26/03/2018

Em tempos de crise, de valores, e de identidade!




António Fernandes 
Há praticas que tem feito prova ao longo dos últimos anos serem meros artifícios de  discussão sobre algo que alguém já decidiu e que teima em validar junto dos seus, invertendo o ónus da auscultação recomendada. Como se o seu "mundo" fosse o universo de todos  os outros pequenos "mundos" que constituem a vida coletiva.
A presente crise, mais de valores e de identidade social, do que político partidária, assenta numa crise de valores de referência de muitos dos seus agentes. Uns, com responsabilidade política e outros com responsabilidade pública. Ambos com responsabilidade de abrangência social. Responsabilidade que lhe é implícita ao exercício de liderança institucional, profissional, de organização ou outra. E de que deriva orientação social, política, económica, financeira, entre outras, que determinam as condicionantes mestras da vida.
Responsabilidades aceites, nomeadamente as do exercício.
Porque em todas as outras responsabilidades inerentes, não raramente, são  confrontados com novas dinâmicas do exercício institucional, pragmático e programático,  de que acontece, por falta de preparação, um completo, quiçá complexo também,  desnorte. Desnorte esse, que se deve a relevante falta de conhecimento e de formação mínima necessária,  obrigando a que muitos dos novos dirigentes tenham necessidade    em  "navegar à deriva" por "mares encapelados" sem velas e sem remos.
Esta realidade incontornável e não acautelada a montante, no âmbito da preparação e da formação abrangente em detrimento e um novo conceito tecnocrata de que a cultura geral é irrelevante, "desaguou" na presente crise social. Com enfoque acrescido sobre a noção dos valores e de identidade nacional. Valores e identidade que foram pura e simplesmente escamoteados!
Refletindo-se esta conduta nas  organizações sociais, em especial nos partidos políticos, por serem estes a face visível do exercício do poder e responderem perante a opinião pública sobre as políticas correntes idealizadas e aplicadas, de que resulta acréscimo de impostos a pagar pelo contribuinte comum traduzida na contribuição com que  cada um participa - de forma obrigatória através das diversas tributações existentes  - sendo líquido, que, de forma voluntária ou através do O.E. acaba por participar também, embora a forma de participação não seja de tão fácil percepção, na atividade financeira de todas as outras organizações existentes.
Reportando ao sentimento de critica generalizada sobre a atividade dos partidos políticos,  onde o vazio é mais latente uma vez que é destas organizações que se esperam soluções para os problemas existentes, e pelos motivos antes anotados, a que segmentos da população aderiu por convergência de valores e ideais, e só por isso. Desvinculando-se de qualquer espécie de assunção da responsabilidade inerente, porque o que importa, pensam, é ganhar eleições!
Independentemente do quadrante sócio económico de que sejam originários. Do partido político a que tenham aderido, simpatizem, ou simplesmente, votem.
Esquecendo-se de que o que de facto importa, é voltar a ganhar a confiança das pessoas em geral! Nomeadamente das que se acomodam ao seu quotidiano e pouco ou nada fazem no quadro das atividades sociais.
Tentar trazê-las de novo para a atividade social em que a intervenção política é uma parte importante. Porque os partidos políticos são organizações de pessoas em torno de  interesses coletivos para cuja luta e defesa estão vocacionados e vinculados por princípios.
Sem a participação ativa das pessoas em todas as vertentes em que assentam a organização das sociedades não há organizaçãoo social equilibrada e justa!
Sem a participação ativa das pessoas não pode haver em cada um a tranquilidade de que tudo fizeram para a construção de um mundo mais justo e equitativo onde todos possamos viver em comunhão e partilha. E de que as gerações futuras desfrutem e melhorem.
Porque a assim não ser, podemos pensar estar a agir bem, e o resultado ser rigorosamente o contrario. O de estarmos a agir mal!
Conclui-se por isso que práticas coerentes exigem metodologia e conhecimento adequado de acordo com a função. Enquanto que práticas avulso advêm do recurso momentâneo para no momento seguinte se diluírem por inexistência de método e de conhecimento sobre o que se faz e como se faz.
O que acontece por manifesta falta de matriz nos valores e na identidade: da ética e da moral!