15/11/2018

Portugal, um país de confusões



Paulo Andrade 
“A liberdade leva á desordem,  desordem à repressão, e a repressão novamente à liberdade”  
Honoré de Balzac , escritor  
(1799-1850) 

Desconheço se se trata de algo propositado ou se é apenas confusão que ocorre na sequência do excesso de informação “desinformada”. Hoje em dia, numa sociedade de comunicação e informação a verdade é esta .... é dura, mas..andamos cada vez menos informados sobre os vários assuntos que fazem parte do funcionamento de um país e de uma sociedade. E este “menos informados” engloba a divulgação de falsos e/ou alterados conceitos, e deturpação de realidades.   
A confusão provocada pela arte de “comunicar” é tal que não é nada raro encontrar pessoas com posições tomadas sobre determinadas matérias mas, que vacilam à primeira ou segunda questões sobre essa mesma posição assumida. Depois, entre sorriso amarelo, lá vão disfarçando o desconforto e assumindo que tomaram posições de “manada”, o que é típico de verificar em sociedades oclocratizadas. 
Fico nauseado com tamanha confusão existente em sociedades nas quais era suposto haver maior discernimento, era suposto haver um comportamento com  postura de “dois dedos de testa”. Mas, contrariamente ao que seria de esperar, existe uma postura completamente ovelhada, onde impera a confusão de papeis e funções. Deixo alguns exemplos de confusões comuns. 
Hoje em dia existe muita dúvida sobre o papel do polícia, e do ladrão. Existe muita confusão entre o papel do que é um “funcionário público”, e o cidadão. Até existe confusão no que é relativo ao papel de um doente /paciente , um utente e um cliente. Alguém optou por designar, de há uns anos a esta parte, um doente por um “ cliente”. Mais um ponto de confusão. 
Também existe uma confusão entre reclamação e “antidepressivo”. Existe e continua  haver confusão entre o que é uma “inverdade” , uma mentira e uma aldrabice descarada. Existe, também, outra confusão sobre o que é “serviço público”, e o que alguém deseja ter como “ serventia de caprichos”. E claro....existe uma enormíssima confusão entre o que é ter liberdade, e servir-se de libertinagem, e o que é “ter direitos” e o que é ter “bom senso e respeito”.  Existe ainda outra confusão entre “imigração” e “ portas escancaradas”.  
Outra confusão entre a adoção de novas realidades, nomeadamente a identidade de género, e a responsabilidade do estado (todos os contribuintes) serem obrigados a pagar estas operações e tratamentos, em nome de uma autodeterminação e de uma liberdade de cada um em ser feliz. Nada tenho contra a vontade alguns se autosubstituirem aliás, na verdade, é-me completamente indiferente.   
Mas considero que as pessoas têm de facto o direito a lutar pela sua felicidade. Não concordo é que tenha de ser o estado (eu e outros contribuintes), a   pagar isto. Ou seja...não concordo que os “outros” sejam felizes à custa dos meus descontos como contribuinte.  
O que está em causa são os cerca de 15,000 EUR necessários para este tipo de cirugia .Desde 2005, no hospital de Santa Maria , já foram operadas 70 pessoas, com o objetivo da alteração do sexo. A mesma questão se coloca com a IVG (Interrupção Voluntária da Gravidez). São efetuadas uma média de 1329 IVG por mês, em Portugal. Ano de 2016 a .  E  quanto custa financiar a “felicidade” de 1329 ex-grávidas por mês ? 
Alguém , algum dia, terá que deixar claro às pessoas que a IVG não é um método contracetivo! É que parece-me que  está a ser utilizada como tal ! 
Cada IVG custa ao estado (ao contribuinte) cerca de 300 EUR. Significa isto que o ano de 2016 os contribuintes financiaram a felicidade de 15959 ex-grávidas, no valor de 4 milhões 787 mil e setecentos euros  . Nalguns casos os custos podem ascender, por IVG, aos 990 Euros. Se o ano de 2016 foi profícuo em IVG, 15959, então estamos a falar de custos que variam entre o valor apontado duas linhas antes, e 15 milhões 799 mil quatrocentos e dez euros. São números que , necessariamente, dão que pensar. Dão que pensar quanto nos custam as políticas de demagogia bacoca, por exemplo ! 
E algumas mulheres que abortaram foram repetentes na IVG  paga pelo estado. Seria de facto muito bom que os políticos de consciência e atitudes bacocas quando anunciam “coisas bonitas”, e afirmam á boca cheia que as pessoas têm direito a ser felizes com as suas opções, informem quanto custa ao contribuinte a felicidade deste direito de opção. Volto a frisar...não está em causa o direito à opção. Considero revoltante é que eu ,como contribuinte, me veja obrigado a financiar a felicidade dos outros, neste caso, materializada na opção em abortar , paga pelo contribuinte.  
Da mesma forma que me revolta ter que ser obrigado a financiar buracos provocados por quem roubou o país durante anos  fio ! 
Outra confusão emergente.... atos delinquentes e criminosos que acabam impunes (ou têm perdão) porque se pertence a alguma minoria, seja esta de raça, cor, contexto social ou outra. 
E ainda outra... a confusão existente entre o papel dos pais e o papel dos filhos. Também aqui, face ao que eu entendo ser uma desestruturação que têm sido levada a cabo nos últimos anos, existe uma enorme confusão. 
Os exemplos de confusões latentes e/ou assumidas são vários e de variada ordem. Mas... fico-me pelos que referi até agora. 


Existem inúmeros conceitos que , devido à semântica oportunista que lhes atribui significados convenientes, resultam em comportamentos dúbios numa população completa e convenientemente confusa (leia-se manipulada), no seio da qual determinados setores populacionais vão usufruindo ótimas vantagens á custa do desconto do contribuinte, e á custa da obliteração de opiniões que sejam direcionadas contra a corrente “ovelhada”  dos pseudo-intelectuais libertinos que abundam por aí.  
Do meu ponto de vista seria bom que se arrumassem  ideias sobre algumas “confusões” que grassam por aí : 
Hoje em dia existe confusão entre o papel do polícia e o papel do delinquente. Colam-se autênticos alvos nos primeiros, e asinhas de anjinho nos segundos. Os valores inverteram-se devido a uma mal parida ideologia abusiva , deturpada e néscia que coloca em causa direta os pilares segundo os quais uma sociedade  existe. Um retrocesso civilizacional, do meu ponto de vista. Um retrocesso cuja fatura virá no futuro. 
O polícia é um agente do estado, é a personalização da responsabilidade do estado em manter a segurança e, afinal de contas , o estado de direito. O delinquente, o criminoso (aparente ou de facto), deve ser julgado e , se for o caso, condenado e penalizado. Simples não é ? Não ! Num mundo conspurcadamente politizado e demasiado cor de rosa, outro tipo de “valores” se levantam tornando uma coisa simples como esta ( a correta atribuição de papeis), muito complicada impossível de praticar. Devido a isto... andamos a perdoar e a desculpar delinquentes, gente que comete crimes, porque ...pertence a minorias ? Ou porque é “desfavorecida” ? E, na mesma onda, andamos a condenar a polícia ? Porque faz o seu trabalho ? Andamos mesmo muito confusos!  
Não aceito , obviamente, que um agente da PSP ou um guarda agrida , de forma gratuita, um suposto criminoso, mas daí a transformar em anjinhos tudo o que é delinquente e criminoso, especialmente quandos estes pertencem a alguma “minoria” considero que já é um grande enviesamento e uma enorme deturpação da realidade social, e da convivência social. Deturpação e enviesamento típicos dos opinadores de sofá, e indignados ignorantes completamente anestesiados ! 
Outra ideia que precisa ser arrumada.... a relação entre funcionário público e utente dos serviços públicos. O funcionário público(FP) existe para servir o utente nos serviços destinados para o efeito, e tendo em conta os desígnios do serviço público, incluindo o respeito mútuo. O FP não existe para satisfazer caprichos pessoais. Como FP que sou, na área de Saúde, já ocorreu ouvir a típica frase do “pago os meus impostos, têm que fazer assim”. Não gente confusa !  
Não existo para satisfazer caprichos. Atuo de acordo com o bom senso, o respeito e, naturalmente,  o código de conduta, e os diversos protocolos de serviço. Não tenho a responsabilidade (ao contrário do que acham os “confusos”), de acudir caprichos. Isso é com os mordomos ( e mesmo assim não acodem a todos os caprichos). De igual forma o FP tem a responsabilidade de ser cordial, comportado e educado para com qualquer utente. Simples, não ? A responsabilidade compete aos dois lados. Para os “confusos” o FP existe para tudo e mais alguma coisa porque 
“eu é que lhe pago o ordenado”. Não! Afirmações como esta são precisamente fruto da confusão que existe na cabeça de demasiada gente ! 
Nesta sequência vem a reclamação! O poder de reclamar é um dos ganhos dos serviços estatais e outros. Um ganho para o utente/utilizador mas, acima de tudo, um ótimo ganho para a melhora de serviços. Uma reclamação serve para isto!  A confusão instalada na cabeça de muita gente, faz com que muitos utilizem o poder de reclamação como se fosse um super poder antidepressivo e/ou antifrustrações. Existe demasiada gente frustrada com a vida que tem , sendo que o mínimo que lhe pareça “mal” (não estando necessariamente mal), no alto da sua idiolatrada superioridade intelectual /moral/ etc..decide reclamar. Por alguma razão a maioria das reclamações não têm razão nenhuma de existir, nem tão pouco têm seguimento . A frustração não se trata com ócio nem com a sede intensa de reclamar contra tudo e todos.  Não faz sentido  a  utilização de uma ferramenta tão boa para , de forma néscia e absolutamente injustificada, tramar a vida a outros só porque se acordou a “odiar o mundo”. 
Outra confusão que reina por ai, particularmente no seio da política, quando alguns políticos são confrontados com desagradáveis factos inquestionáveis. Utilizam muito a palavra “inverdade”. Do meu ponto de vista, algo que seja falso é aldrabice, é mentira! Ponto! Não é “inverdade”, nem a confrontação tem que ser respondida com evasivas e sorrisos. Mentem  ! Ponto final! Mas não....nestes contextos apostam sempre em semear a confusão. Convém sempre manter a “populaça” confusa, especialmente quando estão em causa grandes casos nos quais existe muita coisa mal explicada, que tem um forte odor a “esturro”. 
Continuando a arrumar ideias: 
Vivemos em sociedade. E , como tal, implica que todos cumpramos regras básicas. Simples, não é ? Pois.... mais uma vez a confusão instala-se no meio  de algumas cabecinhas que entendem, no alto do seu egoismo e autocentrismo bacoco, que querem usufruir tudo o que é direito esquecendo-se dos direitos dos outros, seus semelhantes. A Liberdade acaba aqui!  
Daqui para a frente em que algumas pessoas usam e abusam dos seus direitos, é libertinagem! Põe em causa  sobrevivência comum devido ao seu “direito” e estar a marimbar-se para os direitos dos outros na coabitação social.  
A liberdade desresponsabilizada ( e , não raras vezes, absurdamente fomentada por alguns políticos , e pelo próprio estado), é libertinagem!                   Não é liberdade! 
De igual forma, no que toca à liberdade de circulação, não se pode confundir acolhimento no país, com “portas escancaradas”. O meu país é a minha casa. Como tal , como cidadão e contribuinte, gosto e sou apologista do controlo efetivo de quem cá entra. Também nesta área vive-se, parece-me, uma certa libertinagem! Causada por confusões oportunas de conceitos , vivências e definições .  
Não dos profissionais aos quais cabe esta responsabilidade de controlar quem cá entra, mas de quem, confundindo e enviesando conceitos e valores, se curva como escravo ao feudalismo do “politicamente correto”.  
Ou seja....uma boa parte da classe política. 
Controlar e, se necessário, recusar a liberdade de entrada de quem cá quer entrar, não é ser xenófobo ( também há muita confusão oportunista e enviesada à volta deste conceito). É garantir uma convivência minimamente segura entre todos os que cá estão. Os de cá,e os de fora que sejam gente de bem!   
Porque gente má, com cadastro criminal e que já venham fugidos de outro país, se pudesse escolher, não os quereria cá! Mas, por expressar isto, na mente de muitos confusos, sou xenófobo! Mais uma absurda confusão, mas que serve alguns interesses que são ,do meu ponto de vista, obscuros que servem interesses tendencializados.   
Lá está a tal questão de Honoré de Balzac “ A liberdade leva à desordem”. No caso em concreto a liberdade vivida sem responsabilidade, conduz à libertinagem. Á libertinagem de ideias , atitudes e comportamentos que, por sua vez, conduzem à confusão de conceitos e valores, e à prática da desordem. Daí para a frente....será o “Deus nos acuda”, porque temos uma sociedade completamente confusa, perdemos o norte do que são as regras , simples regras, do que é viver em sociedade, e dos papeis dos diversos integrantes na mesma. 

a) Site Pordata, valores provisórios, Novembro 2018