01/09/2017

Braga,uma cidade moribunda



António Fernandes 
As cidades sempre foram a solução encontrada pelas civilizações para a patilha de recursos essenciais à vida em comunidade e por isso tiveram necessidade em aperfeiçoar a sua organização.
As linhas de agua e as áreas de pastoreio remontam ao principio da sedentarização da espécie Humana. Uma autentica revolução nos usos e costumes que até então eram os de tribos nómadas. Condição que não lhes permitia hábitos de vida em segurança.
Os aglomerados habitacionais localizados em locais elevados para uma mais eficaz proteção da comunidade e melhor avistarem em redor sofrem alteração profunda com a apropriação da terra que deu origem ao modelo de organização social aonde pontuaram o esclavagismo; o feudalismo; o capitalismo;
Mas é a revolução industrial que vem acelerar a concentração da vida dos Homens em grandes urbes por necessidade de agilizar e operacionalizar os meios e os recursos existentes e as necessidades do consumo.
Com o decorrer dos tempos e dos seus diversos estádios consoante o Continente e a biodiversidade nele existente, a Humanidade tem procurados respostas para as circunstancias e as condições de vida que ela própria tem gerado.
Nesta lógica de progresso, a cidade de Braga, uma cidade com um tecido industrial fortemente vocacionado para a micro empresa de origem familiar aonde pontuam os serviços, o comercio, a agricultura de minifúndio e o ensino, acossada pelas grandes superfícies comerciais que lhe matam o comercio tradicional, tem vindo a fletir no domínio do conhecimento para as industrias emergentes no setor da inovação e das novas tecnologias. Industria que se ajusta à tradição da micro empresa mas que já nada tem a ver com a origem familiar. A sua origem advém – lhe da proximidade da Universidade do Minho e do Laboratório Internacional de Nanotecnologias.
A cidade tem sabido manter a sua expansão de forma a que não se esvazie pese o facto de nas ultimas décadas terem sido cometidos erros de palmatória na distribuição pelo seu território de equipamentos elementares e complementares à manutenção de atividades que promovem a circulação de pessoas dando vida às suas artérias porque uma cidade sem pessoas é uma cidade morta.
A construção de parques industriais em zonas rurais sem ter em conta os acessos e os transportes foi um erro crucial assim como a retirada de serviços para eixos aonde se concentram as mega superfícies comerciais deixou a cidade num estado calamitoso.
Uma cidade em rotura com o tempo e a História:

Parte do seu edificado central em ruína. O pequeno comércio em falência. Os centros comerciais de pequena dimensão ao abandono. Os equipamentos culturais sem pessoas. O mercado municipal sem mercadejadores de produtos locais, agrícolas e outros. Entre uma série de inconsistências que o atual executivo agravou ao nada fazer no sentido corretor. Antes pelo contrário: agravou o que de mau existia por desleixo e proporcionou condições para que piore ao permitir violação grosseira ao PDM que é da sua autoria, PDM esse aonde fez trocas relevantes para o equilíbrio entre aquilo que são a RA, RAN, RE, REF e outras, entre freguesias, para que as cotas se mantivessem e ninguém se apercebesse do logro.
O atual executivo entretém a cidadania com motivos alienantes de forma a que quando acordem as soluções sejam inexequiveis num tempo em que é possível corrigir com facilidade as assimetrias locais.
Desde logo as ligações Nascente/Poente e Norte/Sul com corredores múltiplos de transportes públicos em que a atual Central Rodoviária poderia desempenhar um interface intermodal entre os transportes interurbanos e os urbanos com ligação aos caminhos de ferro, distribuição multidisciplinar: emprego; estabelecimentos de ensino; comércio; habitação e outros.
As “invenções” são um mero pretexto para adiar aquilo que quem complica o faz porque não sabe que a simplificação dos problemas são 75% da sua resolução.
O desnivelamento da Rua Nova de Santa Cruz para a D. Pedro V está à vista desarmada mas teimam em armar-lhe confusões;

A circular externa está condicionada a interesses ultrapassáveis mas que teimam em não os querer ultrapassar;
Os acessos ao Hospital público sumiram do debate político;
Os acessos aos Hospitais privados são restritos e confusos;
A cidade universitária nunca foi pensada para lá do Campus universitário.
A recuperação do Centro Histórico passou a retórica por completa inércia.
Os eco parques morreram nas promessas.
O monte picoto de ex-libris passou a montra de ciclovias aonde ninguém anda e as constantes experiências de plantio de carvalhos sem qualquer continuidade por falta de acompanhamento do pelouro;

O vale do Este nem sequer projetos tem.
O Vale do Cávado idem.
O aglomerado em torno da Igreja de S. Vicente a cair de podre, idem;
Os bairros sociais de Santa Tecla, Enguardas, Ponte Pedrinha, Parretas, Andorinhas, Nogueira da Silva, idem;
A requalificação de zonas como o do Penedo em Maximinos, as Palhotas em S. Vicente, Santa Tecla, Peões e Rua de S. Domingos em S. Vitor, etc, etc, etc;
Todas as estradas na cidade que entopem nas horas de ponta;
Ou seja;
A cidade de Braga bateu no fundo!
Só não faz nada quem nada sabe fazer neste domínio.
É que nem com sugestões lá vão porque se consideram o supra sumo da sabedoria.
Perante tudo isto é razoável falar em cidade inteligente?

Para pessoas inteligentes não o é. De todo!