04/11/2013

José Sócrates : PS e PSD

José Sócrates em várias entrevistas, recentes,  reafirmou  ter, por mais de uma vez, desafiado Pedro Passos Coelho para um Governo de coligação, o que implicaria uma negociação sobre a substância e o poder.

A possibilidade de um Governo de bloco central esteve por mais de uma vez em cima da mesa, depois de Pedro Passos Coelho ter substituído Manuela Ferreira Leite na presidência do PSD, em Março de 2010. Estava-se então no auge da crise das dívidas públicas excessivas, quando o Governo de Sócrates já sentia dificuldades de financiamento, e se acentuaram com a ameaça de extensão a Portugal das crises grega (Maio de 2010) e irlandesa (Novembro de 2010).

A primeira vez e única que PS e PSD se juntaram numa grande coligação, Isso aconteceu há 30 anos, em 1983. 
 
Mário Soares e  Mota Pinto assinavam o acordo para um executivo de coligação PS/PSD.

Um dos maiores desafios que o governo do Bloco Central acabaria por enfrentar foi a primeira intervenção do FMI em Portugal, com quem assinou um memorando de entendimento apenas dois meses depois da tomada de posse.

Seguiram-se dois anos difíceis, com subidas de impostos e de preços de bens essenciais, crescimento do desemprego e salários em atraso, congelamento de investimentos públicos, além de um corte de quase 30 por cento no subsídio de Natal de 1983 e da desvalorização do escudo.

Já em início de 1985, Mota Pinto abandona a liderança do PSD.

O problema é que o PS quando tem menor score eleitoral , não aceita um bloco central em que não o lidere. Nas últimas eleições legislativas de 2011,o PSD teve 38,56 % ( 108 deputados)  e o PS 28,06& ( 74 deputados). 

O PS em 1983 teve  36,11 por cento dos votos (101 deputados). O PSD ficou com 27,24 por cento dos votos ( 75 deputados).

O problema é esse, e não outro. José Sócrates tem razão ao denunciar que Pedro Passos Coelho recusou o seu convite e agora quer o apoio do PS.

O problema na politica portuguesa é que os partidos sobrepõem os seus interesses partidários aos interesses do seu país, os interesses dos partidos e dos seus líderes são eternos e perpétuos.

É uma verdade detestável mas ignorá-la não vai alterar coisa nenhuma.

Naquele tempo, Mota Pinto era um senhor e não se importou de ser a segunda figura do governo português. Hoje António José Seguro não quer fazer essa figura, antes foi Pedro Passos Coelho.

Mas também pergunto,  Mário Soares em 1983 aceitaria ser segunda figura ? E José Sócrates recentemente?

Infelizmente os partidos muitas vezes fazem parte do problema, e não, da solução.

JJ