O congresso do PSD não me despertou grande interesse. Desde que modificaram a sua metodologia, à priori, já se sabe qual é o seu líder, eleito umas semanas antes, perdeu muito do entusiasmo, interesse e incerteza de uns anos atrás.
Daí, vi algumas imagens de relance e segui o discurso de Morais Sarmento, a espaços , ficando-me no ouvido e na retina que é preciso mais politica e mais pessoas. A indicação do cabeça-de-lista às europeias, Paulo Rangel, assim como o retorno de Miguel Relvas foram novidades secundárias.
Todavia ao fim da tarde foi anunciada a chegada de vários ex-lideres do partido: Luís Filipe Menezes ; Marcelo Rebelo de Sousa , Marques Mendes e Pedro Santana Lopes. Aí sim , o congresso teve interesse mediático e de quem esteve presente, não por novas ideias ou ideais mas pelo posicionamento para as próximas eleições presidenciais.
Luís Filipe Menezes veio explicar a sua derrota e fez mea culpa, o que só lhe ficou bem, porém na prática parece-me que continua na mesma e não aprendeu com os erros. O seu futuro passa por Gaia, assim os gaienses o queiram, o que tenho as mais sérias dúvidas. A sua missão vai ser apoiar Pedro Passos Coelho, até à exaustão e der.
Marcelo Rebelo de Sousa percebeu que era importante ir ao congresso, se quer ser candidato a presidente da República , indicado pelo partido e foi igual a si próprio , antecipando o seu comentário de domingo à noite na TVI , para o sábado. O que me ficou na retina foi pôr o CDS em sentido e no seu devido lugar-actor secundário, por outro lado, chamar para parceiro de um futuro entendimento o PS.
Marques Mendes não quis discursar mas não deixou de estar nos holofotes da imprensa presente, adoptando uma atitude low-profile.
Por fim, Pedro Santana Lopes falou em algo muito importante : os desempregados de longa duração que dificilmente arranjam novo emprego. Este assunto é algo como uma bomba-relógio que pode explodir já em meados de 2015, quando terminar o subsídio de desemprego para milhares de portugueses que não terão mais nenhum apoio.Mas percebe-se que quer ser candidato às presidenciais.
Só faz falta quem cá está , como diz o provérbio , porém fazem sempre falta Manuela Ferreira Leite, Pacheco Pereira, António Capucho, Alberto João Jardim, Rui Rio,etc.
Foi no fundo o congresso dos ex-líderes em que se sentiu no ar umas primárias à eleição presidencial de 2016, de uma forma virtual num registo de marcar presença na pole-position.
O problema é que foi muito show-off e muito pouco de sensibilidade social. Falou-se pouco do que os portugueses estão a passar em que se sente falta de justiça social, distribuição equitativa dos sacrifícios, uma arrepiante e obtusa falta de um discurso em função da dignidade humana.
Os mais fracos, funcionários dos escalões inferiores,velhos, desempregados,pensionistas e reformados vão continuar a tinir e fazer contas de cabeça todos os dias.
A aparente serenidade e racionalidade de Pedro passos Coelho , a roçar a sua frieza nórdica é desconcertante para quem está a passar mal. Toda esta gente é engolida pelo défice.
Um bom congresso para divulgação do PSD partido, mas um mau congresso para a maioria dos portugueses e para quem sofre actualmente.
Os portugueses têm direito a saber o seu futuro mas parece-me que nem os nossos governantes sabem qual é. Dá-me medo no que possa passar nos próximos dez anos . Vai haver uma trégua em anos de eleições mas depois volta a carga de austeridade.
JJ