António Fernandes |
Não
pretende esta nota de opinião justificar o terrorismo como comportamento
adequado nem tão pouco anuir com a componente da sua diabolização como se não
houvessem responsabilidade moral e factual consequentes a tratamento inadequado
às necessidades presentes de um segmento social especifico de pendor juvenil que
deve preocupar.
Desde
logo porque o terrorismo tem facetas contraditórias embora por terrorismo esteja
institucionalizado o principio de que só o é quando alguém atenta contra a
segurança desse Estado:
-
Ser executado pelo poder instalado na hierarquia da organização do modelo do
Estado contra os cidadãos que se lhe oponham, como por exemplo: através do poder
legislativo persecutório; policial; censório; e muitas outras formas que o poder
central tem de impor por via não democrática as suas pretensões quando não usa
de forma enviesada a própria democracia para o fazer.
-
Ser executado por cidadãos contra o modelo e os resultados políticos da
organização social do Estado de que fazem parte, como por exemplo: um Estado
aonde a miséria generalizada prolifera é, com certeza, um Estado fértil na
formatação de padrões de educação social de pessoas para atos de desespero de
causa como o são a inexistência de condições essenciais à vida: emprego;
habitação condigna; cuidados de saúde básicos; educação, condições de
salubridade pública e de higiene; entre outros fatores que influem diretamente
nas condições de estabilidade emocional da vida do cidadão
comum.
O
contrário é tido por prepotência do poder executivo num Estado de direito e
democrático e por ditadura nos Países aonde o exercício do poder não resulta de
sufrágio eleitoral independentemente do processo eleitoral instalado.
No
atual estádio histórico da organização politica e social no mundo assistimos a
uma conjugação de fatores que motivam o descontentamento social cujo suporte
estrutural é a instabilidade generalizada em que se vive.
A
instabilidade tem sido desde sempre uma condicionante da própria vida embora
dessa própria circunstancia resulte fator de expectativa de que não sabemos como
lidaríamos individualmente projetando essa componente para o expecto
social.
Sendo
a instabilidade motivada em grande medida pelo desconhecido ela é propulsor do
motivo que gera a curiosidade em busca desse desconhecido de aonde se extrapolam
ilações porque só se pode concluir sobre aquilo que se conhece.
E
mesmo assim subsistem duvidas sobre se haveria estabilidade na diversidade
comportamental da vida perante factos. Mesmo naquilo que concerne ao
comportamento Humano padronizado uma vez que a variável comportamental é
indefinida. Quando muito pode ser suposta em face de alinhamentos educativos
transversais. Mas mesmo assim a subjetividade da métrica sobrepõe-se à
objetividade do facto. Variando essa objetividade consoante o facto esteja
consumado, em execução ou em planeamento e de indivíduo para indivíduo porque
não há dois indivíduos iguais. Quando muito haverá semelhanças em função dos
padrões educativos resultantes da transição entre gerações e da necessidade
funcional no tempo.
Ora,
o medo tem na condição existencial um papel relevante para o equilíbrio dessa
condição.
O
medo tem sido o principal fator de domínio e de controlo civilizacional
determinante na influencia sobre a organização social em que há os que servem e
os que são servidos mas que se esbate consoante o desenvolvimento do
discernimento mental vai evoluindo e se vai generalizando a todo o tecido
social.
A
vida tem vindo a alterar a sua relação com o medo colocando em causa a pirâmide
da organização social na qual há quem considere ser a reposição do medo uma
condição impreterível para manter o equilíbrio social vigente de forma a impedir
a diluição das atuais elites que forma as que as castas sociais distintas
desapareçam dando lugar a uma nova organização cívica em moldes políticos
diferentes.
Esta
forma desapaixonada de abordar em perspetiva o medo que é o pilar central do
equilíbrio mental individual e coletivo permite abordar o terror como
consequência do medo que despoleta sensores de defesa pessoal em função de
necessidades básicas do existir sobrevivendo em meio inóspito.
(…)