05/11/2009

MORREU CLAUDE LÉVI-STRAUSS

Francisco Azevedo Brandão


O antropólogo francês Claude Lévi- Strauss morreu no passado sábado, em Paris, aos 100 anos de idade. Considerado o pai da antropologia moderna, o autor de «Tristes Trópicos», «Antropologia Estrutural» e «O Pensamento Selvagem», para além de ter sido o maior antropólogo do século XX, fundador da perspectiva estruturalista e de um divulgador da etnologia comparada e das mitologias comparadas, foi, acima de tudo, um grande humanista. Sendo seu leitor e admirador incondicional desde os bancos da Universidade, foi ele que me ensinou a ver o Homem de todas as raças e de todas as latitudes como o mesmo ser humano, único e insubstituível, credor dos mesmos direitos e dos mesmos deveres, com os mesmos sentimentos da sua frágil condição humana de que todos sofrem: o nascimento, a vida e a morte. Professor do Collège de France, de Paris, entre 1959 e 1982, foi o primeiro antropólogo eleito para a prestigiosa Academia Francesa em Maio de 1973 e primeiro membro centenário da Instituição a partir de 28 de Novembro de 2008, data do seu centésimo aniversário. Com a sua morte, a França, a Europa e o Mundo perdem um dos intelectuais e humanistas mais fascinantes que influenciou, durante todo o século XX, gerações de investigadores nos campos da Antropologia, da Sociologia, da Filosofia, da História e da Teoria da Literatura. Senti, com a morte deste génio da cultura humana, como se fora a de minha família, pois ele me acompanhou sempre durante a minha vida pessoal e profissional. Homens desta envergadura deviam ser imortais! Valha-nos o seu exemplo e a sua extraordinária obra que ficará como um monumento perpétuo à dignidade de todos os Homens que sobrevivem à superfície da terra.