António Fernandes |
É um paradoxo.
Os “Blusões Azuis” mobilizaram mais agentes do que as redes
sociais manifestantes envergando “Coletes Amarelos”.
As reivindicações generalistas veiculadas nas redes sociais
foram o proforma da plataforma de alavancagem do movimento dos que envergavam
coletes de transito das viaturas imitando o movimento dos “Coletes Amarelos” que em França lança o caos. Com uma diferença
relevante. Em França há um núcleo organizado que se movimenta por todo o País com
objetivos políticos bem definidos: derrubar o Presidente da República eleito;
provocar eleições antecipadas; colocar a extrema direita no Parlamento da
França;
Em Portugal, no dia vinte e um de dezembro do ano da graça
de dois mil e dezoito, os cidadãos que vestiram os coletes de riscas fluorescentes
de uso obrigatório em viaturas, eram poucos, diga-se:
- Fizeram o alarido e mostraram como se bloqueia uma cidade
sem nada fazer a não ser, alarido.
Os “blusões azuis” encarregam-se do resto.
Agilizaram os procedimentos de segurança estrema fechando os
acessos principais das cidades e os seus pontos nevrálgicos dando azo a que o
transito não fluísse e os operadores de câmara mais os repórteres em direto
construíssem à notícia que veio a ser motivo de reportagem dos vários canais de
televisão nacionais e internacionais enquanto durou a encenação de assalto não
se sabe muito bem a quê e, não sei se, os “Blusões Azuis”, o saberiam.
Os de coletes às riscas amarelas fluorescente não sabiam
muito bem explicar o que queriam com a ridícula encenação a que se prestaram ao
colaborarem num processo que não tinha projeto e muito menos objetivos em
concreto.
E quando assim é, uma tentativa de imitação, é claro que a
desorganização impera por um fator elementar que é o da inexistência de razões
para a mobilização do cidadão comum, acabando a iniciativa por ser um ato
gorado e ridículo.
Tão ridículo que ajuizaram os manifestantes na cidade de
Braga que o Presidente do Município os autorizou a bloquear as estradas. Como
se um Presidente de um Município qualquer tivesse poderes extraordinários para
permitir ilegalidades.
Este inacreditável episódio, a manifestação que ia parar
Portugal, terá registo para a história porque acabou por ser notícia principal
e, motivo de analise política e social feita por académicos e outros
comentadores de momentos “extraordinários” um pouco ao jeito do faz de conta
que, é um exercício superior feito por pessoas superiores.
Os “Blusões Azuis” sabiam muito bem ao que foram e, quais as
ordens que receberam para agir em conformidade.
No entanto e, para concluir, o episódio relatado mais
pareceu uma “manifestação” de agentes da autoridade, os de “Blusão Azul”, tão
só por da sua farda de serviço de cor azul escuro fazer parte - um “Blusão
Azul” - , mas também porque o “bloqueio” na circulação rodoviária em torno das
cidades foi organizado e executado, com êxito, diga-se, pelo corpo de agentes
da autoridade da Polícia de Segurança Pública.
Fecharam os acessos aos eixos principais das cidades mais os
acessos aos seus pontos nevrálgicos prejudicando a vida normal citadina
causando transtornos incalculáveis a muitos cidadãos num tempo em que é suposto
deverem as forças de segurança assegurar a ordem e o cumprimento da Lei de
acordo com os procedimentos legais existentes.