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António Fernandes |
Olhar o mundo de acordo com os padrões culturais Europeus, dominantes
na UE, não é, com certeza, olhar o mesmo mundo de acordo com os padrões culturais
dos Estados Unidos na América do Norte, dominantes em grande parte do globo,
sendo que estes dois blocos são tidos como o núcleo do mundo civilizado da
atualidade com caraterísticas de potencias dominantes no mundo.
E, se o exercício não for difícil, para olhar o mundo do
lado da condição dos povos em que a pobreza extrema é o seu quotidiano, com os
padrões culturais dominantes em Continentes como a Africa, a América do Sul e
parte significativa da Asia, devemos ser capazes de interiorizar o sentir a
vida com maiores dificuldades que acontece nessas partes do globo,
lamentavelmente na sua grande maioria, mesmo naqueles países em que o
desenvolvimento económico é notório a par das assimetrias que provoca, o que na
lógica Europeia é um contrassenso, nomeadamente na China, India, Rússia entre
outros.
Embora, para que esta teoria sobre o inevitável seja uma
teoria sustentada, se devam centrar os propulsores das sinergias da economia
mundial nas duas grandes potencias mundiais, mas também nas potencias regionais
atualmente existentes e numa ou noutra das que são emergentes em virtude da
importância que assumem no território em que se localizam na dimensão global.
Temos por isso a Europa e os USA como mola propulsora de
dinâmicas económicas de concentração dos “canais de fluxo e expansão” da
valorização das matérias primas de consumo e uso, e dos metais raros. Condição
que baliza a balança comercial internacional e a aplicação de capitais de
valoração variável consoante o interesse estratégico de oportunidade Histórica.
A que devemos acrescer a manipulação do ADN de produtos naturais com vista ao
controlo dos transgénicos e demais variáveis para que os – Europa e USA – se tornem
autónomos relativamente às produções naturais existentes no convencionado por países
do terceiro mundo. Um caminho seguido á décadas mas que só agora está a dar os
resultados pretendidos em domínios daquilo que de facto é a inovação
tecnológica e social em curso. Mas também, de um caminho inevitável, que é o da
uniformização global dos comportamentos sociais, políticos e económicos em que
a componente politica é incontornável, por inevitável.
Os partidos políticos ou outras organizações existentes com
a mesma finalidade, a da gestão económica dos Estados e da sua organização
social, atravessam um vazio de identidade e afastamento das populações que
representam, enfrentado sérias dificuldades estruturais resultantes, o que
motiva a que no seu seio não surgem valores com o carisma necessário para a
liderança que os interesses que representam exigem surta o efeito desejado de
forma a que os eus apoiantes sintam estarem condignamente representados e as
suas causas acauteladas.
As potencias emergentes como o são a Rússia e a China, no
atual contexto de realinhamento daquilo que são as potencias económicas no
mundo, não dominam o conhecimento das tecnologias de ponta cientificas e não
tem uma estratégia comum que lhes permita a paridade, que, como sabemos, tem
sempre por de trás uma panóplia de outros poderes para além do controlo
económico que é vital para o equilíbrio da correlação das forças politicas e
sociais em presença cuja divisão assenta em função dos seus interesses de
classe social na vida e na visão material do mundo.
Poder esse centrado em cinco pilares fundamentais: as
comunicações; a espionagem económica, industrial e politica; o equipamento
militar no terreno e no espaço; o domínio da inovação tecnológica e cientifica
em permanência; o controlo da organização das sociedades;
Ora, o que neste momento está a acontecer nos palcos da
discussão cívica são: não há concertação entre o conhecimento, a politica e o
social; o escalonamento da organização social está reduzido a dois segmentos
cada vez mais distantes, os pobres e os ricos; a dimensão do conhecimento
atingiu um pico que a dimensão politica e da sua atividade na organização e
capacitação das sociedades não consegue corresponder; a atividade industrial
apresenta capacidade produtiva em linha automatizada com processamento
informatizado uniforme a que o necessário consumo não dá resposta e que por
isso impede a inovação contínua que a ciência pretende mas que a politica
dispensa no atual contexto social que gere;
Ou seja; um estádio imperial de poder em ciclo de
contradição incontornável e sem soluções razoáveis ao nível da mente Humana no
tempo!
Por isso, e por muito mais, o que tornaria este texto
demasiado extenso para o fim que visa: a teoria sobre o inevitável.
Uma teoria sobre a demanda das organizações politicas
partidárias na busca de soluções.
Soluções que passarão indubitavelmente por novas conceções
da organização politica, económica e social dos Estados e que importa discutir.
Em primeira linha o modelo social que se quer.
Em segunda, o modelo de organização politica que se
pretende.
E em terceira, o modelo económico.
Destas três variáveis o modelo de organização politica é,
inquestionavelmente, a solução da equação por ser o fator de decisão das outras
duas condições: a do modelo económico e por consequência o modelo social.
O que temos em presença são dois modelos de organização
politica, de entre uma diversidade imensa de modelos existentes, desde os
tribais às democracias mais avançadas, que se debatem com a sua própria
existência sustentável.
O modelo Europeu. que assenta na democracia representativa de
um cidadão, um voto. E em que as diversas correntes de opinião tem expressão
politica partidária que se submetem a sufrágio. A eleição é sempre direta
independentemente do modelo de cada Estado.
O modelo Americano, cujo Presidente não é eleito pelo cidadão
eleitor. O Presidente dos Estados Unidos é eleito pelos delegados estaduais que
são eleitos pelos eleitores onde cada estado tem um numero proporcional de
acordo com o total de representantes no congresso. Dessa forma quem elege o
Presidente do País não são os eleitores e sim os delegados e representantes no
Congresso dos grandes Estados por serem em maior número.
Dois modelos distintos em que cada um se ajuíza mais
democrático que o outro.
Simplesmente, nem um nem outro, se preocuparam com os
efeitos diretos e colaterais das politicas que implementaram e hoje enfrentam
dificuldades de relacionamento e de reconhecimento dos seus eleitores.
Se por um lado nos Estados Unidos a solução é mais complexa
por concentração massiva de interesses múltiplos das grandes fortunas nos dois
partidos políticos que disputam o poder e estes controlam todo o sistema
politico e social das cúpulas para a base eleitoral.
Na Europa, é a base eleitoral que tem a ultima palavra na
decisão final da eleição. Condição que tem favorecido o aparecimento de novos
partidos políticos que pretendem corporizar soluções de governo capazes de perceber
e resolver os novos desafios que o mundo enfrenta.
Estou convicto de que o “Velho Continente”, como sempre,
será o palco principal de todas as movimentações conducentes ao único ponto de
equilíbrio possível no atual estadio a que a Humanidade chegou.
Uma solução que necessariamente passa pela equidade na distribuição
da riqueza produzida e por uma justiça acima de qualquer suspeita.
Esta minha convicção, que não passa de uma convicção
teórica, assenta na multiplicidade dos modelos da organização cívica e na sua
capacidade autonómica e de independência relativamente aos partidos políticos e
a qualquer outra forma de organização que vise o poder, seja na componente que
for, porque cada uma dessas organizações tem na sua génese conceções específicas
sobre a sua organização e objetivos. Condição de que não abdicam por imperativo
deontológico quando aplicável e do foro cívico nas restantes.
O mundo Ocidental concentra por isso um vasto conjunto de
energias que pugnam articuladamente, sempre que necessário, pela defesa dos
seus direitos próprios no todo nacional e internacional dentro do espaço físico
que alberga matriz cultural própria ou semelhante, em dinâmicas organizadas ou
espontâneas de carater solidário, reivindicativo, ou outros, sempre de forma
eficaz.
Aliás, na senda daquilo que tem sido a vida do Homem em
comunidade.
A concentração da riqueza e a sua partilha tem sido, ao
longo dos séculos, o motivo principal das desavenças sociais em que a espiral
da sua organização tem desempenhado um papel de primordial importância no
equilíbrio necessário para a sua expansão e aperfeiçoamento.
Expansão e aperfeiçoamento cujos ciclos temporais tem vindo
a diminuir significativamente nos últimos séculos e que no presente acontece
dentro do mesmo período de tempo secular.
Acontecimento que não é de estranhar em face do domínio do
conhecimento e do saber que se tem vindo a verificar de forma generalizada.
Neste domínio a Revolução Industrial teve um desempenho
elevado ao nível de todas as roturas que provocou com a ancestral forma de vida
em que a agricultura de latifúndio dominava, mantendo as civilizações num
estádio de analfabetismo acantonado em usos e costumes herdados.