António Fernandes |
A
definição e caracterização das sociedades sempre se distinguiu pela capacidade
demonstrada em se organizar. Na sua defesa; alimentação; identidade
comunitária; expansão; outras.
É no
seguimento deste trajeto de organização em sociedade que surgem diversas
tipologias de organização social dinamizadas por grupos de cidadãos em torno de
um vasto leque de interesses. Individuais; de grupo étnico; religioso; político
e outros; Assim como o da associação de ideias abrangentes cujo fim tem sido,
ao longo da sua existência enquanto movimento associado/associativo, o de
servir a comunidade em geral nas vertentes em que as necessidades são mais
latentes.
Devido
ao diversificado e elevado índice de problemáticas sociais existentes, o
movimento associativo surge como resposta local a solicitações específicas em
torno de projetos de solução para o coletivo num contexto de serviço de
cidadãos para concidadãos. Serviço prestado de forma voluntária e que cabe na
tipologia do serviço público. Importando, para o efeito, plasmar algumas notas
sobre tal prestação:
a.
O
serviço público é a demonstração maior do respeito pelo direito a ter direitos
de todos os cidadãos;
b.
É
o empenho abnegado;
c.
É
o dar sem esperar receber;
d.
É
o viver em constante pugna por causas;
e.
É
o sentir que a nobreza de um gesto não se esgota porque a imperfeição do Homem
obriga a manter esse sentimento e esse gesto em alerta permanente;
f.
É
o culminar de um ciclo de valores que se respeita e defende em torno de um ato
simples, o de viver sendo útil ao próximo. Compreender os novos tempos. As
novas gentes, os seus hábitos, usos e costumes. Conciliar o passado e o
presente com os desafios do futuro. Preencher os vazios sociais que se
avolumam. Encontrar soluções de equilíbrio e ter coragem para as implementar;
Em
suma; O serviço público prestado pelos agentes associativos no âmbito da
influência direta da atividade que desenvolvem e do trabalho que prestam atinge
níveis de solidariedade ímpar no quotidiano de todos os cidadãos que atravessam
momentos difíceis.
É um
serviço prestado à sociedade de forma graciosa – não remunerada – por conjuntos
de cidadãos com o objetivo de servir o seu semelhante.
O
movimento associativo agrega na sua génesis a força vitalizada das forças vivas
da sociedade em que se insere. Espelha os saberes e sentires locais. As
tradições. O presente. E permite-se sonhar o futuro!
Ignorar,
contornar ou desvalorizar, esta realidade, é conduta de quem se auto exclui da
vida em sociedade.
Talvez
por isso a conduta mais usual ao longo dos tempos tenha sido a de tentar
controlar o movimento associativo. Alias, esta conduta, remonta aos primórdios
da civilização Humana por ser a de mais fácil execução.
O
movimento associativo após a revolução de 1910 tem uma rutura radical no seu
modelo estrutural. O modelo de origem corporativo que vigorava e, o modelo de
origem democrático que passou a vigorar depois de Abril de1974.
O
movimento associativo do tipo corporativo tinha ligação ao poder político
designado por “Estado Novo” sendo por este fomentado, controlado e apoiado.
Nesse
tempo, emergirem novos movimentos com intenção de serem alternativos era
complexo.
Parcialmente...
Era possível, através da integração na estrutura dirigente, permitindo assim
aos que pugnavam por um movimento associativo autónomo e livre, com vontade
própria, inconformista, de transmissão de saber e de conhecimento, através de
artifícios de recurso para contornar os censores e os meios de força então
existentes.
Após
Abril de 1974, o movimento associativo explode.
É
transversal a toda a sociedade independentemente do sexo e da idade, com
predomínio para o associativismo juvenil porque a sua componente tinha peso de
relevo e significado quantitativo e de voluntariedade inestimável e
inquestionável.
Assiste-se
a um crescimento avulso (anárquico) de movimentos que posteriormente se
constituem em associações devidamente organizadas em todas as áreas e componentes
sociais com ênfase de destaque para as de orientação política, cultural,
religiosa, desportiva, e outras, numa autêntica apoteose de vontade manifesta
em expressar sentimentos, resolver carências e de apontar caminhos com a
cultura sempre presente.
É
neste contexto e com esta realidade que se defrontam as diversas organizações
de orientação política existentes no Concelho.
Mais
concretamente as que no exercício do poder autárquico, Municipal e de
Freguesias, tem a obrigação política e social de apoiar e de incentivar a sua
comunidade juvenil porque é nela que reside o futuro da comunidade em geral e
da sua continuidade enquanto comunidade civilização.
Um
contexto em que aconteceram alterações profundas no modo de viver das suas
populações, nomeadamente na componente da saúde em que a prevenção e melhoria
nos cuidados de saúde prestados pelos diversos agentes envolvidos assim como na
sua componente de inovação e desenvolvimento eleva os índices de longevidade
culminando na atual situação de envelhecimento das populações. Surgem assim, em
catadupa, as IPSS'S com vocação social para os “Centros de Dia” e de “Lar” e o
Associativismo Sénior. Ambos em crescendo, mas com diferenças ocupacionais de
relevo quiçá, por necessidades distintas e diferentes.
As
IPSS's cuidam dos seus utentes enquanto que no Associativismo Sénior são os
utentes que cuidam da Associação como espaço aonde o esplendor das suas
faculdades surja com plenitude de forma a que se sintam no uso pleno dessas
mesmas faculdades.
Ou
seja; as carências de uns e de outros são diferentes, independentemente da
idade.
Neste
quadro, importa perceber nos diversos agentes do poder, seja: social,
económico, político, religioso, étnico, ou outro, a demonstração inequívoca da
vontade, acutilância e sensibilidade, para estas valências sociais de relevo,
sendo que cabe ao poder político enquanto força organizada para a administração
e gestão publica, servir de plataforma convergente de todas as divergências
aonde todos caibam e apontem soluções.