Pedro Passos Coelho afirmou ao Correio da Manhã,em entrevista, que dentro de 20 anos o valor das pensões seja cerca de metade do que foi pago em 2007. Defendeu a existência de um limite máximo de pensão e sugere que a perda seja compensada pelos contribuintes com recurso a Planos Poupança Reforma. Uma perda relacionada com o factor de sustentabilidade, que é um mecanismo que associa a idade de reforma à esperança média de vida.Em 2012, por exemplo, quem se reformar com 65 anos,sofrerá um corte de 3,9% ou terá que trabalhar mais 4 a 12meses para conseguir pensão completa.
Vamos lá ver se nos entendemos: alguém que continue a trabalhar e tenha actualmente 45 anos, quando tiver 65 anos (daqui a 20 anos) terá uma pensão que será metade
do seu salário. Em termos práticos tem um vencimento,por exemplo, de 1500€ e receberá de reforma 750€.
Pedro Passos Coelho, verdade seja dita, não mente e é muito bom a informar as pessoas da real situação das contas públicas. Mas está enganado. Pedro Passos Coelho
foi eleito para primeiro-ministro de Portugal para procurar com imaginação e criatividade resolver os problemas dos portugueses e ser justo. Não foi eleito para chefe de turno encarregado de dar ordens que lhe forem entregues.Em Portugal, não pode haver cidadãos de primeira — até2005 e cidadãos de segunda — até 2010 e, por fim, cidadãos de terceira — a partir de 2010 e cidadãos de quarta com a idade
de reforma a passar para os 68 anos. Tem que se rever o que está para trás para aliviar quem está para a frente. Não podemos encolher os ombros e dizer o que está feito está feito.Está feito mas está mal feito e devemos remediar o mal.
Tem que haver um plano de ajustamento das reformas, é inadmissível alguém que fez descontos por 2000 euros e porque exerceu um cargo de chefia nos dois últimos anos
antes de reformar com o vencimento de 3000 euros, seja reformado com o valor de 3000 euros e não com o cálculo da sua contribuição para a segurança social.
O que Pedro Passos Coelho sugere deverá ser aplicado a quem entra agora no mercado de trabalho, para desta forma saber com o que pode contar no futuro. Não pode
dizer a alguém que sempre fez descontos e cumpriu com as suas obrigações fiscais e descontos: meu amigo, o Senhor só vai receber metade da sua pensão. Isto é de loucos!
Deve haver um período de transição alargado, de modo a não prejudicar quem está na parte final da sua carreira contributiva, perto dos 50 anos ou mais.
Este ponto, para mim, é inquestionável. As pessoas que se reformaram antes de 2005, não só se reformaram antes dos 60 anos (público) como tiveram este tipo de benesses.
O que proponho é rever essas pensões já atribuídas e permitir a quem esteja no limiar de pedir a reforma, com 55 anos ou com mais de 30 anos de descontos, um período de transição claro, correcto e maleável.Em relação a pensões elevadas, nada tenho contra, se fez descontos ao longo da carreira contributiva. O que não é
correcto é auferir uma pensão elevada e não ter feito descontos equivalentes a essa pensão e ter-se reformado muito antes da idade legal de reforma. Não pode ser.