10/05/2017

O Rei vai nu



António Fernandes 
O Rei ainda não encontrou o traje que lhe molde a figura e muito menos traje que lhe ative os neurónios sensoriais.

O Rei prometeu aos seus súbditos reinar e está a cumprir.

Aquilo que o Rei não está a cumprir é que prometeu aos seus eleitores acabar com as dinastias e o que fez foi instalar a Dinastia Rio I.

Uma dinastia assente no maior logro de que há memória numa cidade com dois mil anos de História, fundada sobre os escombros do povoado Bracari, povo que depois de sangrentas batalhas que a História omite não renega a sua origem, perante um monarca que idolatra os invasores por decreto Real em que a presente dinastia consagra tal submissão.

O Rei prometeu trasladar ossadas de esqueletos que ia descobrir e desenterrar para tonificar o seu cheiro com a licenciatura em economia que possui e não cumpriu.

O Rei prometeu um maior equilíbrio político e social e não cumpriu.

O Rei prometeu um povo mais culto no fim do mandato autárquico e não cumpriu.

O Rei prometeu maior transparência e lisura nas contas públicas e não cumpriu.

O Rei prometeu um novo ordenamento do território com predominância para os eco parques e não cumpriu.

O Rei prometeu predominância urbanística para o equilíbrio ambiental e não cumpriu.

O Rei prometeu defender o injustiçado comercio tradicional e não cumpriu.

O Rei prometeu este mundo e o outro em benfeitorias possíveis e impossíveis e não cumpriu.

O Rei prometeu restabelecer a Confiança e o que fez foi destruir a pouca confiança existente neste povo de origem Bracari para que sejam mais submissos à sua vontade e do seu séquito.

O Rei falhou rotundamente o mandato ao não cumprir essa promessa elementar que é a de respeitar a democracia e os seus valores.

Porque um mandato não é uma dinastia e governar não é reinar. Que foi aquilo que Ricardo Rio soube, até hoje, fazer. Reinar!

O futuro e a História se encarregarão de julgar aqueles que engrandeceram a cidade e ridicularizar os que a menorizaram submetendo os seus interesses coletivos a interesses dinásticos nem que o sejam a um Rei sem coroa só porque não tem o mérito necessário para a ostentar.

Houve um estádio temporal na vida da Humanidade em que a coroa dignificava o homem que a ostentava.

Hoje, esse artefacto só tem interesse para exibição e atração turística.

Não dignifica a República e muito menos o Estado Democrático.

Não dignifica porque, os valores supremos do republicanismo acrescido dos valores do direito num Estado democrático sem esquecer os valores incutidos pela componente educativa de origem religiosa, são valores demasiado elevados para algumas mentes que não conseguiram assimilar no tempo aquilo que o tempo lhes ensinou.