Dinis Santos* |
dar subsídios públicos para espetáculos sem público, outra coisa é aplicar
dinheiro em projetos rentáveis.
Em primeiro, é necessário distinguir os diferentes ministérios agregados ao alto governo e mais tarde, entende-los como estruturas singulares que carecem de abordagens específicas e minuciosas. Não podemos partir de uma ética de investimento, onde a injeção de capital só é apanágio quando o retorno é claro e, seguidamente, perfilha-lo aos vários departamentos que cumprem um Estado. Acompanho a reformulação de estratégias económicas independentes e específicas a cada departamento,não na aplicação de propostas ubíquas e estáticas.
Outro ponto infeliz da curta intervenção de Rui Rio, foi afirmar-se à esfera artística, aquele grande bloco que chefia o desenvolvimento cultural e educacional da sociedade, com a palavra rentável como pano de fundo.Não acredito que o trilho para potencializar estas áreas, passe por colocar
os “bens vitais” de um corpo social saudável na balança financeira que determina o que é rentável ou não rentável. Não obstante, o valor económico do país não espelha uma sociedade livre e culta, como
desenvolve Pierre Bourdieu, sociólogo de relevo, nas reflexões sobre o peso da cultura.
Leva-me a crer, que a preocupação do novo líder dos sociais democratas, passe por acreditar que o investimento de capital na arte, seja considerado fundo perdido. Concordo. Em largas vezes, o retorno não tem como saldo positivo. Mas, o alicerce da injeção de dinheiro nesse meio, prospera nas áreas que mais edifica o caracter de uma civilização culta e desenvolvida.
Uma politica que faz por cumprir os ditames de uma sociedade instruída, nos dias de hoje não se pode privar unicamente da análise do bom ou mau investimento. O pulsar de uma sociedade cumprida não se alcança com áreas artísticas mirradas. E urge cada vez mais assegurar condições e
motivações para as várias manifestações artísticas de que uma sociedade rica define.
*Bailarino, professor de dança