António Fernandes |
O mensageiro é sempre
rosto cúmplice da mensagem que propaga ao dar-lhe a notoriedade e a projeção
necessária de que a mesma necessita para que efetivamente surta o efeito
pretendido pelo seu emissário. Coisa que a assim não acontecer, a mensagem,
nunca o seria porque nunca sairia da sua área de circunscrição.
Ora, ao alguém
lhe dar essa projeção, não pode assumir a figura do "coitadinho" só
porque não passou de um simples mensageiro...
Um mensageiro que
sacode as suas responsabilidades como se fora inocente quando se desculpa com o
argumento de que a mensagem deve ser do conhecimento comum... está a usar a
desculpa mais disfuncional e parola que lhe ocorre, não só porque a sua
conotação ideológica é pública mas também porque as suas ambições, por ser uma
figura publica, são conhecidas do seu publico alvo em geral - leitor, ouvinte
ou espectador - assim como os vínculos
existentes. Sociais e profissionais.
Nesse sentido usa
as ferramentas ao seu alcance para que a mensagem surta um efeito mais eficaz.
Conhecedores
desta conjuntura e detentores do capital social das maiores sociedades de
imprensa: impressa; digital; radio, televisão, conteúdos e outras; os interesses
económicos que financiam os agentes políticos mais conservadores e socialmente
colocados à direita no espetro político partidário conseguem de uma forma
simples fazer passar em formato "spot" mensagem simples do agrado
popular e que por dispor das duas condicionantes citadas, os meios e o
mensageiro, passam com facilidade a sua mensagem que assim se aloja no
subconsciente coletivo condicionando o consciente executor.
Não sendo, por
isso, ou por mero acaso da conjuntura económica e financeira do País, da Europa
e do Mundo, que assistimos a um crescendo da influência política da direita nas
citadas Europa e no Mundo em que Portugal consegue uma "fuga" a essa
influência por razão da influência direta que persiste dos valores e das causa
de Abril mas também por limites do interesse internacional face à escassez de
recursos naturais existentes e que por isso não faz sentido prosseguir
políticas de austeridade uma vez que originam convulsões sociais com efeitos
perversos para o modelo político e de organização económica e social que ditam
procedimentos internacionais como os que ocorreram na Grécia, Espanha, França, Alemanha, Itália
e outros no Continente Europeu, em que a direita não conseguiu alcançar os
objetivos a que se propôs, mas que com preocupação das sociedades mais
civilizadas em geral o fez nos Estados Unidos, na Ásia, mais concretamente no
Médio Oriente, onde conseguiu um retrocesso civilizacional de dimensões ainda
não apuradas, e no mundo em geral onde em resultado das suas políticas neoliberais
e de capitalismo tribal tem conseguido suster a evolução social e em
simultâneo, tem alterado todos os ecossistemas existentes assim como a
biodiversidade de forma irreversível por não conseguir discernir a diferença
que existe entre a vida que se tem e a vida que se quer para o Planeta.
É por ser obvia
esta evidência que vulgarmente se designa por "populismo", em que o
conteúdo e a ardilosa forma como o apresentam lhes dá vantagem popular mesmo em
contradição com os seus próprios interesses presentes e futuros no que toca à
circulação obscura de capitais e manipulação das bolsas de valores, assim como
a própria manipulação das bolsas de interesses nos âmbitos económicos e
financeiros ao ponto de o descalabro na articulação dos seus próprios interesses
ser tão óbvio que o mais distraído dos cidadãos comuns fica pasmado.
Pasmado, mas não
surpreendido com tamanha desfaçatez e mostra de ignorância sobre a evolução
conjuntural de todas as condicionantes envolventes ao funcionamento articulado
da inovação, propulsora de toda a evolução das sociedades, conducente ao
estádio superior da forma de vida.
Fica assim, o
mensageiro, responsabilizado por intervenção direta no combate a essas
dinâmicas ao servir interesses retrógrados e, sobre tudo, com o ónus da responsabilidade
coletiva.
Porque, já não
há, desculpa plausível para quem abre caminhos e depois omite esse esforço.
O mensageiro é, o
primeiro responsável pela mensagem que divulga e pelas consequências que essa
mensagem provoca. Sejam positivas ou sejam negativas.