06/03/2018

UM RIO COM A CONFIANÇA ABALADA



António Fernandes 

Sinceramente, que não sei muito bem qual a Confiança de um Rio confinado a margens estreitas e poluídas.
Estreitas porque as ambições do Rio se balizam por números redondos. Aqueles em que o haver nem sempre combina com o deve sempre com o mesmo pretexto: O deve é coisa do passado. O haver é coisa que a Comunidade Europeia dirá, se há, ou não há, € (euros) para certas pretensões. As do Rio, por exemplo.
Poluídas, porque a pior poluição imaginável é a poluição mental que dá a forma ao executado.
Foram-se, dizem, os fundos comunitários e, por isso, a alienação será a solução à vista para a  fábrica Confiança.
Dirão os puritanos defensores do património imaterial, que no caso até é material, de paredes exteriores em pé e interiores demolidas pelas intempéries do tempo, a que o Rio se prestava antes de ser edil, mas que depois de edil ser, mudou a agulha para outras visões bem mais materiais porque estas coisas do imaterial custam dinheiro aos contribuintes que, afinal, são o grosso da coluna dos cidadãos eleitores, dirão, dizia eu, os defensores do património, que vamos assistir a mais um atentado material ao imaterial que corporiza gerações de trabalhadores num setor único desde sempre em Braga. O fabrico do sabão, sabonetes e outros!
Era o Rosa; o Azul; o Branco; o aromatizado (tipo Clarim); todos em barra para comercialização a granel a que mais tarde se vieram juntar os célebre sabonetes.
Era o mau cheiro que se espalhava pela cidade sendo que desde os Peões às Goladas era nauseabundo e insuportável mas a que as pessoas se iam acostumando porque não tinham outro remédio.
Ou não tivesse sido a Perfumaria e Saboaria Confiança uma das indústrias mais antigas da cidade que deu trabalho a gerações inteiras ao longo de anos a fio.
- Património material e imaterial da cidade. Da industria e, da memória coletiva! -
O Rio pensou que galgaria a margem e que com fundos comunitários “plantaria flores” em jardim abandonado.
Coisa que não foi capaz de fazer na jóia da coroa de um Município que é, o seu ordenamento urbanistico, para cujo declinio contribuiu decisivamente ao longo destes últimos quatro anos, a caminho dos cinco, e que se chama: grandes superficies comerciais.
Perante cujos ineresses claudicou de forma rotunda!
Assim como claudicou em toda a rede viária Municipal e Concelhia entre uma mão cheia de promessas e uma outra cheia de nada no que à sua concretização diz respeito com que brindou os bracarenses.
Ora, este Rio, pensou que nas quatro paredes que delimitam a ruína da Confiança, mais os terrenos anexos, faria algo que ninguém sabe o que seria, com o dinheiro dos Europeus.
Correu-lhe mal este vaticínio e ficou sem soluções de engenharia financeira e parceria económica que desse vida ao espaço e ao local. - S. Vitor o Velho - .
Ruiu assim mais uma margem onde edificou escarpa de confiança que se vai juntar a muitas outras escalpelizadas em doze anos e que em quase cinco de mandato não concretizou uma que fosse, da sua lavra.
Temos por isso uma cidade em declínio acentuado em todas as vertentes que são a marca de qualquer cidade europeia:
        As infraestruturas gerais;
       As redes de transportes;
       A sustentabilidade do Município;
        A sustentabilidade de todos os agentes económicos;
       A reabilitação urbana;
       A qualidade de vida da população;
         A gestão condigna do espaço e de todas as suas componentes;
        Entre muitas outras responsabilidades sociais e políticas assumidas;
Do resultado do exercício do mandato apura-se contração em todos os domínios da responsabilidade maior de um Município que é o de proporcionar aos seus Munícipes respostas eficazes a necessidades com que se defrontam em conta natura com as festas que promove e a imagem que quer fazer passar para o exterior.
Expectavam-se investimentos:
        na Cultura;
        no reordenamento urbano com primazia para o Centro Histórico;
        na manutenção da rede viária;
        nos interfaces de transporte público;
        na definição de políticas para o turismo em geral;
        no apoio eficaz às Instituições de Solidariedade Social que cada vez mais são solicitadas por utentes em fim de vida;
        entre um leque alargado de responsabilidades da competência do Município que se ficam por papéis porque a equipa gestora não está imbuída da sensibilidade que uma gestão económica de cariz social exige.
Não se trata por isso de de falta de ambição politica.
Do que se trata é de um perfil de gestores que olham os Munícipes como receita e despesa. E que por isso, não são capazes de discernir a componente social.
Nada mais!
Motivo que elenca uma preocupação enorme: como é que uma equipa destas virá a gerir as novas competências delegadas ou transferidas pelo poder central?
Fica a pergunta.
Com ou sem, Confiança...