Olinda Rio* |
Com Europeísta convicta, apreciei especialmente saber que foi Ramos-Horta quem elaborou a subscrição da União Europeia para Prémio Nobel da Paz em 2014.
Também apreciei o facto de ter abordado longamente a importância da União Europeia como um todo enquanto ator global insubstituível. Nomeadamente, como segundo maior doador - só precedido pela Austrália - para o desenvolvimento do jovem País - Timor. A UE , através da DEVCO - a Direção Geral onde trabalhei e à qual permaneço ligada como perita externa - revela desta forma que a sua nobre missão de apoio ao desenvolvimento humano a nível global é reconhecida pelos países em desenvolvimento que usufruem desse apoio. O ex Presidente de Timor-Leste referiu também como se congratulava com a recente instalação de uma Delegação da União Europeia em Timor. “O que acontece é que estes países, infelizmente , só são notícia pelas piores razões. Portanto , o facto de Timor não andar nos “tablóides” , é um bom sinal”.
Destacou, ainda, como a questão do Brexit o preocupa, referindo até o episódio de ter encontrado recentemente Nigel Farage , nas Conferências do Estoril , e de como esse facto o deixou incomodado. O que acontece é que existe uma perceção europeia interna muito subvalorizada que, como referiu, é o que a China -e outras potências mundiais- querem. Querem poder negociar com "pequeninos"; com Portugal , com a Bélgica,... , em vez de terem que negociar com o maior bloco económico mundial, e uma referência civilizacional única, como é a UNIÃO EUROPEIA, ainda nas suas palavras. Aliás, na minha opinião , só comparáveis às de outro sábio , José Luís Borges, o escritor argentino, também de origem portuguesa, que “do percurso dos reinos europeus lamenta os erros dos que se colocam solitários envoltos por fronteiras”.
“Muy pocos europeos son - como decía Nietzsche - buenos europeos.
Por eso es por lo que hemos sufrido una de las más grandes
calamidades de la historia universal, a saber: las dos guerras
mundiales. Porque los europeos han olvidado que eran europeos y
han creído ser solamente - y también gloriosamente, por supuesto -
franceses, británicos, italianos, alemanes, austriacos, soviéticos, lo
que ustedes quieran”. (Borges, "Por qué me siento europeo?", 1997) .
Nesta sequência , atrevo -me a sugerir a José Ramos-Horta, que escreva uma carta aberta às mulheres e homens europeus. Seria certamente uma luz ao fundo deste túnel para o qual a União Europeia parece precipitar-se.
( Acaba de acontecer um novo atentado em Londres. O facto de não estarmos unidos não ajuda nada no combate a este flagelo)
Doutoramento em Estudos Europeus em Universidade de Coimbra