Ensino particular, assim não!
Convém esclarecer o seguinte sobre esta polémica nos colégios privados. O financiamento do Estado aos colégios privados incide sobre apoio a alunos do ensino oficial que não tinham outra escola para frequentar.
Isto é, um aluno no local onde reside não havia uma escola do ensino oficial para frequentar. Deste modo, e bem, o referido aluno ia para uma escola do ensino particular pago pelo Estado. A sua família pagava zero para o seu filho estudar num colégio do ensino particular que convivia e usufruía de todas as condições de um aluno que pagava uma choruda mensalidade.
Como, infelizmente tem havido, ao longo dos anos menos nascimentos, a comunidade escolar tem diminuído drasticamente. Deste modo, há espaço para esses referidos alunos que não pagavam nada no ensino particular, serem incorporados nas escolas públicas que existem perto da sua residência.
Estas manifestações não têm razão de ser. Sou pelo ensino público como pelo ensino particular, todavia o nosso país não tem recursos para estar a gastar dinheiro com alunos para os ter a estudar num colégio privado quando podem estar numa escola pública.
Os pais dos alunos que se encontram nesses colégios que perderam apoio estatal, querem manter os seus filhos nos colégios. Muito bem. Que paguem para os manter nesse colégio! A questão é que querem que os seus filhos se mantenham nos colégios privados a custo zero.
Esta é a verdade nua e crua. Desculpem!
Lembro-me de ter uma amigo que se gabava que tinha o filho no Colégio Universal no Porto, e que desdenhava do ensino público. Mais tarde vim a saber que nada pagava do seu filho ao abrigo do protocolo que esse colégio tinha com o Estado para ter alunos do ensino público, a custo zero.
Assim não vale e é feio querer ter regalias de ricos e pagamento de pobres. O meu filho estudou no Externato Ribadouro, mas todos os meses pagava uma mensalidade que era substancial para lá estudar.
O Estado continua a apoiar o ensino particular, para outros fins: obras, instalações, etc. Agora para pagar a alunos que podem estudar no ensino público. Não!
Convém que não se intoxique a opinião pública. O ensino público é gratuito, mas é o Estado que decide onde esse ensino é feito, não são os pais dos alunos, nem os professores, nem os alunos do ensino particular que o decidem. Se há pais que querem ter os seus filhos no ensino particular, podem fazê-lo mas têm que pagar. Agora querer ter os filhos no ensino particular a custo zero, mas pagos por todos os portugueses. Não!
Sermos pobres porque não se dispõem de recursos é triste. Mas sermos pobres porque não sabemos utilizar os recursos que temos ao nosso alcance é estupidez.
O dinheiro público que está no orçamento para a educação não pode ser esbanjado para ter alunos que não pagam no ensino particular.
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