12/09/2017

O HÁBITO NUNCA FEZ O MONGE!



António Fernandes 
Quando o hábito faz o monge temos um monge à medida do hábito e não a sabedoria popular que diz "o hábito não faz o monge".
Este tema, o de que não é o hábito que faz o monge, vem a propósito de uma certa teoria que corre na mente de umas quantas pessoas que pensa com parda sapiência, bastar a um qualquer indivíduo vestir a camisola do seu partido para ser um defensor do ideal que esse seu partido se propõe implementar para construir uma sociedade mais justa, fraterna, equitativa e leal.
Coisa rara e, estranha.
Rara, porque o ditado popular já é milenar.
Estranha, porque não passa pela cabeça de ninguém que alguém calejado na política caia nessa.
Como sabemos, não faltam por aí camaleões que vestem a roupagem mais conveniente ao disfarce mais oportuno, na oportunidade.
A nossa comunidade está infestada desse vírus que se disseminou nos últimos tempos em alguns meandros.
Meandros presumivelmente conhecedores de ciências sociais e políticas em harmonia arquitetónica com a arte sempre implícita à obra. Como por exemplo: uma ponte.
Uma ponte é a única obra de arte projetada e executada à medida ou, por medida.
Ora, por " ponte", tem alguns a noção de que se está a falar de entendimento. Seja ele político ou outro qualquer.
Quiçá, aquilo que neste momento, em termos sociais mais falta faz, é saber arquitetar e executar pontes entre a sociedade e aqueles que se propõe construir modelos sociais para essas mesmas sociedades.
Uma coisa é certa. Não há, na ciência política, lugar para comportamentos dúbios e, muito menos, para os camaleões. Uma espécie animal que usa a dissimulação como “arma” de defesa mas também de sobrevivência. No caso em apreço, o comportamento de certos indivíduos, há uma clara dissimulação da personalidade – quando, por disfunção, não é essa, a sua própria personalidade. – para melhor serem aceites em círculos que são do seu interesse.
Nesse sentido, quando a oportunidade lhes aparece, não exitam em vestir a roupagem adequada ao evento e a linguagem adequada: verbal; facial; corporal; gestual; etc.
Vivem num mundo do faz de conta em que a hipocrisia é a regra e a mentira a sua trave mestra.
Movimentam-se em meios de influência política e social sem qualquer prurido o que tem produzido efeito negativo e perverso junto de algumas pessoas que vão alertando as comunidades em que se inserem consoante podem para a evidência de que não é o habito que faz o monge.
De que quem muito promete raramente cumpre na justa medida em que “Roma e Pavia não se fizeram num só dia” o que compromete à nascença as promessas de “milagres” num mundo que depende de inúmeros fatores para que avance na senda do progresso e do desenvolvimento.
A conjugação do desenvolvimento social e económico depende sempre de duas componentes: o necessidade geradora do consumo e a satisfação desse consumo. Tudo o resto que gira em sua volta são as formas encontradas para essa satisfação primária.
A pirâmide da organização social aparece como necessidade elementar da condição da vida. Condição que, curiosamente ou não, a Natureza se encarrega de processar em todas as demais espécies de vida com exceção da Humana.
Se repararmos, na orgânica natural as pontes entre espécies são fundamentais para a sua sobrevivência. Na partilha do espaço geográfico. Na complementaridade da transformação da matéria. Na resistência às transformações sobre si operadas mantendo  para si o ónus de que é a si, Natureza, a quem cabe a decisão sobre a vida.
Nesse sentido corremos em permanência atrás de soluções para os problemas que nós próprios criamos em busca de um horizonte aonde o sonho é o limite e a pirâmide do poder deixe de ser necessária para dar lugar à responsabilidade individual que cria pontes de entendimento e de coabitação social autónoma. Mais justa. Equitativa. Solidária e Fraterna!
Um mundo aonde cada um seja, o próprio!