Rogério Pires |
Portugal
em pouco mais de 43 anos viveu diversos estádios da sua jovem democracia. Este
é o tempo da democracia condicionada. O tempo onde as avaliações dos atos e das
atitudes nomeadamente dos políticos são lidos, interpretados, comentados não
pelos factos em si, ou pelas atitudes tomadas mas sim pelo posicionamento em
termos politico do seu autor. Exemplificando melhor. Um 1.º Ministro diz aos
jovens que se estão com dificuldade em arranjar emprego em Portugal não deixem
perder as oportunidades que se abram na Europa. Outro 1º Ministro falando aos
jovens professores de português aconselha-os a não perderem as oportunidades de lecionarem junto das
comunidades de portuguesas espalhadas pelo mundo. Ambos os conselhos são pertinentes e
perfeitamente admissíveis. Somos ou não europeus ? Portanto qual a diferença de
trabalhar em Madrid ou em Évora ? Agora
vamos ver como esta democracia condicionada trata o mesmo tipo de conselho. O primeiro, produzido por Passos Coelho e o segundo por
António Costa. Em relação ao de Passos
Coelho saltou logo toda a esquerda, grande parte dos médias e até o Comentador
Prof Marcelo criticando-o severamente por aconselhar os pobres dos jovens a
emigrarem. Quanto António Costa, com idêntica atitude, viu os mesmos, que
atacaram Passos Coelho, a saírem em sua defesa, incluído o já não Comentador
mas sim PR Marcelo a desculparem,
justificarem e a concordarem com o conselho dado. Mais um exemplo. Passos
Coelho no OE de 2015 congelou e transformou em cortes 521,5 milhões e António
Costa congelou 942,7 milhões que transformou em cortes. Passos Coelho foi
acusado de não parar a austeridade e António Costa, cortando quase o dobro, é
aplaudido pelo resultado extraordinário conseguido. Apenas mais um exemplo.
Sempre que Passos Coelho, no cumprimento de um programa duro de assistência
económica e financeira, consegui em algum dos indicadores algo melhor a que
estávamos obrigados, logo surgiam os comentários aos berros das esquerdas
unidas acusando-o de ir para além da TROIKA. António Costa, depois de muitas
negociações, conseguiu que Bruxelas aceitasse um deficit do OE de 2016 de 2,5%,
e que acontece ? O deficit fecha em 2%. O coro dos mesmos, que acusavam Passos
Coelho, para serem coerentes, deviam ter acusado, também aos berros, que Costa
foi para além, não da TROIKA porque essa foi em devido tempo dispensada por
Passos Coelho, mas para além de Bruxelas. Fica assim devidamente provado que
vivemos um período de democracia condicionada. Condicionada apenas e só tendo em conta quem diz, quem faz, ou quem
ordena pouco importando o que diz, faz ou ordena. Condena-se tudo o que vem da
direita, branqueia-se e desculpa-se ou omite-se, sempre que não convém, tudo às
esquerdas.