António Fernandes |
Quem
não tem convicções não tem vontade própria, servindo por isso, exclusivamente,
de veículo de convicção e da vontade de terceiro.
A convicção é a certeza em tudo aquilo que
a mente objetive. Certeza assente em razão apurada em fundamentos de educação,
ou, em interação casuística ativa de atitude em que o carisma assume
predominância, e por isso protagonismo sobre a mediania consensualizada em
grupo, acomodada ao acontecimento em rotina estabelecida de subserviente
conveniência.
Esta condição, a do carisma, não é uma
condição que resulte do acaso. É uma condição de perfil pessoal moldado por
circunstâncias diversas a que a influencia não é alheia sendo mesmo o exemplo
que modela, em variadíssimas situações especificas, a matriz dos valores e das referências
da educação que rege a razão.
A obediência
surge assim como uma condição necessária num cenário em que a convicção formata
a razão, mas também formata os seus seguidores. Seguidores que veiculam a
convicção a que são subservientes.
Esta
ancestral forma de organização das sociedades atravessa um período crucial de
necessidades em que o ajustamento relativo e da correlação das suas forças
vivas é condição incontornável. E é condição incontornável, porque os padrões
em que valores de referência da educação assentam, mudaram.
A
escola, pese algum conservadorismo latente, mudou também. Tem acompanhado as
atuais exigências e dado resposta positiva às necessidades do presente. Simplesmente, a
divisão geracional existente, originalmente pacifica, porque interagia na
influência, transmitindo o saber, usos e costumes, defronta-se hoje com
dificuldade acrescida de adaptação aos atuais condicionalismos do tempo. Fator
determinante na abordagem pretendida: A convicção e o veicular dessa convicção;
A
transição do modelo de formação dos atuais agentes que operam nos centros
nevrálgico da organização social, assim como a forma como operam. Fator
determinante para vislumbrar a linha do horizonte onde o futuro da Humanidade
necessita de assentar a nova razão de suporte do novo modelo de organização
política, econômica e social.
E onde
a subserviência de comportamentos começa a encontrar dificuldades em sobreviver
porque a inteligência ativa exige operacionalidade e funcionalidade racional,
para que sobreviva!
Neste
quadro de evolução da subserviência para a autonomia dos comportamentos
racionais a razão vacila demasiado tendo em conta as variáveis implícitas à
conveniência momentânea que é sempre o motivo gerador de estabilidade em
variadíssimos domínios entrando em conflito intragrupal de que resulta o
ajustamento a rotinas de grupo e por isso intergrupal porque o Homem é um
animal sociável.
Ora a
sociabilidade acarreta compromissos de que não é de todo conveniente a razão ser
linear e ser permeável quando o deve ser embora se deva lutar para que a razão
seja mais razão e o pensamento “livre como o vento” como escreveu um poeta
embora num sentido muito figurado porque essa liberdade não é tão liberdade
quanto isso.
Daí
que, “O virar de uma página de
subserviência para a das convicções!” não seja uma tarefa fácil no atual
contexto social, mas seja desejável para enfrentar os desafios do futuro que
exige uma forte convicção nos propósitos e em todos os processos conducentes a
esses propósitos.