António Fernandes |
A
palavra não é um simples som a que as cordas vocais dão tonalidade e a expressão
facial mais a expressão corporal acrescentam a veracidade necessária sempre
dependente de como ela é aceite por quem na ouve.
A
palavra resulta do acervo de que a memória é possuidora e também da capacidade
de cada um em no expressar de forma convicta.
O
seu crédito é o crédito popularmente atribuído independentemente da veracidade
que comporte, ou não.
A
palavra é um processo de aprendizagem que se torna no meio de comunicação que
cada um de nós dispõe para se expressar junto do
semelhante.
Simplesmente,
a palavra, para além do som articulado e monitorizado pelas cordas vocais e pelo
centro nervoso, comporta aquilo que se sabe, se julga saber, se deduz e se pensa
entre outras condicionantes de que sobressai a honra
Nesse
sentido, o peso das palavras tem uma amplitude incalculável quando proferida e
vinculo acentuado quando escrita. E quando comporta e reporta a honra pessoal e
de compromisso.
Dai
que quem assume responsabilidade no uso da palavra em seu nome e em
representação delegada deva ter em atenção essa condição e que por isso a deva
usar com senso e moderação.
Por
isso “palavra dada, é palavra honrada!”
Uma
máxima lapidar de campanha eleitoral usada por António Costa, atual Primeiro
Ministro, que a foi buscar aos ditados populares, e que veio colocar a nu, o
peso das palavras na ordem do dia daquilo que deve ser o principio ético e moral
no comportamento do cidadão.
Palavras
que, quando são a assunção de compromisso, os atos devem corresponder em
conformidade porque só assim se consegue que os demais cidadãos acreditem e
possam confiar nas palavras que lhes são dirigidas como garante de conduta
individual em um determinado fim a que o coletivo reconhece valia, ou não,
consoante a forma de expressão em que suas próprias palavras dão forma ao
pensamento sobre outrem.
Infelizmente
são poucos aqueles que no exercício de cargo publico ou mesmo de cargo dirigente
em partido político seguem essa máxima: “PALAVRA DADA, É PALAVRA
HONRADA!”
Todos
percebemos que por de trás da palavra dada ao cidadão eleitor há um outro
conjunto de palavras dadas a parceiros e a adversários de jogos de poder com
compromissos à mistura na esfera orgânica interna e externa de que resulta o
valor relativo da palavra em contexto especifico.
O
que na prática quer dizer que o uso da palavra ultrapassa os parâmetros que lhe
deviam balizar o peso da responsabilidade para se tornar demasiado vulgar,
corriqueira até, consoante o interesse julgado pelo seu próprio
emissor.
Neste
contexto, a palavra escrita é, indubitavelmente, a única forma, por ser
individual, que assume forma de compromisso de honra sobre tudo aquilo que é
dito reproduzido em palavras escritas.
O
escritor. O político. O sacerdote. E outros, que se servem da escrita para
transmitir aos seus semelhantes aquilo que pensam como soluções para as diversas
calamidades e assimetrias sociais assim como a forma a dar à educação mas também
no foro cientifico com enfoque para a evolução histórica das sociedades e das
transformações que produziram no Planeta objetivando a melhoria das condições de
vida dos povos no imediato e de outros que questionam o que faltou fazer em
defesa das cautelas necessárias ao equilíbrio ambiental, são a essência da
história dos Homens em que a palavra assume numa primeira forma símbolos, escrita pictórica ou
hieroglífica, a que posteriormente acrescentou o som, tendo tido um
desempenho fundamental na comunicação e na transmissão do saber
existente.
Um
saber que os Homens de hoje já não sabem transmitir porque deixaram que os
canais privilegiados para esse fim fossem engolidos pelo seu próprio
saber.
Um
saber que passaram a alojar em meios múltiplos aonde não existem valores de
referencia como o são a sensibilidade, o discernir, a razão, cunho indelével da
condição Humana.
E
assim, a palavra livre que dá voz ao pensamento, já não é livre como o vento,
porque deixou de ser munida de senso.