Rogério Pires |
Portugal vive desde Novembro
de 2015 um novo ciclo politico, legalmente permitido, mas democrática e
eticamente censurável, porque rompeu com a tradição democrática histórica da
nossa jovem democracia de que quem ganha governa, quem perde faz oposição. Foi
assim que governaram minoritariamente, Mário Soares, Cavaco Silva, Guterres e
até José Sócrates.
Por necessidade de salvação
politica, António Costa que como Secretário-Geral do PS, sem falar da forma
como lá chegou, perdeu todos as eleições a que concorreu nessa qualidade,
incluído as legislativas de 2015, sentiu a necessidade de inventar esta formula
de governo para não ditar a sua morte politica como seria previsível.
Posto isto, e em jeito de
balanço, uma vez que estamos a entrar no último ano da legislatura, importa
dizer o seguinte:
O PS que tão triste desempenho
tem no seu curriculum governativo na gestão das contas, desta vez apostou
através do deficit na tentativa de limpar a sua imagem de despesista. Assim
começou uma nova era. Aliado ao PCP e BE aprova orçamentos, onde vai
satisfazendo as clientelas e as exigência desses parceiros, mas cuja execução
orçamental não corresponde ao OE aprovado. Aí aparece Centeno a cativar, e pior
a transformar em verdadeiros cortes
cegos essas cativações, austeridade pura, indo muito para além dos
deficits sucessivamente negociados com Bruxelas. O que era preciso, a todo o
custo era satisfazer as clientelas, e, ao mesmo tempo limpar a imagem do PS,
demonstrando que sabia governar com contas certas. Foi aos poucos metendo no
bolso o PCP e BE, que em lugar de indignados pela execução orçamental não
corresponder ao OE aprovado, ficam
anestesiados, só por aqui e ali irem influenciando algumas medidas, para
apresentarem aos seus eleitorados.
Assistimos assim à degradação
dos serviços do Estado. Esquadras que não têm um único carro para patrulhar a
zona porque inoperacionais. Bombeiros a quem faltam botas e luvas, para além de
viaturas. Comboios que são suprimidos por falta de combustível. Hospitais como
em Gaia onde tudo falta e que provoca a demissão de 52 Diretores e Chefes de
Serviço. Tribunais que não podem prosseguir com processos por falta de papel e
toner para as impressoras. Um sem número de anomalias que degradam as funções
do Estado, incapaz de manter um nível aceitável dos seus serviços e que falha
até no essencial, que é proteção de pessoas e bens, como aconteceu em Pedrogão
a que se sucederam outras catástrofes em Outubro com perdas de mais de uma
centena de vidas e milhares de hectares ardidos.
Mas a minha preocupação já vai
mais á frente. Depois dos deficits mais baixos da democracia, berrados aos
quatro ventos, pela dupla Centeno / António Costa, e pacificamente aceites
pelos seus aliados de governo, sabendo-se que se devem a aumentos brutais de
impostos desta feita indiretos, a aumentos de despesa para satisfazer as
clientelas, que tudo o resto é despesa nomeadamente de investimento empurrada
com a barriga, que a dívida pública não parou de crescer em valor absoluto (de
231 para 246 mil milhões) o meu receio já é agora o pós governo PS com apoio do
PCP e BE. Será que quem vier a seguir a este governo, não será confrontado com
a necessidade de pôr as contas em ordem e contabilizar tudo o que agora
empurram com a barriga, e pagar o que agora se vai fazendo a crédito, como se
vê pela dívida crescente do SNS? Não voltaremos a 2011, quando o PS garantia
que o deficit de 2010 que deixava era de 4,8% mas que logo de seguida corrigiu
para 6%, enganando os portugueses, a TROIKA e o governo Passos Coelho, pois
finamente apuradas as contas ficou em 11,2% ?