Marcelo Rebelo de Sousa respondeu a Catarina Martins que não tem tentações presidencialistas. O BE, por vezes, erra. Catarina Martins é uma líder que teve um excelente resultado nas últimas eleições legislativas e que tem tido um bom desempenho. Deve procurar centrar-se para que o acordo com o PS chegue até ao fim da legislatura. Estar a falar do presidente não a favorece. O cartaz da adopção 'gay' foi um tiro no pé. A lei da adopção 'gay' tinha sido aprovada, foi descabido e entendido como uma afronta para muitos portugueses.
Agora, na moção de orientação à X Convenção do BE, Marcelo é acusado de tentativa de presidencialização do regime político. Não me parece!
Marcelo foi eleito, por ampla maioria, Presidente da República. Tem o seu estilo, temos que nos habituar, goste-se ou não. Na sua tomada de posse que contrastou com a discrição, simplicidade e gastos na sua campanha, deu o lamiré de como ia ser: três dias para a tomada de posse foi demais num país com vários défices.
Todavia, os portugueses apreciam o seu modo de proximidade, abertura, afecto e diálogo. O nosso regime é semi-presidencial, para ser alterado teria que se verificar uma revisão da Constituição por dois terços dos deputados. Esta alteração não está na agenda política.
Marcelo procura ser consensual e apaziguador. Já percebeu que os portugueses não querem eleições antecipadas e constantes desavenças. Os portugueses estão fartos de andar constantemente em campanha eleitoral. Se houver eleições antecipadas será penalizador para quem as provocar. A eleição de Marcelo foi o melhor que poderia ter acontecido ao Governo de António Costa que o BE apoia.
Marcelo, que durante anos entrou pelas nossas casas como comentador, com as suas análises, gostava de condicionar, influenciar e marcar a agenda política. Agora, como Presidente da República com poder efectivo, exerce-o. É natural ter tendência para pôr em prática essas características. Miguel Sousa Tavares recentemente disse: "Marcelo está nas televisões todos os dias".
Temos que nos habituar a este modo hiperactivo, em que quer estar em todo lado, visitar todos os locais e nunca dizer que não. É divertido, excêntrico, tem um pouco de ‘entertainer’ e nega-se a ter inimigos. Ao invés, Cavaco Silva era a sua antítese e os portugueses não ficaram com saudades.
Marcelo é muito inteligente e sagaz, e não se deixa manipular. Não se enreda no que separa os portugueses, mas no que os une. Procura abrir caminhos. A ideologia para ele não é obstáculo para entendimentos.
Noto que Portugal está enamorado por Marcelo Rebelo de Sousa.
JJ