António Fernandes |
Não é fácil ser-se jovem
no tempo presente dizem todos os entendidos que aprofundam as suas análises em
números redondos em que a memória se escapa por entre mentes pouco criativas e
raramente exercitadas sobre a envolvência quotidiana que é sempre o resultado
de um conjunto alargado de circunstâncias em que cada elo da cadeia que faz a
História assume o relevo e a importância devida consoante o prisma nuns casos,
o efeito noutros casos e, as consequências na grande maioria dos casos afetos.
A juventude tem do presente uma abordagem de dificuldades
acrescidas em contexto transversal de uma postura individualizada e
equidistante de uma envolvência complexa por motivo que lhe é estranho.
Envolvência essa que tem inicio embrionário de geração com
dificuldades e que encontra vicissitudes por defeito de formação inserta nos
mecanismos educativos existentes, mas também de uma forma assimétrica em toda a
estrutura social.
Mecanismos esses que forjam o individualismo que compete em
que a circunscrição da vida se resume ao próprio e interesses associados.
O coletivo é algo vago sobre que se dissertam teorias
aleatórias sempre numa lógica de competitividade produtiva de riqueza como que
se a forma de vida que hoje existe tivesse sido a mesma de todo o passado.
Há situações em que de facto existem semelhanças.
Nomeadamente no domínio das dificuldades. Porque em nenhum período da História
da Humanidades foi fácil ser-se jovem. Nem jovem, nem em faixa etária nenhuma!
Dissecar as dificuldades por segmento etário seria
fastidioso demais. Segmentos esses escalonados por padrões: a infância; a
adolescência; a juventude; o adulto;
Sendo que nos diversos estádios há especificidades diversas
ao ponto de haver uma "máxima" usual que é a de que: " cada
caso, é um caso!".
No que ao estudo científico importa a padronização é uma
referência genérica alvo.
Os processos de organização social e do reconhecimento dos
direitos cívicos sempre foi complexo e difícil.
Desde: o comunismo primitivo; a cadeia de comando tribal; o
escalonamento hierárquico por descendência; o escalonamento hierárquico por
posição nobre; o escalonamento hierárquico por posse de riqueza; o
escalonamento hierárquico por posto de comando militar; o escalonamento
hierárquico por influência social; o escalonamento hierárquico por exercício do
poder político partidário; à disputa democrática pelo poder político.
Estádios da Humanidade em que houve Homens que não eram
considerados como tal. Desde o esclavagismo à exploração desenfreada de
comunidades inteiras na agricultura de latifúndio, assim como a diferença
racial em determinados contextos como aconteceu aquando da tentativa de
"fabricar" uma raça de Homens. A raça Ariana. E exterminar uma outra
que não era uma raça específica e sim uma comunidade com um credo, usos e
costumes, próprios de uma identidade coletiva. Os judeus.
Questões essenciais para que melhor se compreenda o trajeto
do Ser Humano, em que as dificuldades sempre fizeram parte do seu quotidiano,
mas que, de conquista em conquista, chega ao presente com uma conjuntura
internacional de assimetrias diferentes em cada Continente. Sendo que a Europa
é o Continente em que essas assimetrias menos se manifestam porque tem vindo a
ser corrigidas.
Assim sendo, o desafio que se coloca à juventude do
presente, em primeira instância, é o de assegurar que não haja retrocesso nas
conquistas alcançadas pela Humanidade, em que a melhoria das suas condições de
vida são um facto, o domínio do conhecimento outro facto, e a paridade económica
e de género uma luta com conquistas significativas são factos em construção.
A juventude perdida por gerações inteiras deve ser um motivo
de discussão atual porque a juventude do presente tem todo o direito a viver
esse espaço etário da sua vida com direitos e dignidade acrescida de forma a
construir gerações que olhem o mundo e as suas dinâmicas interativas numa
lógica de que a perfeição pode não existir, mas melhorar é sempre possível!
Falta por isso munir os jovens de hoje com o conhecimento do
afeto e da sensibilidade que o rigor intrínseco à confiança nos seus
antecessores e nos seus pares são condição essencial à esperança na construção
de um futuro sempre melhor.