Daniel Braga |
Com a vitória da saída da GB da UE não se vislumbram grandes sorrisos de
contentamento das duas partes. Porque ambos sabem que perderam. E perderam
acima de tudo porque se mostrou à luz de todas as evidências a própria desunião
e descrença, que não é nova, das posições entre a GB e a UE, quer nas políticas
económicas e de mercado financeiro, quer ainda no modo como ambos encaram os
problemas dos refugiados e da imigração na Europa. Com esta vitória da opção de saída, ficam ambos a pensar e a
ter de fazer as suas próprias reflexões, pois daqui para o início da
desintegração vai um passo muito curto, tendo a GB um problema acrescido e
muito complicado: o modo como vai gerir o SIM categórico da Escócia e da
Irlanda do Norte, com os sinais independentistas que se vão forçosamente
reacender, correndo o risco da própria GB começar, hoje, o seu próprio processo
de desintegração. Outros dados a assinalar são evidentes: um dado geracional
pois a maioria do brexit tem a ver com uma faixa etária acima dos 50 anos (os
mais jovens optaram claramente pela permanência) e um outro facto de cariz
político - a extrema direita lutou, sem pejo de qualquer dúvida, pelo NÃO e
esse dado poderá repercutir o reacender de animosidades xenófobas em relação
aos refugiados e aos imigrantes e poderá transformar-se num problema complexo
de resolução para o Reino Unido, mas também para a UE. Concluiu-se pois que,
com a vitória do BREXIT, são mais visíveis os sinais de receio e incerteza
perante o futuro, do que propriamente sinais de alegria e contentamento. Até
porque todos têm mais a perder do que a ganhar. Mas, por outro lado, também
terá que levar a UE a repensar seriamente as suas políticas e estratégias para
com os países membros, retirando de cima desses países o cutelo sufocante da
ameaça do poder económico e de austeridade permanente, sem alternativas de
futuro credíveis e de desenvolvimento das suas economias e do bem estar dos
seus povos. Para já, o que reina é um mundo enorme e incógnito de incertezas e
de receios...