21/11/2018

Os antifascistas de hoje…



António Fernandes 
É surpreendente como a nossa cidade de Braga é pródiga em acolher todas as iniciativas que sejam levadas a cabo tenham elas a índole que tiverem.
O que acontece, salvo raras exceções, é ser a nossa cidade propulsora de indicadores transversais de conduta para o resto do País contrariamente ao pensamento comum de que é a partir de Lisboa que tudo acontece.
Veja-se o processo Histórico da constituição do País e as diretrizes seguintes naquilo que foram as grandes transformações históricas e culturais que aconteceram com especial enfoque para a revolução de 28 de Maio de 1926 e para as movimentações sociais que aconteceram em Braga e que influíram diretamente na conduta do processo revolucionário em curso em Portugal, após a Revolução dos Capitães, em Abril de 1974, mais conhecida pela Revolução dos Cravos.
Braga, cidade com dois mil anos de História, é uma cidade reconhecidamente de relevo internacional naquilo que foram as grandes transformações Continentais e, de onde saíram figuras incontornáveis da nossa História Nacional.
É neste contexto que importa dissecar um encontro de presumíveis antifascistas que nunca sentiram na pele os efeitos desse modelo de governo tirano e que por isso dificilmente alguma vez o foram.
Porque, para se ser antifascista, presumo, ser condição essencial ter a mínima noção daquilo que foi viver sob um regime fascista.
Um pouco como a célebre máxima filosófica de que, para se ser democrata, tem que se nascer numa sociedade democrata de forma a ser educado/a em democracia.
Neste contexto e, seguindo este raciocínio, é estranho que autointitulados antifascistas, curiosamente com nacionalidade onde as eleições foram ganhas por um fascista convicto, apareçam na nossa cidade, preocupados com a política citadina e as suas figuras, como se um eventual emergir de grupos de extrema-direita esteja eminente no nosso País.
Estranha este escriba e a maioria dos Bracarenses que, num cenário de conjuntura nacional em que o problema do fascismo não se coloca e a ideologia de extrema-direita é irrelevante, apareçam na cidade de Braga movimentações que acicatam esse despertar por detrás de um antifascismo suspeito.
E estranha sobre maneira quando a perspetiva, segundo as sondagens publicadas, não indicia que hajam alterações políticas de fundo estrutural nas Eleições Legislativas que se aproximam.
Sobra uma questão pertinente sustentada numa dúvida alicerçada na História que nos ensina quais as condições políticas necessárias para a implementação de regimes totalitários:
·                  Instabilidade social;
·                 Instabilidade política;
·                 Instabilidade económica;
Ora, em Portugal não há nenhuma destas condicionantes o que dificulta a movimentação dos grupos neonazis. Antes pelo contrário. Há:
·                  Estabilidade social;
·                  Estabilidade política;
·                  Estabilidade económica;
Esta evidência obriga a que a extrema-direita internacional se movimente organizadamente, como sempre o fez, no sentido de começar por desestabilizar as populações recorrendo aos mesmos processos de sempre:
·                  Desinformação;
·                  Noticias falsas;
·                  Boatos;
Foi assim na Itália de Mussolini; na Alemanha de Hitler; e em muitos outros Países onde tomou de assalto o poder porque uma ditadura nunca resulta de uma eleição na justa medida em que anula todos os outros partidos ou movimentos que lhe sejam contrários sendo que, há um trunfo de que dispõe que colhe e que estão a usar com mestria como aconteceu no Brasil de Bolsonaro. A corrupção que grassa nas sociedades modernas e em que a classe política se enfeuda e compromete o futuro dos povos. Um paradigma onde a pirâmide atinge o mais alto nível das hierarquias em funções com as devidas exceções. Mas, no Brasil, este estado das coisas raia o insólito. Qual deles, no poder, o pior…
Como é óbvio, a corrupção é transversal em sociedades que se regem pelo lucro, mas também em sociedades onde a pobreza atinge limites tais em que a miséria é o quotidiano de vida do cidadão comum.
Daí que, estranhamente, seja em Braga, uma cidade pacata, que os palcos destas iniciativas tomem forma e assumam dimensão.
O argumento da iniciativa é dúbio porque a cidadania Bracarense sempre mostrou estar atenta ao que de relevante se passa que atente contra o seu bem-estar e os seus interesses. Seja em defesa do seu Património, seja em defesa dos valores da liberdade e da democracia.
Braga, novembro de 2018