António Fernandes |
Há praticas que tem feito prova ao
longo dos últimos anos serem meros artifícios de discussão sobre algo
que alguém já decidiu e que teima em validar
junto dos seus, invertendo o ónus da auscultação recomendada. Como se o seu
"mundo" fosse o universo de todos
os outros pequenos "mundos" que constituem a vida coletiva.
A presente crise, mais de valores e de
identidade social, do que político partidária,
assenta numa crise de valores de referência
de muitos dos seus agentes. Uns, com responsabilidade política e outros com
responsabilidade pública. Ambos com responsabilidade de abrangência social. Responsabilidade que lhe é implícita ao exercício de
liderança institucional, profissional, de
organização ou outra. E de que deriva orientação social, política, económica,
financeira, entre outras, que determinam as condicionantes mestras da vida.
Responsabilidades aceites,
nomeadamente as do exercício.
Porque em todas as outras
responsabilidades inerentes, não raramente, são
confrontados com novas dinâmicas do exercício institucional, pragmático e programático,
de que acontece, por falta de preparação, um completo, quiçá complexo
também, desnorte. Desnorte esse, que se
deve a relevante falta de conhecimento e de formação mínima necessária,
obrigando a que muitos dos novos dirigentes tenham necessidade em
"navegar à deriva"
por "mares encapelados" sem velas e sem remos.
Esta realidade incontornável e não
acautelada a montante, no âmbito da preparação e da formação abrangente em detrimento e um novo
conceito tecnocrata de que a cultura geral é irrelevante, "desaguou" na
presente crise social. Com enfoque acrescido sobre a noção dos valores e de
identidade nacional. Valores e identidade que foram pura e simplesmente
escamoteados!
Refletindo-se esta conduta nas organizações sociais, em especial nos
partidos políticos, por serem estes a face visível do exercício do poder e
responderem perante a opinião pública sobre as políticas correntes idealizadas
e aplicadas, de que resulta acréscimo de impostos a pagar pelo contribuinte
comum traduzida na contribuição com que
cada um participa - de forma obrigatória através das diversas tributações
existentes - sendo líquido, que, de
forma voluntária ou através do O.E. acaba por participar também, embora a forma
de participação não seja de tão fácil percepção,
na atividade financeira de todas as outras organizações existentes.
Reportando ao sentimento de critica
generalizada sobre a atividade dos partidos políticos, onde o vazio é mais latente uma vez que é destas organizações que se esperam
soluções para os problemas existentes, e pelos motivos antes anotados, a que
segmentos da população aderiu por convergência
de valores e ideais, e só por
isso. Desvinculando-se de qualquer espécie de assunção da responsabilidade
inerente, porque o que importa, pensam, é ganhar
eleições!
Independentemente do quadrante sócio
económico de que sejam originários. Do partido político a que tenham aderido,
simpatizem, ou simplesmente, votem.
Esquecendo-se de que o que de facto
importa, é voltar
a ganhar a confiança das pessoas em geral! Nomeadamente das que se acomodam ao
seu quotidiano e pouco ou nada fazem no quadro das atividades sociais.
Tentar trazê-las de novo para a
atividade social em que a intervenção política é uma parte importante. Porque os
partidos políticos são organizações de pessoas em torno de interesses coletivos para cuja luta e defesa
estão vocacionados e vinculados por princípios.
Sem a participação ativa das pessoas
em todas as vertentes em que assentam a organização das sociedades não há organizaçãoo social
equilibrada e justa!
Sem a participação ativa das pessoas não
pode haver em cada um a tranquilidade de que tudo fizeram para a construção de
um mundo mais justo e equitativo onde todos possamos viver em comunhão e
partilha. E de que as gerações futuras desfrutem e melhorem.
Porque a assim não ser, podemos pensar
estar a agir bem, e o resultado ser rigorosamente o contrario. O de estarmos a
agir mal!
Conclui-se por isso que práticas
coerentes exigem metodologia e conhecimento adequado de acordo com a função.
Enquanto que práticas avulso advêm do
recurso momentâneo para no momento seguinte se diluírem por inexistência de método e de conhecimento sobre
o que se faz e como se faz.
O que acontece por manifesta falta de
matriz nos valores e na identidade: da ética
e da moral!