27/09/2017

AS AUTÁRQUICAS 2017 E OS MONÓLOGOS MEDIÁTICOS




António Fernandes 
Os media já ganharam as eleições autárquicas de Braga ao centrarem em si a agenda política de todos os candidatos.
Uma agenda que ultrapassou de longe a mera informação para ser o centro da atenção dos agentes políticos ao ponto de condicionarem a sua intervenção cívica à matéria saída desses debates monolíticos para os quais se muniram dos elementos que cada um ajuizou ser do seu interesse.
Foram cinco, os debates organizados por diversos meios de comunicação social, a que todos os candidatos acorreram em busca do mediatismo necessário que os torne conhecidos do eleitorado, de forma a que, “conhecendo-os”, neles votarão por este ou aquele motivo.
Temos assim um dos estigmas da classe política em uso corrente. Que se presume ser, fazer política sem sair de casa, sem qualquer calor humano, longe dos cidadãos, fazendo promessas a ninguém porque não tem ninguém à sua frente. Uma conversa monolítica para um microfone sem ouvir o que quem está do outro lado tem a dizer; a reclamar; a exigir;
Esta conduta não é, de todo, a conduta que o cidadão eleitor pretende de uma campanha eleitoral.
O cidadão eleitor exige de todos os agentes políticos esclarecimento convincente de acordo com aquilo que dizem, através dos media, vir a fazer quando forem poder, mas preferia com certeza ter podido perguntar diretamente a cada candidato que soluções tem para os seus problemas em concreto.
Não é desta feita, com esta forma de fazer campanha eleitoral, que o cidadão eleitor sentirá motivação acrescida para cumprir o seu dever cívico que é, votar.
Assim sendo, nem os políticos mostram preocupação com os índices de abstenção crescente, nem o cidadão se sente motivado para votar em quem prefere falar para um microfone do que falar com um Ser Humano que o confronte. Sendo que, quem lhes paga o salário são esses mesmos cidadãos, independentemente de se terem ou não deslocado às assembleias de voto para exercerem um direito que lhes é conferido pelo direito constitucionalmente consagrado.
Condição que não desculpabiliza nenhum dos interlocutores que não cumpre com as suas obrigações publicas e sociais.
Porque, a cidadania em geral arcará com as consequências das decisões que o voto ditar. Para o bem e para o mal.
A cidade está amorfa, enclausurada, sem ideias para o seu futuro.
A cidade está perdida, deprimida, estéril.
A cidade carece de pessoas inteligentes que assumam as suas responsabilidades cívicas e que se assumam politicamente com ideais claras. Sem tibiezas nem manobras de diversão tão comuns nesta nova vaga de políticos locais de baixo valor.
Uma autentica falácia num tão grande momento da vida política da cidade, para a cidade.
A cidade é construída de acordo com as necessidades das pessoas. Não pode ser uma consequência de interesses de algumas pessoas impostos às restantes pessoas.
É deste exercício condicionado por opção política de cariz ideológico que os Bracarenses serão mais ou menos prejudicados ou, mais ou menos beneficiados.

Daí, a importância do voto.