28/05/2018

Caos no Brasil: Lock out de empresas de transportes põe país de cócoras




Mário Russo 
O Brasil sofre o seu 6º dia de paralisação no abastecimento de mercadorias, com prejuízos de biliões de dólares e riscos de segurança física, patrimonial e, mais importante, de saúde, tal o impacto que o transporte rodoviário tem na vida do país. Falta de tudo nos supermercados, nas farmácias, nos hospitais. Aeroportos fechados. Ambulâncias paradas. Escolas e universidades encerradas. Bens perecíveis a apodrecer por falta de transporte. Animais morrem nos camiões de transporte retidos nas estradas. Caos.
O Brasil, um país continental, 99 vezes maior que Portugal, tem apenas 12% das suas rodovias pavimentadas. Surpreende? Pois bem, também a mim, que conheço razoavelmente este país me surpreendeu. Ferrovias? Só de brinquedo.
Com efeito, com dimensões continentais, o país embalou-se nos braços da indústria automobilística e abandonou a via ferroviária e de cabotagem, que além de serem melhores opções ambientais, são mais baratas. Os sucessivos governos, praticamente do último meio século, nada fizeram para alterar esta situação.
Os empregadores, grandes empresas do setor dos transportes, dominam os acontecimentos e conseguiram acuar um fraco e incompetente governo de Michel Temer, um governante que ninguém respeita. A inércia é tão grande, que tem sido o STF, através dos juízes, que têm editado medidas e mandados de justiça para desobstrução das rodovias que servem os diversos Estados, sob pena de prisão e elevadas multas.
As reivindicações passadas para a opinião pública pelos transportadores é de que é um movimento dos trabalhadores do setor (camionistas), mas é falso. Exigiram o fim de impostos que incidem sobre o gasóleo e taxas sobre as remunerações dos trabalhadores do setor e o governo apressou-se a aceitar a chantagem, onerando o orçamento de Estado em mais de 5 bilhões de reais, que farão falta à saúde e à educação, sucateadas neste país que poderia ser o paraíso na Terra, tais as potencialidades e riquezas que exibe. Depois deste abaixar de calças, os grevistas permanecem a desobedecer e exigem mais e mais. Chantagem pura. Como se pode facilmente constatar, não é para beneficiar os motoristas, mas as empresas. Os fretes não vão diminuir, nem os preços dos bilhetes de viagens de autocarro serão menores.
O Governo não soube negociar com os chantagistas com a firmeza que se impunha. O país depende totalmente dos transportes rodoviários para se abastecer e o movimento foi orquestrado por patrões e não um legítimo direito à greve dos trabalhadores, que seria para reivindicar direitos ou benefícios aos desgraçados dos motoristas, mas foi para engordar o caixa das empresas de transportes, que deram ordens aos motoristas para permanecerem nas estradas, paralisando o país. Se as empresas têm licenças para o transporte de pessoas e mercadorias é para realizar as atividades  licenciadas e necessárias ao país. Se não exercem, o Governo só tinha de dar um tempo para o recomeço, sob pena de cancelamento das licenças e pesadas multas por obstruir vias públicas que não lhes pertencem. A desobediência deve ser punida como estabelece a lei, dado o país ser um Estado de Direito. O que se está a passar é terrorismo das empresas e empresários do setor diante de um incompetente e débil governo liderado por um político fragilizado pelas acusações que lhe são feitas.
É um exemplo de más opções que deve servir de alerta para os candidatos que se avizinham nas próximas eleições e do povo brasileiro que deve ter maior responsabilidade nas escolhas que faz, porque eleição não é carnaval nem forró, como, infelizmente, tem acontecido.