PSD Gaia de mal a pior
Ao longo destes anos, tenho escrito muitos textos sobre a vida política em Gaia. Ultimamente não me apetece escrever mais, pois acho que já disse tudo ou quase tudo sobre determinadas circunstâncias e orientações quer do executivo quer da oposição.
Num desses textos datado de finais de 2015, a páginas tantas, para além da surpresa da vitória de Cancela Moura, saliento que essa vitória era o melhor que poderia ter acontecido ao PS e ao presidente da CM Gaia. Dizia eu que iria haver, a partir dessa altura, dois PSD no executivo: um PSD que faz oposição – os vereadores Firmino Pereira e Elísio Pinto; outro PSD que faz parte do poder – a vereadora Mercês Ferreira. A partir de agora, passa a haver três: um PSD que não se revê em nada disto que é o PSD de Cancela Moura. Maior divisão não é possível e isso é o que interessa a quem está no poder. Por fim acrescentei que a vitória de Cancela Moura mostrou que o PSD quer a mudança e virar a página. Vamos ver o que se vai passar porque a nova composição da concelhia vai dar frisson.
O que disse não me enganei de todo. Antes pelo contrário. Houve sinais na tomada de posse da nova concelhia da tentativa de aproximação entre as hostes de Cancela Moura e Firmino Pereira. Mas vê-se que saiu gorada. Contudo acho que o PSD ainda não percebeu que para voltar a ser poder tem que se unir e não andar em “guerrinhas” que só favorecem o PS e o actual executivo. Porventura o CDS pode sair beneficiado e ter espaço para uma candidatura própria. O problema é que para além destes “três PSD´s “, há ainda, um outro PSD de muitos militantes, de muitos simpatizantes, e sobretudo, de muitos gaienses que não se revêem nesta luta fratricida e gostariam de ver aparecer alguém congregador e capaz de dar a volta a esta confusão e ser uma verdadeira alternativa.
O PSD até há pouco tempo tinha ao leme Firmino Pereira que aguentou estoicamente todas as adversidades do PSD em Gaia. Para além, da derrota nas eleições autárquicas, viu desertar uma vereadora do PSD. Desta forma é muito difícil fazer oposição a um executivo tendo lá alguém da nossa cor, mais os fingidos que só aparecem nas horas boas.
Reconheço que em 2013, não tendo o PS maioria e precisando de mais um vereador, achei bem a escolha de Mercês Ferreira (mais técnica que política), mas não concordei (escrevi na altura) que tivesse mais três vereadores da candidatura independente.
Nesta questão, em que Mercês Ferreira, vereadora do Ambiente Urbano e do Espaço Público na Câmara de Gaia, a quem o PSD de Gaia retirou a confiança política. É um assunto pertinente e intrincado e deve ser analisado o que é melhor para Gaia e não para o para o partido ou a pessoa em questão. Por um lado, a pouco mais de uma ano de eleições arranjar esta guerra, porventura o PSD terá mais a perder do que a ganhar. Por outro lado, ser oposição e ser poder é impossível criar uma alternativa e ser explicável aos olhos dos potenciais eleitores.
O PSD ao mudar a sua direcção é natural que tenha em mente outra estratégia. À vereadora do PSD só lhe posso dizer que, não se pode servir dois senhores. Na vida tem que se fazer opções e optar é perder. A sua posição ao integrar o executivo PS tem as suas consequências e deve arcar com elas. A política é o momento e não se pode ter em dada altura ter uma posição e depois andar com desculpas.
Deste modo, deveria ter colocado o seu lugar à disposição aquando da eleição da nova concelhia do PSD em Gaia. Haver um diálogo, para o que seria melhor para o PSD e sobretudo para os gaienses. Se não se chegasse a consenso, respeitava a decisão do PSD ou passava a independente.
Todavia, em política infelizmente pensa-se mais em nós do que nos demais.
Neste diferendo no PSD em Gaia, lamento que o PSD só seja notícia por tirar a confiança política a uma vereadora, e não, por fazer oposição. Por outro lado, deveria previamente dar a conhecer aos gaienses a sua posição fundamentada do porquê de tirar a confiança política à referida vereadora e explicar o que pretendia fazer.
Desta forma, os gaienses e potenciais eleitores do PSD perceberiam todo este desenlace. Mas não foi isto que aconteceu. A ideia que passa é o desnorte no PSD, uns para cada lado e que ninguém se entende.
No meio de isto tudo, o presidente da CM Gaia ainda mete foice em seara alheia, em vez de se remeter ao silêncio. Os assuntos internos do PSD não lhe dizem respeito. O que lhe diz respeito é o seu executivo e se mantém a confiança em Mercês Ferreira. A questão de Mercês Ferreira é um assunto interno do PSD que não lhe diz respeito. É militante do PSD e eleita na lista do PSD à CM Gaia.
Em Gaia o que se pretende é que o PS governe, tome posições consentâneas com a nossa cidade e olhe pelos interesses de Gaia. E, no fim, preste contas do que fez e não fez. O resto é a despropósito. Mas já estamos habituados às suas posições histriónicas e aos seus acossamentos, para quem não pensa como ele.
O que se passa no PSD é o melhor que poderia acontecer ao PS e ao seu executivo.
Joaquim Jorge
artigo de opinião PT Jornal