António Fernandes |
A teoria do centro é uma teoria meramente
académica uma vez que no espectro político o "centro" não é centro de
coisa nenhuma.
Assim sendo, a divisão política entre
esquerda e direita faz todo o sentido uma vez que a realidade conjuntural da
vida não é, nem em tese, nem em teoria, algo que se possa manipular ou
"saborear" a belo prazer dos que, de "barriga cheia",
acantonados à direita do senso comum sobre ciência política, dissertam sobre
uma panóplia de opções de orientação ideológica e política que se perde em
rasgos profundos na divisão social.
A esquerda e a direita do pensamento.
A esquerda e a direita da concepção
política e social.
A esquerda e a direita da vida em
comunidade.
A divisão entre explorado e exploradores!
Depois, temos os pensadores da mediação
entre os detentores dos meios e os que servem esses mesmos meios.
A social democracia.
No entanto, a grande maioria dos
executantes dessa mediação política, acabam por ser confrontados com a opção
política entre a esquerda e a direita do senso comum sobre os objetivos do
serviço público. Acaso que redundou, nomeadamente no seio das comunidade
Nórdicas, e também em comunidades altamente industrializadas com necessidade de
políticas públicas de regulação da qualidade de vida, numa prática política de
esquerda.
Voltamos assim ao senso comum. Entre a
direita e a esquerda. Entre as razões sociais da generalidade das populações e
as razões individuais de uma minoria de cidadãos detentores da riqueza global
produzida pela maioria subserviente.
De que é de elementar justiça ponderar
sobre uma questão.
A questão...
Pois... A questão?
- É que as sociedades continuam divididas
entre os mais pobres e os mais ricos!
E alguns perguntam:
-
E os remediados?
A que o senso responde:
- Os
remediados não existem.
Porque, um remédio atenua. Nunca resolve.
E os grandes pensadores continuam tão
atuais quanto o eram no seu tempo.
Passaram por entre "os pingos da
chuva" muitos dos que tentaram rotular
de, pensadores contemporâneos em áreas como:
- a economia;
- a ciência social;
- a ciência política;
- entre muitas outras áreas;
Mas que nada vieram acrescentar ao
anteriormente esplanada como sendo o
pensamento sobre a evolução das sociedades e da sua organização social e política
enquanto comunidades em mutação permanente.
Acontece que, a história não é um
acontecimento de "diversão" ou de "explanação" do
pensamento.
A história é o registo daquilo que, de
facto acontece!
E o que acontece, tem sido o ajustamento
da oferta às necessidades da procura das sociedades mais, ou menos,
civilizadas.
Sendo que por civilização se deve ter em
linha de conta a cultura. Num quadro em que esta, assume ser o cerne do
pensamento comum que gera a necessidade do saber mas também estuda o consumo
sustentável ,em sintonia com o o conhecimento indispensável.
Neste momento assistimos a uma crispação social
de conjuntura de transição.
Crispação essa que resulta de factores
similares, na essência, aos factores conhecidos de transição de estádios que a
Humanidade percorreu ao longo da sua existência e muitos mais terá de percorrer
face à utopia que a perfeição contempla.
Nada de novo, por isso.
Mas, com cada vez mais motivos de
preocupação.
Perante esta evidência a conjuntura
torna-se linear mesmo que não aceite pelas classes dominantes:
- Se por um lado a esquerda aponta a
descoberta como motivo da evolução social.
- Por outro lado, a direita, aponta o
retrocesso civilizacional como sendo a fórmula para a estabilidade pretendida.
Há nestas duas dinâmicas, estádios
civilizacionais pretendidos diferentes: na forma e no conteúdo.
Há também contradições de interesse
gritantes entre a produção e o consumo. Uma delas é a dispensa da manufactura.
Dispensa que diminui o consumo o que implica a diminuição da produção e por
consequência a diminuição das mais-valias.
A esta evidência acresce procura de outros
mercados geradores de mais-valias. Sendo o mercado da dívida soberana o mais
procurado pelos detentores dos meios. Financeiros no caso.
Ora, voltamos ao binómio esquerda e
direita.
A esquerda que ajuíza a irracionalidade de
uma dívida soberana.
A direita que centra o seu esforço no
acumular dessa mesma dívida e dos juros consequentes, ajuizando ser a economia
o centro gravitacional da evolução das sociedades modernas.
E não é.
O centro gravitacional das sociedades
modernas resume-se a uma condição: qualidade de vida!
Condição que quando não existe gera
conflitos sociais de dimensão imprevisível em que as respostas a dar serão
sempre soluções políticas de conteúdo ideológico de esquerda ou de direita.
Obviamente de que as concepções
ideológicas também evoluíram acompanhando o conhecimento gerado pela evolução
das sociedades. Evolução essa inserida nos princípios e conceitos dos seus
ideólogos e mentores.
No meio de tudo isto, as guerras que
alastram por este mundo fora são o culminar da luta ideológica em torno de
objetivos políticos. Tenham o rosto, - terrorista ou de defesa da ordem -, que
tiverem.
Tenham a designação e as razões de suporte
que tiverem.
Porque, as guerras são sempre injustas!
As guerras são sempre um meio de repressão
para assegurar garantia de acumulação de riqueza de que os detentores dos meios
bélicos, tenham a forma que tiverem, saem sempre a ganhar enquanto que, a
civilização sai sempre a perder!
Pode até retroceder, simplesmente, será
sempre um episódio para relatar na História
porque, efetivamente, no cômputo geral a História das civilizações
deixou e, continuará a deixar marcos que ultrapassa com a liberdade que lhe é
intrínseca.