“Querido Pai Natal,
Eu
vou aproveitar esta época natalícia para pedir-te várias presentes para o meu
querido país.
Portugal
é um país adorável que tem tudo que uma pessoa pode desejar: gente bonita, boa
comida, muito Sol, mar, paisagens magníficas, as quatro estações do ano, entre
outras coisas. Mas, infelizmente "não há bela sem senão" - é muito
mal habitado: muitos corruptos e gente mal-educada.
Basta
ver os casos de corrupção na política portuguesa e quem exerce cargos públicos
que são de pôr os cabelos em pé a qualquer português minimamente informado e
preocupado com o que se passa à sua volta.
Há
um certo espírito português que barafusta
e vocifera por mudança, mas infelizmente está sempre demasiado ocupado com a
sua vida e, entende, os casos de corrupção na política portuguesa como uma
fatalidade. E, chega ao ponto de naturalizar a corrupção.
A vida
política portuguesa precisa de ter sentido e valores. A nossa democracia está
doente e precisa de uma sociedade civil, atenta, interventiva e informada.
Os
cidadãos mais parecem nem-nem (nem querem saber nem lutam). Einstein dizia:
" o esforço desperta responsabilidade e é a maior contribuição para todos
nós".
A falta de
educação dos portugueses é gritante, assim como, a falta de civismo e de bons
modos. A maioria dos portugueses precisa de um livro de instruções como se deve
comportar em sociedade e perante os outros. Julgam que só tem direitos e
esquecem as obrigações.
Pai Natal peço-te
o seguinte:
A nível de Estado
- Mudes o
funcionamento da nossa democracia.
- Mandes
fazer uma auditoria à nossa democracia: era importante os portugueses saberem
quanto custa a nossa democracia.
- A
justiça seja igual para todos, célere e consequente.
- Emagreças
brutalmente a classe política, acabes com mordomias, pensões vitalícias e, um
Estado gastador e gordo.
A nível de Partidos
- Separes
os partidos do Governo.
- Os
partidos parecem sociedades anónimas (S.A.) que têm um Conselho de
Administração que está sediado em Lisboa que é a direcção do partido e depois
as diversas filiais nas capitais de distrito (distritais), que por sua vez têm
as sucursais e as sub-sucursais (concelhias e secções). Os partidos não podem
ser uma agência de empregos. Acaba com isto.
A nível de Sistema Político
- É preciso uma nova política para o séc. XXI
demarcando-se dos vícios da velha política.
- É
preciso políticas baratas. Actualmente a política fica muito cara ao erário
público e aos portugueses: campanhas eleitorais e financiamento partidário.
A nível de Educação
-
A educação tem que se ensinar em casa e nos bancos da escola. A escola não se
pode substituir aos pais.
-
Explica aos portugueses que ter dinheiro não é tudo na vida, é importante ter
princípios e saber estar. Estou cansado de novos-ricos.
- Explica que ter instrução é diferente de
educação. Estou cansado de novos-ricos intelectuais (doutores).
-
Explica aos pais que nem todos os filhos têm que ter uma licenciatura para
serem felizes e singrarem na vida. O que é necessário é terem uma profissão, seja
ela qual for, que seja reconhecida socialmente.
-
É tão importante ser técnico da construção civil, ou técnico de saúde, como
técnico de jardinagem ou técnico de ensino.
-
Chama à atenção dos portugueses para serem menos invejosos, ressentidos e
queixinhas.
-
Chama à atenção dos portugueses que procurem fazer mais e falar menos. Estão
sempre à espera que alguém faça por eles.
Pai Natal,
este ano, só te peço isto, acho que não é pouco e, não sei, se consegues
satisfazer os meus desejos. Eu apesar da minha idade, ainda, quero acreditar no
Pai Natal.
Portugal
precisa de uma revolução pacífica de ideias e de mentalidades, com uma opinião
pública atenta, interventiva e inteligente. Isso, infelizmente não se faz de um
dia para o outro.
Os
portugueses deixaram de acreditar e acham que não chega substituir uns
dirigentes por outros.
É preciso
alterar o sistema político que deixou de funcionar. O sistema político gera
défices de todo o tipo e bloqueios sectários.
Pai Natal
gostava que dissesses de uma maneira consciente aos políticos: o país precisa
de se reiniciar como se faz num computador.
Por fim,
Pai Natal gostava que dissesses aos portugueses que sejam mais educados e
respeitem os outros. E, a nossa liberdade acaba quando interfere com as outras
pessoas. Que os portugueses liguem mais ao ser do que ao ter.
Obrigado
Pai Natal e até para o ano,
Joaquim Jorge"