Mafalda Gonçalves Moutinho |
” A política ou é a salvação pública ( salus populi ) ou o caminho para a desordem.”
Nas últimas eleições autárquicas a taxa de abstenção rondou os 47%.
Praticamente metade dos eleitores inscritos optou por não se dirigir às urnas.
As pessoas sentem-se cada vez mais afastadas da política e daqueles que nos representam. Arrisco-me a dizer que a classe política é a menos respeitada na sociedade civil.
Fazer política é sinónimo de carreirismo, corrupção e tachismo.
Perante estes preconceitos e estigmas da democracia bafienta em que vivemos pergunto-me o que tem feito a classe política tão preocupada com esta questão em ano eleitoral para reverter isto.
Não basta colocar um autocarro pelo país a pedir ideias ao povo com o orçamento participativo. Pessoas afastadas não participam, porque não acreditam na utilidade da sua participação.
A população está descrente e sem vontade de se informar. Arrisco-me a dizer que a situação no que toca a eleições do poder local piora.
A maioria dos eleitores votantes desconhece os candidatos às suas freguesias. A maioria dos eleitores seria incapaz de nos contar as melhorias que visualizou nos seus municípios nos últimos anos, a não ser as obras infindáveis que decorrem nestes meses que antecedem as eleições autárquicas.
A solução é clara: os partidos precisam de se abrir à sociedade civil, e levar a mesma para dentro de si mesmos. As pessoas precisam de novos rostos, cidadãos de pele e osso que lhes tragam um novo vento de esperança e expectativa.
Foi assim que vimos Matosinhos e a imprensa nacional entrar num autêntico reboliço com a hipotética candidatura de Joaquim Jorge à Câmara Municipal de Matosinhos.
Nunca vi o PSD ser tão falado em Matosinhos como nestas últimas duas semanas.
Nunca vi aliás como possibilidade as cores deste partido substituírem o rosa de toda uma vida que vestiu a autarquia.
Mas a verdade é que esta possibilidade anda na boca das pessoas e mais do que isso as pessoas estão fartas dos escândalos e telenovelas matosinhenses dos últimos anos.
Joaquim Jorge surge na equação como um vento novo e fresco por ser independente.
Infelizmente esta candidatura está envolta em polémica o que uma vez mais prejudica aquilo que as pessoas esperam dos partidos.
As pessoas esperam que as portas se abram para que a democracia se renove.
Já na cidade do Porto parece-me que a escolha sem sobressaltos do PSD foi inteligente. Escolher um candidato independente com um perfil irrepreensível é claramente a solução para levar os eleitores às urnas envolvendo todos os quadrantes políticos.
Em Matosinhos a confirmar-se a escolha da concelhia o caminho promete ser semelhante e eu arrisco-me a dizer que pode vir a ser histórico na terra de horizonte e mar.