A Câmara de Gaia (CMG) tem uma divida das maiores do país ao nível de municípios, à volta de 400 milhões de euros. A juntar a tudo isto há processos em curso que podem levar a CMG a pagar indemnizações no valor, à volta de 70 milhões de euros.
Não vou agora esgrimir argumentos e dizer quem são os culpados desta situação. Uma coisa sei, num executivo de uma Câmara Municipal tem vereadores com pelouro e outros sem pelouro. Até às últimas eleições, Setembro de 2013 havia 8 vereadores da maioria PSD/CDS presididos por Luís Filipe Menezes e 3 vereadores do PS tendo como líder Joaquim Couto (candidato do PS), que depois renunciou, ficou Eduardo Vítor Rodrigues (segundo vereador PS, na altura) e actual presidente que foi durante muitos anos líder da concelhia do PS.
Deste modo a responsabilidade da política de Gaia passa por quem esteve no poder mas também por quem esteve na oposição. Que me recorde nunca li com enfâse e enfoque uma análise detalhada e dura do PS, sobre as dívidas da CMG antes das últimas eleições.
O PS depois de vencer as eleições , veio a terreiro aqui e acolá de uma forma tímida, envergonhada e a conta-gotas que há dívidas e que a CMG está numa situação catastrófica.
Nestas eleições dei o benefício da dúvida a Eduardo Vítor Rodrigues, de todos os candidatos que concorreram, para mim, era o melhor, todavia estou desiludido com a sua conduta. Ainda não passou muito tempo, mas os sinais são preocupantes.
Actualmente a CMG tem 9 vereadores (8 a tempo inteiro com pelouro e um a meio tempo), isto é, com remuneração e manteve vai-se lá saber porquê várias pessoas nomeadas há última hora pela anterior gestão de uma forma subreptícia. O que quero dizer é que não há dinheiro para umas coisas mas há dinheiro para outras, isto é, pagar salários e ter pessoas a mais.
Não se trata de querer saneamentos ou perseguir pessoas politicamente só porque não pensam ou actuam como nós. Trata-se de ter um discurso pela poupança e cortar os gastos mas no fundo fazer exactamente o contrário. Essas pessoas deveriam ter sido exoneradas, se não demitem-se. E, mais tarde porventura serem algumas escolhidas, pelo seu mérito e interesse público, mas pela nova gestão da CMG. Nem vou falar da recente reestruturação em que a maioria de dirigentes da CMG é da linha de Luís Filipe Menezes.
No fundo a CMG é governada em bicefalia: tem um executivo PS em coligação, mas tem muita gente de Menezes.
Vem isto a propósito, há tempos, vi numa rotunda de Gaia anunciar o festival Marés Vivas para 2014. Fiquei estupefacto! Porém confirmei recentemente informação na televisão. Sou a favor que não se deve ser miserabilista e que há áreas em que não se pode nem deve poupar. Mas fazer um festival de música nos tempos que correm só se for um festival de música fúnebre!
Todavia custa-me aceitar e até acreditar que tal seja possível! Isto é, numa Câmara Municipal que está em falência técnica com dificuldades de toda a ordem haver dinheiro para um festival de música, e por exemplo, não haver dinheiro para se ter feito logo que se tomou posse uma auditoria cabal às contas da CMG, para haver um diagnóstico da situação e a partir daí avançar-se com peso conta e medida.
Eu já percebi, não há vontade política nem interesse, em que isso venha a lume e seja do conhecimento dos cidadãos de Gaia.
Muita gente poderá pensar que estamos no princípio e que é preciso dar tempo ao tempo. Todavia os sinais são preocupantes. Uma das maiores bandeiras do PS para vencer estas eleições foi o saneamento das contas públicas, poupar, contra excessos e show-off, etc.
O âmago da questão actual da CMG é ter um discurso que se procura distanciar de Luís Filipe Menezes, mas na prática a sua actuação é muito semelhante, com algumas nuances. Criticava-se a figura presidencial de LFM, mas actualmente só aparece o actual presidente Eduardo Vítor Rodrigues. Onde estão os outros vereadores? O que tem feito? Medidas tomadas? Análise criteriosa dos pelouros que herdaram?
A sombra de Luís Filipe Menezes paira no actual executivo para o bem e para o mal.
JJ
*artigo de opinião publicado no PT Jornal
*artigo de opinião publicado no PT Jornal