António Fernandes |
Afinal, a geringonça, que se presume:
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seja algo de disfuncional por desarticulado;
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que não funciona porque foi mal pensado e pior
construído;
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impensável e, por isso, improvável de acontecer;
No seu ultimo passo para a concretização da Legislatura, a
aprovação do Orçamento Geral do Estado para o ano da graça de dois mil e
dezanove, os detratores de uma solução politica que apelidaram de “geringonça”
porque nunca acreditaram ser possível um Governo do Partido Socialista com o
apoio Parlamentar do PCP-Partido Comunista Português, o BE-Bloco que Esquerda e
o PEV-Partido Ecologista Os Verdes, já não acreditam nas oposições do PCP e do
BE em matéria do foro do citado OGE, nem sequer que o não aprovem, porque,
dizem, estão a fazer o “bluff” do costume para pressionar o PS e que depois em
sede própria, o Parlamento, aprovarão o documento, viabilizando assim o Governo
de António Costa.
Como se essa coisa, a de pressionar, contestando e impondo
pontos de vista em relação a medidas económicas estruturantes de forma a evitar
fraturas sociais, fosse uma coisa do outro mundo, só ao alcance da visão dos
predestinados para a análise política.
Os tais que, preenchem os espaços mortos dos serviços
noticiosos teledifundidos, onde desfiam um novelo de contradições de análise
para análise sem nunca serem contraditos por terem dito o contrário dias antes.
Como foi o caso da durabilidade da solução de Governo encontrada em que
anteviam eleições antecipadas uma vez que o seu mentor de então – que não o de
hoje – Pedro Passos Coelho, como tinha tido um maior número de votos na sua
coligação PSD/CDS do que os restantes partidos individualmente, ganharia com
facilidade essa contenda.
A dissolução do Parlamento foi a sua aposta perdida.
Não porque Marcelo Rebelo de Sousa o não quisesse fazer.
Simplesmente, foi confrontado com uma solução que não podia
rejeitar por emanar de uma maioria Parlamentar que é aquilo que a Constituição
da República Portuguesa exige. Marcelo “engoliu o sapo” e não teve outra
alternativa que não fosse a de nomear Primeiro Ministro, António Costa.
Uma das primeiras vozes a despeitar a solução indicada pela
maioria Parlamentar como sendo “Sol de pouca dura”, foi a voz de Paulo Portas,
na altura Presidente do CDS/PP, que é a quem se aponta a afixação do rótulo de:
“é uma geringonça”!
Enganou-se Paulo Portas e muitos outros. Entretanto, o mesmo
Paulo Portas, já não é Presidente de coisa alguma, quiçá aspirará a ser
candidato a Presidente da República, copiando o trajeto de Marcelo pela via do
comentador de política nacional, internacional e tudo o mais que lhe ocorra.
Tem carta branca para tudo isso porque, afinal, a direita, é
a direita do capital que controla a imprensa nacional escrita televisiva e
radiodifundida; a finança e a economia; a gestão dos serviços; e tudo o resto
que se movimenta na sombra dos bastidores dos interesses estratégicos de
controlo do poder político que superintende o Estado pela via Legislativa.
Os mesmos que diziam que a dita “geringonça” não duraria
três meses. Depois já diziam: um ano. E agora, já não acreditam que a um ano de
Eleições Legislativas a citada “geringonça” se desmorone. Digam, Jerónimo de
Sousa ou Catarina Martins, aquilo que disserem.
Afinal, a esquerda ganhou este combate e impôs uma solução
de Governo que tirou Portugal da profunda crise social, política e económica,
em que se encontrava.