Mário Russo |
De facto o PSD de Matosinhos, que
nunca ganhou uma eleição no concelho, dificilmente poderia escolher alguém mais
independente do que Joaquim Jorge e ao mesmo tempo um filho da terra,
conhecedor da realidade do município e amante da sua terra para liderar um
projeto ganhador.
Joaquim Jorge é uma personalidade
cuja prática política sem dúvida é merecedora do título de verdadeiro
independente, mas não de apolítico. O trabalho por ele realizado ao longo de
todos estes anos a serviço de um projeto cívico de reconhecido mérito nacional,
o Clube dos Pensadores, credita-o com as qualidades que um líder deve ter, pois
aglutina vontades para um projeto, é determinado e tem ideias claras sobre o
desenvolvimento municipal, regional e
nacional nos seus vários domínios. Possui uma rede de contacto que nunca pode
ser negligenciada num projeto com esta envergadura e tão plural que é. Por
outro lado, a sua experiência como docente traz vantagens no desenvolvimento do
trabalho através do método, da planificação, do rigor, da experiência na educação
e formação e no contacto com a sociedade e suas ansiedades e desejos.
Mas este processo mostra como
ainda há uma visão muito redutora e medíocre nos aparelhos partidários, quase
sempre sectários e que costumam cozinhar os independentes em lume brando porque
têm medo de perder os tradicionais privilégios que as máquinas lhes aportam com
os célebres jobs for the boys, com as consequências que conhecemos na qualidade
da nossa democracia e na gestão da coisa pública.
É uma tarefa hercúlea ser-se de
fora do “sistema” e naturalmente Joaquim Jorge terá essa batalha a travar, caso
vá adiante com a candidatura, depois desta guerra surda no interior do Partido
que o convidou. Em primeiro lugar porque a estrutura distrital comandada por
uma pessoa como Marco António Costa, uma verdadeira personalidade sinistra das
catacumbas romanas, não augura nada de muito bom, porque Joaquim Jorge vai
contra a corrente. Não é um yes man como esta gente gostaria que fosse. Os
métodos intelectualmente desonestos que vão ser utilizados para diminuir e
desestabilizar JJ, vão ser mais que muitos, pois está-lhes no sangue assim
proceder, sem qualquer escrúpulo.
De facto é pena que ainda não se
tenha evoluído nada no campo do ativismo partidário, a bem da democracia e da
sociedade. Continuamos com um sistema verdadeiramente incestuoso entre
militantes de carteirinha que vão ciclicamente escolhendo quem vai para aqui e
para ali, independentemente das
qualificações que as diversas posições possam exigir. Para essa gente o que
importa é o servilismo. Quando assim é, a luta é muito maior e eivada de
espinhos pelo caminho. Mas é também em épocas de tormenta que emergem os
verdadeiros líderes.
A decisão de continuar só pode
ser tomada no silêncio da meditação que Joaquim Jorge certamente fará. Os
membros do CdP, ou pelo menos a sua maioria, estarão com JJ na sua decisão.
Desejo-lhe as maiores felicidades na contenda política que se avizinhará e um
desafio a enfrentar que é desalojar a tradicional escolha do campo socialista
que o município tem tomado nas últimas décadas.