António Fernandes |
Razão pela qual, dentro dos partidos políticos, as
sensibilidades se agrupam em fações que enquanto discutem entre si o poder
interno se alheiam daquilo que deviam ser a essência das suas lutas que tem que ver com a organização social e
administrativa do território e das suas comunidades. Desta forma, quando
chamadas ao exercício público,
por ato eletivo, raramente se identificam com as problemáticas para que deviam
estar preparados e por isso não dispõe de soluções. Facto pelo qual se
socorrem de “remendos”
corporizados por tecnocratas que sequiosos de protagonismo se prestam a esses
fretes uma vez que, não raramente, nem sequer se identificam com o ideário politico da organização a quem
vão prestar o serviço.
Esta conduta, que não é nova em algumas organizações partidárias, associativas e outras formas de organização,
pretende incutir aquilo que confundem como sendo o “respeito” a “ordem” e o
“bom funcionamento da Instituição”, quando da sua prática se apura
exclusivamente intenção de
perpetuação de um conjunto de pessoas fechado, e da sua exclusiva
opinião, seja interna ou externa ao Órgão, seja coincidente ou diferente.
Conduta que nunca foi, nem na forma nem na prática, um exercício
corrente das organizações dirigidas por mentes progressistas, porque desde
sempre souberam ser a sua abertura aos seus membros e à sociedade o principio deontológico e ético do funcionamento
democrático agregador do trabalho coletivo, hoje considerado como trabalho
organizado em torno de uma equipa de pessoas responsáveis, cujo objetivo é auscultar as comunidades para que
do seu trabalho resultem boas práticas e a excelência nos serviços
que prestam.
É um principio de fácil execução quando os executores estão em
sintonia com o meio e de difícil execução sempre que os executores são alheios
a esse mesmo meio mesmo quando demonstram, ou tentam demonstrar, o contrário,
na justa medida em que não é o
habito que faz o monge porque a mentalidade monástica está alojada na formatação
intelectual do indivíduo e nunca na vestimenta, tenha ela o formato que tiver.
Até porque, o
valor de autoestima sendo um direito de todos os cidadãos que exige condições de vida que
propiciem esse sentimento e é uma
causa pela qual as mentes progressistas pugnam, considerando ser uma condição imprescindível para o
funcionamento saudável de uma qualquer instituição em particular, e da
sociedade no seu todo, colide com o espezinhar desse valor que o espirito de
seita vilipendia.
Sabido que é,
ser a partilha do pensamento que dá forma à opinião
coletiva que se expressa.
A assim não
ser, há castração do pensamento comum para fazer vingar o pensamento de
uns quantos que são um núcleo de pessoas limitadas, e que para que o seu
pensamento seja socialmente aceite necessitam de estabelecer barreiras
intransponíveis ao pensamento inteligente que forja o pensamento social e
coletivo.
Por isso, o “modus
operandi” de uma seita no que toca ao formato da sua organização interna
assenta no não permitir a existência
desse sentimento de autoestima nos seus membros, militantes ou sócios, porque
gerando um estado permanente de submissão nas suas hostes consegue reunir um
conjunto de condições que
são imprescindíveis
para a concretização da obediência
necessária ao seu “normal” funcionamento.
Uma seita tem uma hierarquia própria que não admite afronta ou
sublevações. Uma hierarquia que é imposta
por meios diversos e de onde sai a chefia, ditatorial ou “testa de ferro”, encarregue em obrigar
a que todas as estruturas existentes a sirvam. Assumem que só ela tem o direito a emanar
diretrizes, fecham-se nas deliberações que tomam, e que depois exigem que sejam
cumpridas.
Ora, na conjuntura Nacional, após a Revolução de Abril, é
necessário estar atento a estas tentações que são fatais para quem acredita
num projeto de futuro para as sociedades do presente!
Porque, como a sabedoria popular diz: “quem cala, consente!”.