21/12/2017

Opinião de Joaquim Jorge no Jornal É Noticia



“Querido Pai Natal,


Eu vou aproveitar esta época natalícia para pedir-te várias presentes para o meu querido país.
Portugal é um país adorável que tem tudo que uma pessoa pode desejar: gente bonita, boa comida, muito Sol, mar, paisagens magníficas, as quatro estações do ano, entre outras coisas. Mas, infelizmente "não há bela sem senão" - é muito mal habitado: muitos corruptos e gente mal-educada.  
Basta ver os casos de corrupção na política portuguesa e quem exerce cargos públicos que são de pôr os cabelos em pé a qualquer português minimamente informado e preocupado com o que se passa à sua volta.
um certo espírito português que barafusta e vocifera por mudança, mas infelizmente está sempre demasiado ocupado com a sua vida e, entende, os casos de corrupção na política portuguesa como uma fatalidade. E, chega ao ponto de naturalizar a corrupção.
A vida política portuguesa precisa de ter sentido e valores. A nossa democracia está doente e precisa de uma sociedade civil, atenta, interventiva e informada.
Os cidadãos mais parecem nem-nem (nem querem saber nem lutam). Einstein dizia: " o esforço desperta responsabilidade e é a maior contribuição para todos nós".
A falta de educação dos portugueses é gritante, assim como, a falta de civismo e de bons modos. A maioria dos portugueses precisa de um livro de instruções como se deve comportar em sociedade e perante os outros. Julgam que só tem direitos e esquecem as obrigações.

Pai Natal peço-te o seguinte:

A nível de Estado

- Mudes o funcionamento da nossa democracia.
- Mandes fazer uma auditoria à nossa democracia: era importante os portugueses saberem quanto custa a nossa democracia.
- A justiça seja igual para todos, célere e consequente.
- Emagreças brutalmente a classe política, acabes com mordomias, pensões vitalícias e, um Estado gastador e gordo.

A nível de Partidos

- Separes os partidos do Governo.
- Os partidos parecem sociedades anónimas (S.A.) que têm um Conselho de Administração que está sediado em Lisboa que é a direcção do partido e depois as diversas filiais nas capitais de distrito (distritais), que por sua vez têm as sucursais e as sub-sucursais (concelhias e secções). Os partidos não podem ser uma agência de empregos. Acaba com isto.

A nível de Sistema Político

 - É preciso uma nova política para o séc. XXI demarcando-se dos vícios da velha política.
- É preciso políticas baratas. Actualmente a política fica muito cara ao erário público e aos portugueses: campanhas eleitorais e financiamento partidário.


A nível de Educação

- A educação tem que se ensinar em casa e nos bancos da escola. A escola não se pode substituir aos pais.
- Explica aos portugueses que ter dinheiro não é tudo na vida, é importante ter princípios e saber estar. Estou cansado de novos-ricos.
 - Explica que ter instrução é diferente de educação. Estou cansado de novos-ricos intelectuais (doutores).
- Explica aos pais que nem todos os filhos têm que ter uma licenciatura para serem felizes e singrarem na vida. O que é necessário é terem uma profissão, seja ela qual for, que seja reconhecida socialmente.
- É tão importante ser técnico da construção civil, ou técnico de saúde, como técnico de jardinagem ou técnico de ensino.
- Chama à atenção dos portugueses para serem menos invejosos, ressentidos e queixinhas.
- Chama à atenção dos portugueses que procurem fazer mais e falar menos. Estão sempre à espera que alguém faça por eles.



Pai Natal, este ano, só te peço isto, acho que não é pouco e, não sei, se consegues satisfazer os meus desejos. Eu apesar da minha idade, ainda, quero acreditar no Pai Natal.
Portugal precisa de uma revolução pacífica de ideias e de mentalidades, com uma opinião pública atenta, interventiva e inteligente. Isso, infelizmente não se faz de um dia para o outro.
Os portugueses deixaram de acreditar e acham que não chega substituir uns dirigentes por outros.
É preciso alterar o sistema político que deixou de funcionar. O sistema político gera défices de todo o tipo e bloqueios sectários.
Pai Natal gostava que dissesses de uma maneira consciente aos políticos: o país precisa de se reiniciar como se faz num computador.
Por fim, Pai Natal gostava que dissesses aos portugueses que sejam mais educados e respeitem os outros. E, a nossa liberdade acaba quando interfere com as outras pessoas. Que os portugueses liguem mais ao ser do que ao ter.


Obrigado Pai Natal e até para o ano,

Joaquim Jorge"