António Fernandes |
A Europa enquanto espaço de mediação e de
diálogo, tem o seu pico de desenvolvimento no início e meados do século XX e no
corrente século XXI mais concretamente na sua zona central a que se
convencionou chamar: Europa Ocidental.
Depois de um longo caminho na História das
suas civilizações, mais concretamente com o deflagrar e as inerentes
consequências das duas grandes guerras que a afetaram profundamente assim como
o grande impacto social produzido pela Revolução Agrária que tem ciclos
distintos consoante os Países em que se processou e no tempo em que ocorreu, em
que, as profundas alterações que introduziu na organização dos territórios e na
organização da vida das comunidades locais em pleno advento da Revolução
Industrial, até ao presente, foram incomensuráveis.
Após as diversas alterações no modo de vida
das populações, desde os hábitos, usos e costumes, transitados de geração para
geração, até ao romper, pela via revolucionária, de modelos políticos e
económicos vigentes, a interação geracional foi sempre o elo de ligação
cultural e de proximidade social que tem vindo a resistir mas que, com a
renovação dos ciclos implícitos, familiar, politico, social e outros, assim
como a necessidade de ajustamento aos tempos, tem sido complacente com as
mudanças operadas no espaço Europeu tornando-o em um espaço obrigatoriamente
intercultural e de mediação para que a coabitação seja possível e pacifica.
A deslocação de emigrantes oriundos dos
Países mais periféricos e mais pobres para os Países mais devastados pelas
primeira e segundas grandes guerras, em busca de trabalho, é, o maior impacto
na relação intercultural. Desde logo pelas diferenças linguísticas. A que
acrescem as diferenças nos hábitos, usos e costumes, assim como, a inexistência
de condições mínimas em diversos domínios com enfoque imediato na habitação
para a fixação dos emigrantes, na sua maioria clandestinos e por isso, com
dificuldades extremas na sua legalização de cidadania e de encontrar emprego
condigno e com direitos
Estas dinâmicas de fixação, trabalho, e de
estabilidade social, de povos com identidades diversas nos planos cultural e de
experiências de vida, tiveram em si, vários patamares de processamento do
diálogo necessário para interagir no espaço Europeu aonde se fixaram
predominantemente em Países da Europa Central. Nomeadamente: França; Alemanha;
Suiça; Belgica; Luxemburgo e outros.
Para além do surto de emigração interno, a
Europa Central também foi destino para emigrantes oriundos de ex colónias
francesas e de outros Países assim como refugiados em fuga a conjunturas
internas: guerras civis; fome; desemprego; instabilidade politica e social; e
outras carências em geral tendo inclusivamente um alto comissariado para os
refugiados. Albergou também, através da concessão de asilo politico, opositores
a regimes políticos, religiosos e, outros.
Neste contexto, a Europa Ocidental, surge
como destino alternativo para um conjunto alargado de povos em busca de
melhores condições de vida, de liberdade e de oportunidades.
Uma condição factual que teve no diálogo
intercultural e na mediação a sua pedra angular num edifício complexo, num
tempo em que a conjuntura internacional pós segunda grande guerra, em plena
“guerra fria”, tinha a Europa dividida em duas partes. A Europa Ocidental. A
Europa Oriental.