Porém, houve uma deriva dos aparelhos partidários sobre os militantes e votantes. Há uma luta pela obtenção do poder pelo poder mais do que a sua administração equitativa. Os dois principais partidos (PS, PSD), a espaços o CDS, são os responsáveis na ocupação do poder constituído e utilizam o partido para colocar gente em todo o aparelho do Estado. À partida, os lugares estão viciados. A sua avidez pelo exercício do poder não lhes deixa tempo, nem vontade, para aprofundar a sua democracia interna e abrir o partido à sociedade civil.
O sistema político actual retrata a nossa escala de valores. O sistema político actual tem uma cara e cruz. A cara é que não se concebe uma democracia sem partidos mas, por sua vez, uma cruz, porque este sistema político está anquilosado, tendo acesso ao poder por via da democracia mas não se democratiza e iguala as oportunidades. Os partidos têm uma democracia interna muito especial.
O sistema político está numa encruzilhada, impõe-se lucidez para perceber que temos de adaptar o nosso quadro constitucional à evolução da sociedade. Os cidadãos querem votar em pessoas e não em nomes de pessoas escolhidas pelos partidos, sejam para uma junta de freguesia, presidente de câmara, deputados, primeiro-ministro e membros do Governo.
Os portugueses, verdade seja dita, são cobardes e não assumidos e têm dificuldade em assumir nas suas próprias mãos o seu destino, exigir resultados e contestar o que não parece aceitável. Mas continuarem alheados, desligados, desatentos, enlevados e desinteressados não leva a lado nenhum.
A política tem de subir a um patamar de um "Novo Mundo", a política já não é uma questão de democracia e partidos, mas sim de evolução, realizações e de sociedade civil. A política exige capacidade de mandar, cintura, inteligência e um bom critério para decidir.
É preciso alterar o sistema, a maioria dos portugueses vê a classe política com inquietação, sendo necessário uma profunda reforma a fim de reverter a distância abismal entre os cidadãos e os políticos. Enquanto os cidadãos continuarem a ver os políticos como um mundo à parte, a distância vai-se cada vez adensar mais.
É necessário democracia mais participativa e na constante defesa do Estado de direito, através da separação de poderes. Votar, manifestar-me e participar é importante, mas os resultados obtidos ficam aquém do que se pretende e são um incentivo ao afastamento das pessoas assim como um cansaço evidente.
Há algo que está a falhar estrondosamente, basta ver a abstenção. Trata-se somente de pensar. Pensar no sentido socrático, decidir, ser capaz de reflectir e fazer os nossos juízos de valor. Se os nossos políticos e gente dos partidos reflectissem com o mínimo de sensatez e prudência, davam conta do que se está a passar.
Não é só a austeridade pelos cortes sociais e económicos. Há um drástico corte nas oportunidades e liberdade dos cidadãos. Ainda não perceberam que "a vida não examinada não vale a pena ser vivida". Podem estar no poder e ter altos cargos, mas não passa disso. É muito importante saber-se como se chegou a esse cargo, a forma como se exerceu esse cargo, por fim, a forma como se saiu desse cargo.
JJ
artigo publicado no Diáro de Notícias
O sistema político actual retrata a nossa escala de valores. O sistema político actual tem uma cara e cruz. A cara é que não se concebe uma democracia sem partidos mas, por sua vez, uma cruz, porque este sistema político está anquilosado, tendo acesso ao poder por via da democracia mas não se democratiza e iguala as oportunidades. Os partidos têm uma democracia interna muito especial.
O sistema político está numa encruzilhada, impõe-se lucidez para perceber que temos de adaptar o nosso quadro constitucional à evolução da sociedade. Os cidadãos querem votar em pessoas e não em nomes de pessoas escolhidas pelos partidos, sejam para uma junta de freguesia, presidente de câmara, deputados, primeiro-ministro e membros do Governo.
Os portugueses, verdade seja dita, são cobardes e não assumidos e têm dificuldade em assumir nas suas próprias mãos o seu destino, exigir resultados e contestar o que não parece aceitável. Mas continuarem alheados, desligados, desatentos, enlevados e desinteressados não leva a lado nenhum.
A política tem de subir a um patamar de um "Novo Mundo", a política já não é uma questão de democracia e partidos, mas sim de evolução, realizações e de sociedade civil. A política exige capacidade de mandar, cintura, inteligência e um bom critério para decidir.
É preciso alterar o sistema, a maioria dos portugueses vê a classe política com inquietação, sendo necessário uma profunda reforma a fim de reverter a distância abismal entre os cidadãos e os políticos. Enquanto os cidadãos continuarem a ver os políticos como um mundo à parte, a distância vai-se cada vez adensar mais.
É necessário democracia mais participativa e na constante defesa do Estado de direito, através da separação de poderes. Votar, manifestar-me e participar é importante, mas os resultados obtidos ficam aquém do que se pretende e são um incentivo ao afastamento das pessoas assim como um cansaço evidente.
Há algo que está a falhar estrondosamente, basta ver a abstenção. Trata-se somente de pensar. Pensar no sentido socrático, decidir, ser capaz de reflectir e fazer os nossos juízos de valor. Se os nossos políticos e gente dos partidos reflectissem com o mínimo de sensatez e prudência, davam conta do que se está a passar.
Não é só a austeridade pelos cortes sociais e económicos. Há um drástico corte nas oportunidades e liberdade dos cidadãos. Ainda não perceberam que "a vida não examinada não vale a pena ser vivida". Podem estar no poder e ter altos cargos, mas não passa disso. É muito importante saber-se como se chegou a esse cargo, a forma como se exerceu esse cargo, por fim, a forma como se saiu desse cargo.
JJ
artigo publicado no Diáro de Notícias