes. Leonel
Brizola, um gaúcho, foi Governador do Estado após a Ditadura Militar Brasileira,
na época das “Diretas Já”. Homem de esquerda, comunista convicto, esperança de
milhares de cariocas. No entanto foi um fracasso completo e até criminoso, ao
fazer uma aliança com os líderes do crime organizado, pois estes perceberam que
tinham poder e exerceram-no. Foi o início da morte do Rio de Janeiro. Os
Governadores que se seguiram, não conseguiram livrar-se das amarras e da teia
armada pelos interesses que entretanto minaram toda a administração a nível
municipal e Estadual. Praticamente não se salva ninguém. De técnicos superiores
do topo da hierarquia técnica aos políticos, deputados, governadores,
secretários de estado, quase todos estão a contas com a Justiça.
A falta de segurança e controle político e governamental não
tem paralelo. Os hospitais estão
sucateados, tal como a educação. A polícia está mais que sucateada e desmoralizada
porque não tem meios para combater os bandidos, que governam a cidade e região,
cobrando impostos a comerciantes, taxistas, empresas de transporte público,
mototaxis, sem que a polícia faça seja o que for por manifesta falta de meios,
expondo-se ao arsenal dos bandidos os policias são brutalmente assassinados na
sua generosa missão.
Os bandidos saqueiam camiões de mercadorias e mantêm um
comércio paralelo onde encontram comerciantes receptadores das mercadorias
roubadas e abastecem as contas destes criminosos que se pavoneiam pela cidade
com potentes fuzis nas barbas da impotente polícia. Matam sem dó nem piedade.
Centenas de polícias foram assassinados nos últimos anos como se fosse uma
guerra. Aliás, morre mais gente de forma violenta no Rio de Janiero que na
Síria.
O caos atingiu o apogeu no Carnaval com saques, arrastões e
mortes em pleno dia e em qualquer lugar, como se fossem forças regulares.
Enquanto o caos tomava conta do Rio, o Governador e o Prefeito da cidade
estavam de férias. A desordem atingiu tal grau que o Governo Central de Michel
Temer, foi obrigado a decretar uma intervenção federal no Estado, passando toda
a atividade governativa ligada à segurança a ser comandada pelo General Braga
Netto, um militar com muita reputação e experiência política internacional, em
embaixadas do Brasil na Polónia, Estados Unidos e Canadá. Braga Netto foi o
responsável pela segurança dos Jogos Olímpicos de 2016, antes de ser nomeado
para assumir o Comando Militar do Leste. Toda a cadeia de comando das forças de
segurança do Estado do Rio de Janeiro passa a responder a Braga Netto, atual
líder do Comando Militar do Leste (CML).
O interventor passa a controlar a Polícia Civil, a Polícia
Militar, os bombeiros e administração penitenciária. O incrível é que diante do
atestado de incompetência ao Governador e ao Prefeito, estes não tenham um
pingo de brio e se tenham demitido, assim como o Presidente da Republica, também
ele suspeito de corrupção e da grossa, não tenha sido exigente com o momento e demitido
o seu correligionário sem vergonha. O mesmo se passou com o Prefeito, Marcelo
Crivela, um homem da Igreja Universal Reino de Deus, que tem um plano de Poder
para o Brasil, que engana toda a gente.
A intervenção tem aprovação da grande maioria dos
Brasileiros, no entanto, há algumas organizações como a OAB (Ordem dos
Advogados do Brasil), mas sobretudo
organizações de esquerda ligadas ao PT e PCdo B, que refutam, porque
preferem o caos para as suas estratégias políticas. A intervenção não vai
resolver por si só o problema, dada a génese ser mais profunda, mas não era
possível manter-se a situação de absoluto caos na segurança da cidade e do
Estado sem fazer nada.
Sem paz não é possível implementar políticas sociais sérias que
dificultem o crime organizado recrutar com facilidade jovens que se tornam
tropas sem escrúpulos e assassinos frios e cruéis, porque foram abandonados e
criados sem valores. O Estado falhado criou uma horda de marginalizados que geraram
marginais.
Estes marginais ao verem a roubalheira perpetrada pelos
políticos que os governam, sentem que o que fazem é gorjeta diante das centenas
de milhões desviadas pelos políticos canalhas, sem escrúpulos e reinam
livremente num território sem lei, ou melhor, em que a lei é ditada por essa
marginalidade criada pelos políticos.
Mas afinal porque é que o Rio de Janeiro tem tantos
políticos corruptos e marginais? Porque é que desde Brizola o cardápio de
Governadores do Rio é um cartaz de horrores? Eles foram eleitos pelo povo do
Rio de Janeiro (Estado) e não foi por golpes de estado que alcandoraram o poder.
A culpa do estado de sítio a que chegou o “maravilhoso Rio
de Janeiro” é dos “cariocas” bons que os elegeram porque preferem ficar na
praia a serem exigentes na política e, como dizia Platão, “o castigo dos bons que não fazem política e
não agem, é ser governados pelos Maus”.
Daí a importância do voto e a responsabilidade política de
todos os cidadãos. Não podemos reclamar se ficarmos comodamente no sofá e
permitir que outros tomem as decisões por nós.