António Fernandes |
Mas,
pelo que se lê na imprensa reproduzida nas redes sociais e afins, lembrou a uma
certa visão eclesiástica mais conservadora que ainda não percebeu que opinar
sobre outrem em áreas do foro íntimo dos visados é motivo para afastar de si
aqueles que até aí lhe seguiam os conselhos doutrinários.
Um
pouco à semelhança de homilias em que o tema abordado procura na comunidade
exemplo de condutas menos corretas no contexto da interpretação bíblica da
mensagem evangélica acabando por devassar a vida social deste ou daquele
paroquiano que assim se afasta. Mesmo quando essa abordagem é feita no sentido
apreciativo.
Como
sabemos, o celibato, ou abstinência, é um dos votos livremente aceites e, com a
obrigatoriedade de ser cumprido, por todos aqueles que optam por uma vida de
missão e de serviço dedicada a Deus pregando a Palavra de seu Filho Jesus
Cristo ao seu rebanho de fiéis à Igreja Católica Apostólica Romana.
Sendo
que, ao Pastor, para além de apascentar o seu rebanho, cabe também a conversão
das ovelhas tresmalhadas no seio da sua paróquia sempre na perspectiva humilde
de Servir e de Evangelizar.
Aquilo
que não lhe cabe nem compete é imiscuir-se em assunto para o qual não é
solicitado.
A que
acresce a “violação” do princípio da consumação marital que é a única forma que
a igreja tem para anular o casamento celebrado.
Ora, se
perante a Lei a figura do “recasamento” não existe. Porque aquilo que existe é
o registo em Cartório Notarial ou serviço de Notário legalmente reconhecido de
um ato. O ato do casamento.
No
caso, presumo, o registo de divórcio anula o registo do casamento com aquela
pessoa, passando à situação civil de divorciado.
Se por
ventura houver alteração do estado civil de um qualquer cidadão de divorciado
para casado, aquilo que há é o assento dessa situação civil. Independentemente
de com quem quer que seja.
Não há,
por isso, “recasamento”. O que há é um novo casamento de pessoas que já o foram
mas que o deixaram de ser para voltar a ser.
Importa
por isso também, alertar para a violação grave da terminologia linguística
assim como a sua submissão ou ato de negação sempre que os doutores da nossa praça
e outros licenciados, na falta de conhecimento e de domínio da sua língua
materna usam palavras rebuscadas em outras línguas sem que se saiba muito por
quê, nem para quê.
Temos
por isso, “ Ele há cousas que não lembram ao diabo” mas que são práticas
correntes em domínios e por pessoas que mais do que diplomas deviam era ter
juízo!
Aquilo
a que vimos assistindo de há muitos anos a esta parte em certa medida
influências da colonização cultural Inglesa e a emigração para França de
nacionais em busca de trabalho que em Portugal não havia, é ao uso da língua
Francesa conjuntamente com a língua Inglesa, em designações de
estabelecimentos de hotelaria como o foram as “boites” e os “snack bar” entre
muitas outras designações mas que não passavam da mera utilização designativa
de interesse para tipificar o fim a que se destinavam, para o uso corrente em
expressão verbal e escrita de tipificação de evento; designação de cargo;
definição e classificação técnica de procedimentos e de produtos; entre muitos
outros contextos de factos, ou mesmo de apresentação especializada, verbal e
escrita, desde os domínios mais vulgares aos mais sofisticados com
predominância para os meios académicos, a um autêntico vilipêndio da língua
Portuguesa que assim perde a sua identidade precisamente onde mais devia ser preservada.
Com a
agravante de haver termos nacionais para os “estrangeirismos” com que somos
confrontados com demasiada frequência e em uso permanente.
O que
torna a discussão em torno do acordo ortográfico uma discussão estéril quando
comparada com a citada que, nem sequer se questiona e por isso, não se discute.
É um facto consumado que parece pacifico e socialmente aceite. Infelizmente!
Este
vilipendiar de valores: de identidade genética num caso e, de de identidade
nacional noutro caso, são de tal forma bizarros que tentar compreendê-los é um
exercício quiçá, só ao alcance dos envolvidos na sua difusão e defesa.
Porque...
“Ele há cousas que não lembram ao diabo!”