António Fernandes |
Houve um individuo, cidadão nacional, filiado num partido
político, a exercer atividade política, que ideologicamente defende um conjunto
de valores conducentes a um modelo político diferente do modelo em vigor, que
fez um negócio, quis rentabilizar esse negócio assumindo encargos financeiros
que uma simples hipoteca garante e cuja garantia, por si só, obriga a venda
apressada e com mais valias que cubram todos os encargos: os da aquisição do
imóvel; os do empréstimo contraído; os das obras feitas; outros.
Um individuo comum numa sociedade capitalista em que se não
se lhe seguirem as regras morre-se de fome ou pendurado na caridade que campeia
por aí como se fosse a coisa mais natural.
Simplesmente, a caridade, só existe porque existem
demasiadas pessoas a necessitarem dela e algumas pessoas que vivem
faustosamente à custa de a praticar.
O capitalismo tem regras de funcionamento social balizadas e
um meio de articulação nesse balizamento insubstituível. O dinheiro.
O capitalismo não olha a meios para atingir os fins que visa
e onde os valores Humanitários não tem sentido porque quando o tiverem a sua
razão de suporte enquanto modelo social perde o seu pilar central. O negócio. A
compra e venda de tudo aquilo que existe. Tudo tem um valor e um preço. Até a
integridade.
Numa sociedade cujo modelo político é o do “safe-se quem
puder!” e “como puder” querer de uns aquilo que os próprios não querem é, no
mínimo, risível. Não é anedótico só pela simples razão de que uma anedota tem
uma componente criativa a que o capitalismo é alheio e combate por ser o cerne
da liberdade e da construção da democracia.
Pensar-se que no atual contexto de gestão económica existente
há puritanos das duas uma: ou esses puritanos são tão puros que não raciocinam,
ou então, as miragens que os mensageiros espalham surte o efeito pretendido.
Apor uma áurea de ficção nos personagens de conveniência momentânea.
Porque, numa sociedade capitalista vale tudo para que se
consiga concretizar aquilo para que se é educado. Até para se ser hipócrita!
Este é o contexto. Esta é a sociedade do presente. Esta é a
condição incontornável que incute supostos valores de exemplos a seguir para se
enriquecer e assim se deixar subjugar pelo sistema. Algo que socialmente é de
admirar em uns e, de condenar em outros. Basta para isso que não comungue com
os princípios e por isso deve fazer voto de pobreza.
São Francisco Xavier fez esse voto, dizem, e não foi por isso
que deixou de procurar forma para dar alimento aos seus seguidores.
No entanto, estando atentos ao modo de vida em que vivem e
por isso assumindo comportamento quotidiano condicente, há muitas pessoas que
desse modelo discordam e que por isso lutam por modelo político e social
diferente.
São Francisco Xavier, à sua maneira, também o fez. E hoje,
os Franciscanos, são exemplo de solidariedade Humana.
Uma condição que é princípio elementar da vida do Homem: a
sua sobrevivência enquanto espécie e a sua permanente procura de melhoria das
suas condições de vida. Tudo o mais são as contradições geradas pelos
interesses entre si que alavancam e conduzirão impreterivelmente a uma
sociedade mais equitativa e por isso igualitária porque a justiça é uma luta de
que não se pode abdicar. Hoje uns, amanhã outros. Sendo certo que cada vez são
mais os Homens que se olham com espírito solidário e menos aqueles que olham o
seu semelhante de viés e com a hipocrisia impregnando todas as suas faculdades
mentais.
Porque:
- O futuro nunca será da estupidez medíocre e
muito menos da hipocrisia!
- O futuro é daqueles que souberem construir um
mundo onde seja possível viver em paz e com a tranquilidade que só a
estabilidade social assegura.