20/12/2017

"Por ridículo que possa parecer, eu escrevo para mudar o mundo!"




Joaquim Murale 
Depois de assistirmos à catástrofe nacional que foram os incêndios deste Verão, as notícias que os “media” permanentemente nos trazem, como são agora os casos da Associação “Raríssimas” e das adopções ilegais por parte da IURD-Igreja Universal do Reino de Deus, ainda deveriam surpreender-nos?

As expectativas de um povo perante um Estado que lhe suga impostos até ao tutano são mais do que legítimas. Mas, apesar dessa legitimidade intrínseca, que verdadeiras expectativas pode um povo ancorar num Estado que, tal como a nossa História de nove séculos o demonstra, foi concebido e montado em função dos interesses das classes dirigentes? Verdadeiramente, o Estado que conhecemos existe para facilitar a corrupção entre os poderosos e as suas clientelas e reprimir e extorquir o povo. Como poderia servi-lo?

Choca-nos saber que as muitas denúncias sobre a gestão danosa de dinheiros públicos por parte de responsáveis da Associação “Raríssimas”, feitas a diversas instituições do Estado português, caíram em “saco roto” e que só se tornaram objecto de investigação oficial depois de terem sido divulgadas por órgãos de comunicação social.

Choca-nos saber que os tribunais portugueses não agiram em favor das mães que perderam os seus filhos nos processos de adopção forjados pela IURD, nos quais, segundo a investigação televisiva que denunciou o caso, as crianças foram liminarmente roubadas às suas mães, todas elas mulheres pobres e desprotegidas.

E continuaremos a chocar-nos com os contornos destas e de outras situações sempre que os fracos são expostos ao desígnio dos poderosos. Os Estados são aparelhos através dos quais uma classe exerce o seu poder sobre outras. Por isso, e apesar da actual coligação de forças no parlamento português proporcionar um período de aparente bonomia, o Estado que conhecemos continuará a falhar, por omissão ou demora. O Estado social que desejamos, prestador de justiça, de protecção e de cuidados para todos, nunca existirá, independentemente das boas intenções e da competência de muitos que trabalham na sua estrutura.

Assim, aqueles que ainda acreditam que o Estado pode ser outra coisa, melhor, do que aquilo que tem sido ao longo da nossa História, estão condenados a sofrer mais desenganos. A solução? Mudar este tipo de mundo! Matar o capitalismo, gerador de injustiças! Lutar por um mundo humano, que privilegie o "ser" ao "ter", onde todos sejamos iguais face às oportunidades da vida!