27/09/2016

Opinião de Joaquim Jorge no Noticias ao Minuto


António Costa disse no debate quinzenal que o Governo não introduzirá qualquer medida de alteração ao actual regime no Orçamento do Estado – o que implica a reversão dos cortes a 1 de Janeiro. Isso fará com que, a partir de 1 de Janeiro de 2017, a redução decidida em 2010 e confirmada em 2013 deixe de estar em vigor. Se a reversão for definitiva, fará entrar nos cofres do PSD e do PS cerca de 1,3 milhões de euros por ano.
A democracia tem um custo mas deve ser muito menor, deve-se reduzir os custos das campanhas eleitorais. A subvenção pública destinada ao financiamento dos partidos políticos e das campanhas eleitorais deve ser reduzida ao estritamente necessário. Os portugueses não compreendem que se gaste tanto dinheiro para fazer política, como não compreendem que se gaste dinheiro para apelar ao voto e cada vez menos gente vai votar. Há aqui qualquer coisa que não bate certa!
Os limites das despesas de campanha eleitoral previstas foram reduzidos em 20% até 31 de Dezembro de 2016, mas deveriam ser reduzidas muito mais. Um partido deveria financiar-se marcadamente com receitas próprias ou financiamento privado ou do bolso dos seus militantes e simpatizantes.
Os partidos políticos fazem parte da democracia, mas já deveriam, há muito tempo, para bem da sua credibilidade e da própria democracia, reconhecer a realidade do nosso país e irem de encontro ao que pensam os portugueses - menos gastos com tudo que tenha que ver com política.
Os partidos políticos em vez de fazerem parte da solução são parte do problema. É muito mau se os portugueses começam a pensar que a nossa democracia como funciona e com estes partidos estão a mais.
Os actores da política em Portugal continuam a dar tiros nos pés: foi a reposição das subvenções dos políticos, e agora, querem repor os cortes do financiamento dos partidos.
Esta medida não é entendida pelos portugueses. Esta incompreensão leva ao afastamento da vida política que está num fosso tal, que a ponte para unir política e portugueses terá quilómetros.
A credibilização da política passa pelo exemplo e os políticos devem dá-lo - menos gastos.
Um estudo recente demonstra que os partidos políticos portugueses são os que mais recebem do Estado e que têm mais rendimento em relação ao PIB. Se fossem os portugueses a decidir a grande maioria era a favor que os partidos nada recebessem em campanhas eleitorais e o estritamente necessário para o seu funcionamento. Todavia os senhores dos partidos votam em causa própria, o que está mal.