António Fernandes |
A seara, para gente da
cidade, não é mais do que um campo onde o trigo se acomoda encostado um ao
outro e assim vai crescendo. Para mondadeira experiente nem tudo é trigo e, nem
tudo é joio. A seu tempo o joio terá de ser mondado de forma a que o trigo
desfrute do espaço necessário para crescer e a espiga desponte para que nela os
grãos amadurem.
Mondadeira experiente
sabe que o tempo necessita de tempo para completar ciclos a que as condições
climáticas não são de todo estranhas. Antes pelo contrário. Exercem influência
primordial em todo o processo da transformação da semente em planta e
consequente processo de maturação ou amadurecimento.
E que o joio tem um
outro ciclo de vida bem mais curto e destino diferenciado consoante as práticas
correntes na exploração agrícola. Tanto pode ser alimento como estrume ou pura
e simplesmente lixo.
Talvez por isso a
mondadeira experiente não confunde a seara e lhe retira as ervas daninhas. Não
confunde a vinha e lhe retira os rebentos tardios. Não confunde o tomatal e
capa os tomates. Não confunde aquilo que é a semente com aquilo que é necessário
fazer para que tenha uma planta robusta e sã.
E por isso separa o
trigo do joio tal e qual separa a educação da formação.
Nem sequer perde tempo
para supostamente lhe ensinarem aquilo que a vida já lhe ensinou em que não
confundir as plantas é elementar.
Aprendeu simplesmente.
Sem que tenha sentido qualquer necessidade da capacitação em voga para áreas
que não a sua e que mais dia menos dia também acontecerá.
Até lá centra a sua
especialização contínua na escola da vida e sente que tem muito mais a ensinar
do que a aprender sobre a ruralidade profunda que não é a das hortas urbanas ou
sequer das hortas berma de estrada ou de rotunda.
Ensinar as pessoas que
confundem formação com informação um pouco à semelhança do esperto que confunde
a rama de uma planta com planta diferente é coisa que a mondadeira sabe fazer.
Sabe do tempo e dos
ciclos de vida das plantas e de todos os processos necessário para as cuidar
até à ceifa final.
Sabe por isso tudo o que
é essencial o que lhe permite não perder tempo com o acessório.
Talvez por isso tenha
ocupação garantida e consciência dos seus direitos deveres e obrigações
sociais.
Coisas da vida:
da mondadeira ceifeira e de todos os novos sapientes das Ciências Sociais!