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Mário Russo |
Foi pena que os políticos que temos não tivessem a sensatez e a seriedade de clarificar a lei aprovada sobre a limitação de mandatos. O espetáculo foi degradante, mas nada que não seja o reflexo da qualidade dos políticos que temos e que nos levaram ao pântano em que estamos. Como filosofia de vida, sou pela liberdade e como tal, contra a limitação artificial de mandatos.
Sei que é tema complexo e por vezes é a forma de se refrescar uma sociedade infestada pela podridão de políticos que se assenhorearam do poder e o sequestraram.
Mas ainda assim, prefiro correr os riscos do que acabar com a liberdade. Os argumentos a favor da limitação, para mim, não colhem, porque ninguém garante que os tais interesses instalados não venham a ser criados pelo novo dono do lugar, instalando outra clientela. O que falha é a Justiça, logo o ataque é a causa e não ao efeito.
A refrescagem política, sempre útil, deve ser o resultado da ação cívica dos cidadãos. A limitação de mandatos é um atestado de incompetência ao Sistema de Justiça, que não coíbe os tais interesses ou teias, quando é o seu dever evitá-los. Também é um atestado de menoridade ao cidadão (mesmo que acredite que a sociedade portuguesa ainda é genericamente inculta e carente de um tutor).
Por isso, o TC tomou a melhor decisão, que é a territorialidade. De contrário seria permitir a perseguição a candidatos. Seria o mesmo que estar a acusá-los de algum crime. Se assim é, que se instaure um processo contra esses candidatos, mas não se suspeite nem se levantem anátemas sobre cidadãos que se candidatam a outro município. Se os cidadãos desse município não quiserem, não votam, pois são maiores e vacinados. Já aconteceu isso no passado com Ferreira Torres que era imbatível no Marco e foi ruado em Amarante.
O grupo que apareceu a impugnar as candidaturas não passa de um grupo de pessoas que quis de forma barata ter notoriedade. Eles estão se marimbando para o assunto. Escolheram um tema que vislumbraram ser apelativo para a imprensa que temos dar logo holofotes. E com este circo passamos uns meses. É a política à portuguesa. Como podemos ficar espantados com o estado a que chegamos? Nunca tivemos políticos tão maus como os que nos governam, nem como os que fazem (não sabem) as leis. Estamos no Purgatório.