António Fernandes |
O que acontece, salvo raras exceções, é
ser a nossa cidade propulsora de indicadores transversais de conduta para o
resto do País contrariamente ao pensamento comum de que é a partir de Lisboa
que tudo acontece.
Veja-se o processo Histórico da
constituição do País e as diretrizes seguintes naquilo que foram as grandes
transformações históricas e culturais que aconteceram com especial enfoque para
a revolução de 28 de Maio de 1926 e para as movimentações sociais que
aconteceram em Braga e que influíram diretamente na conduta do processo
revolucionário em curso em Portugal, após a Revolução dos Capitães, em Abril de
1974, mais conhecida pela Revolução dos Cravos.
Braga, cidade com dois mil anos de
História, é uma cidade reconhecidamente de relevo internacional naquilo que
foram as grandes transformações Continentais e, de onde saíram figuras
incontornáveis da nossa História Nacional.
É neste contexto que importa dissecar um
encontro de presumíveis antifascistas que nunca sentiram na pele os efeitos
desse modelo de governo tirano e que por isso dificilmente alguma vez o foram.
Porque, para se ser antifascista,
presumo, ser condição essencial ter a mínima noção daquilo que foi viver sob um
regime fascista.
Um pouco como a célebre máxima
filosófica de que, para se ser democrata, tem que se nascer numa sociedade democrata
de forma a ser educado/a em democracia.
Neste contexto e, seguindo este
raciocínio, é estranho que autointitulados antifascistas, curiosamente com
nacionalidade onde as eleições foram ganhas por um fascista convicto, apareçam
na nossa cidade, preocupados com a política citadina e as suas figuras, como se
um eventual emergir de grupos de extrema-direita esteja eminente no nosso País.
Estranha este escriba e a maioria dos
Bracarenses que, num cenário de conjuntura nacional em que o problema do
fascismo não se coloca e a ideologia de extrema-direita é irrelevante, apareçam
na cidade de Braga movimentações que acicatam esse despertar por detrás de um
antifascismo suspeito.
E estranha sobre maneira quando a
perspetiva, segundo as sondagens publicadas, não indicia que hajam alterações
políticas de fundo estrutural nas Eleições Legislativas que se aproximam.
Sobra uma questão pertinente sustentada
numa dúvida alicerçada na História que nos ensina quais as condições políticas
necessárias para a implementação de regimes totalitários:
·
Instabilidade social;
·
Instabilidade política;
·
Instabilidade económica;
Ora, em Portugal não há nenhuma destas
condicionantes o que dificulta a movimentação dos grupos neonazis. Antes pelo
contrário. Há:
·
Estabilidade social;
·
Estabilidade política;
·
Estabilidade económica;
Esta evidência obriga a que a
extrema-direita internacional se movimente organizadamente, como sempre o fez,
no sentido de começar por desestabilizar as populações recorrendo aos mesmos
processos de sempre:
·
Desinformação;
·
Noticias falsas;
·
Boatos;
Foi assim na Itália de Mussolini; na
Alemanha de Hitler; e em muitos outros Países onde tomou de assalto o poder
porque uma ditadura nunca resulta de uma eleição na justa medida em que anula
todos os outros partidos ou movimentos que lhe sejam contrários sendo que, há
um trunfo de que dispõe que colhe e que estão a usar com mestria como aconteceu
no Brasil de Bolsonaro. A corrupção que grassa nas sociedades modernas e em que
a classe política se enfeuda e compromete o futuro dos povos. Um paradigma onde
a pirâmide atinge o mais alto nível das hierarquias em funções com as devidas
exceções. Mas, no Brasil, este estado das coisas raia o insólito. Qual deles,
no poder, o pior…
Como é óbvio, a corrupção é transversal
em sociedades que se regem pelo lucro, mas também em sociedades onde a pobreza
atinge limites tais em que a miséria é o quotidiano de vida do cidadão comum.
Daí que, estranhamente, seja em Braga,
uma cidade pacata, que os palcos destas iniciativas tomem forma e assumam
dimensão.
O argumento da iniciativa é dúbio porque
a cidadania Bracarense sempre mostrou estar atenta ao que de relevante se passa
que atente contra o seu bem-estar e os seus interesses. Seja em defesa do seu
Património, seja em defesa dos valores da liberdade e da democracia.
Braga, novembro de 2018